Governo chinês inicia abertura de diálogo com o Vaticano
Cidade do Vaticano (Terça, 28-07-2009, Gaudium Press) Com esperança de atingir um histórico nível nas relações com a Santa Sé, Pequim anunciou o adiamento para 2010 das nomeações mais importantes da Igreja Católica “patriótica”, sustentada pelo governo.
Na China, a Igreja Católica é subordinada ao governo comunista, que não reconhece a autoridade do Papa nas nomeações episcopais por considerá-las uma ingerência nos assuntos internos do país. A Associação Patriótica Católica Chinesa foi então criada, em 1957, com o escopo de ser o organismo estatal responsável por controlar as atividades dos católicos no país e indicar os próprios bispos e padres.
Ainda assim, alguns desses nomeados procuram buscar o reconhecimento da Santa Sé, que invariavelmente é concedido pelo Papa. Os que não pedem, no entanto, continuam com sua ordenação válida, podem nomear padres e ministrar sacramentos, mas são considerados ilegítimos pela Igreja por não estarem em plena comunhão com o Santo Padre. Essa diferenciação acabou levando à criação de duas Igrejas Católicas na China: uma “clandestina”, subordinada à Santa Sé e proibida de atuar livremente na China, e a “patriótica”, oficial, que responde à Associação Patriótica Católica Chinesa.
Oficialmente, o motivo da suspensão nas nomeações episcopais pela Associação Patriótica Católica Chinesa é a celebração do 60º aniversário da fundação do país, para a qual serão enviados também representantes de diversas religiões, entre eles os bispos de Hong Kong e Macau, fiéis ao Vaticano e ao Papa.
Foram suspensas nomeações dos Presidentes dos Bispos católicos “patrióticos” e das dioceses de Taizhou na região de Zhejiang, Sayuan na Shaanxi, Hohhotna Mongólia Interna, Wuhan e Haimen na Jiangsu.
O caminho para o diálogo entre a Santa Sé e Pequim foi aberto há dois anos por Bento XVI com uma carta aos católicos chineses. Nela, o pontífice reivindicava as nomeações episcopais e criticava, em tom conciliador, os métodos da Associação Patriótica, ressaltando que pretendia estabelecer diálogo com o órgão. Após a carta, não foram feitas mais ordenações episcopais, nem “patrióticas”, nem “clandestinas”, fiéis a Roma.
Em seguida, a China pediu para que fossem abertas as relações diplomáticas entre a Santa Sé e Taiwan sem que isso interferisse nas questões internas chinesas. O Vaticano, por sua vez, voltou a pedir para nomear livremente os católicos chineses.
A Associação Patriótica Católica Chinesa Assembleia reúne-se a cada cinco anos.
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