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Bispo chinês fala sobre a realidade da Igreja no país

Lanzhou – China (Sexta-feira, 06-02-2015, Gaudium Press) Há 12 anos Dom Joseph Han Zhi-hai é Bispo de Lanzhou, capital da província de Gansou, na China. Entretanto, o prelado carece de um “certificado” governamental, quer dizer, as autoridades civis do país não reconheceram oficialmente sua ordenação episcopal. Sobre as discordâncias entre o governo chinês e a Igreja, Dom Joseph se expressa com muita propriedade e circunspecção.Bispo chinês fala sobre a realidade da Igreja no país.jpg

Em entrevista com Gianni Valente do ‘Vatican Insider’, Dom Joseph Han Zhi-hai fala de como lhe chegou a vocação sacerdotal. Sendo jovem, o futuro Bispo conheceu ao Padre Filippo, um modelo de serviço, inspirador, que em 1981 se converteria em Bispo de Lanzhou.

“Ele havia sido posto em liberdade em 1978, depois de trinta anos de reclusão e isolamento, e desde esse dia, sem queixar-se do passado, havia recomeçado a anunciar o Evangelho percorrendo povos e campos. Andava casa por casa rezando missa e pregando junto aos cristãos, confortava a todos. Observando-o, também nasceu em mim o desejo de ser sacerdote. Depois o governo concedeu [a autorização] de reconstruir as igrejas. E então as famílias se reuniram para juntar esforços em suas próprias capelas e paróquias. Vi como a Fé fazia florescer tudo”, declarou Dom Joseph.

Sobre os pontos delicados dos organismos ‘patrióticos’ eclesiais controlados pelo governo chinês, e a nomeação dos Bispos, assim se expressou o prelado:

“Sobre o primeiro ponto, creio que se deve evitar rigidez excessiva. Temos que começar um diálogo, sem tratar de eliminar antes a Associação Patriótica e os outros aparatos sobre os quais se funda até agora a política religiosa do governo. O importante é que haja liberdade para falar disso, porque se falas pode-se esclarecer quais são os aspectos que hoje constituem certos procedimentos incompatíveis com a natureza da Igreja”. Perguntado sobre se se poderiam introduzir mudanças tendentes a modificar tais aspectos, o prelado respondeu que “essa poderia ser uma via. (…) Se há um diálogo, o governo pode valorizar a situação, mudar pontos de vista sobre as propostas, e logo, se o governo quiser, as coisas mudam. Além disso, com o tempo, pode também ocorrer que estes problemas com a Associação Patriótica sejam atenuados ou eliminados pela evolução global da sociedade. As coisas mudam, e certos instrumentos e mecanismos do passado podem ser superados, em uma situação nova”.

Acerca da nomeação de Bispos, Dom Joseph manifestou que “o ponto irrenunciável é a comunhão com o Bispo de Roma. Assim que a nomeação de cada Bispo deve vir do Papa e não pode ocorrer sem o consentimento claro e público do Papa. Mas quando se refere aos critérios e processos de seleção, é claro que há que ter em conta muitos fatores, incluindo o fator social e a situação local, e portanto também as considerações do governo. Não se deve reduzir tudo a somente uma carreira para determinar quem comanda: o critério guia deve ser a vontade de fazer bons Bispos, que estejam a serviço do bem de todos. Bispos com um perfil adequado à situação na qual se exerça sua missão pastoral. E para isso, para superar os problemas, sempre será útil escutar as vozes da Igreja que vive na China”. (GPE/EPC)

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