“A doença coloca o ser humano a encontrar-se consigo mesmo”, diz Bispo de Cornélio Procópio
Cornélio Procópio – Paraná (Terça-Feira, 10/02/2015, Gaudium Press) Dom Manoel João Francisco, Bispo da Diocese de Cornélio Procópio, no Estado do Paraná, escreveu um artigo ressaltando que todos os anos, no dia 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes, por determinação do Papa João Paulo II, a Igreja Católica celebra o Dia Mundial do Enfermo. Para ele, a data tem o objetivo de refletir sobre o sentido da doença em nossa vida de cristãos.
Segundo o Bispo, o ser humano caracteriza-se pela profunda unidade pneumossomática, em que quando adoece não apenas o corpo entra em crise, mas a pessoa inteira fica abalada. Ele avalia que o ser humano começa então a se fazer uma série de questionamentos: Por quê? Por que eu? Por que agora? Por quanto tempo? Que será de mim?
Dom João explica que se do ponto de vista puramente humano a doença representa uma experiência dolorosa e até certo ponto sem sentido, do ponto de vista da fé ela pode ser vista como um “momento” pascal. Ele afirma que, pela Fé, o cristão pode unir sua doença e sua dor ao sofrimento de Cristo (2Cor 4,10) e completar o que falta às suas tribulações pelo seu Corpo que é a Igreja (Cl 1,24).
“É papel dos enfermos na Igreja, pelo seu testemunho, não só levar os outros homens a não esquecerem as realidades essenciais e mais altas, como mostrar que nossa vida mortal deve ser redimida pelo mistério da morte e ressurreição de Cristo” (RUE 3).
O Prelado ainda recorda que os Bispos do Brasil, em seu documento “Pastoral da Unção dos Enfermos”, refletindo sobre a relação entre enfermidade e mistério pascal, concluíram com estas palavras: “No cristão doente se pode verificar o que Paulo dizia de si mesmo: ‘Embora se destrua em nós o homem exterior, todavia o homem interior vai-se renovando de dia para dia’ (2Co 4,16). Desta maneira o mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo torna-se o mistério pascal do cristão”.
Outro figura citada pelo Bispo é o apóstolo Paulo, que lembra que “Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28). Conforme ele, a doença que, em si mesma é um mal, “salário do pecado” (Rm 6,23), pode “tornar a pessoa mais madura, ajudá-la a discernir em sua vida o que não é essencial, para voltar-se àquilo que é essencial. Não raro, a doença provoca uma busca de Deus, um retorno a ele” (CIC 1501).
Por fim, Dom Manoel afirma que a primeira graça da doença é colocar o ser humano em retiro para encontrar-se a sós, consigo mesmo. De acordo com ele, tentada a sentir-se sempre cheia de força e de energia vital, atitude que a 1ª Carta de João chama de “soberba da vida” (1Jo 2,16) a pessoa com frequência esquece que é limitada e que seu fim último é Deus, mas forçada pela doença passa a pensar mais na própria vida e no próprio destino.
“Feliz aquele que souber aproveitar esta ‘parada forçada’ da doença para dela sair mais maduro, mais humano, mais compreensivo, mais purificado e mais forte para os embates da vida ou para a luta definitiva diante da morte”, conclui. (FB)
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