Um berço para o Menino Jesus, Rei dos reis

Redação (Quarta-feira, 03-12-2014, Gaudium Press) Elaborado em madeira, com incrustações de chumbo e prata, e um pequeno manto bordado em seda com pérolas e fios de ouro, assim é o berço dedicado ao Menino Jesus que se encontra no andar de Arte Medieval do Museu de Arte Metropolitano de Nova York.

Originária do século XV e produzida em Brabante, a delicada peça era um berço-relicário.

A simples vista desta pequena peça de 35,4 centímetros de largura e 28,9 de altura, se observa como uma muito bem elaborada talha de madeira, mas atrás de si esconde uma bela tradição: originária do século XV e produzida em Brabante -região da Europa Ocidental-, a delicada peça era um berço-relicário.

O berço fazia parte de uma devoção popular que esteve muito vigente durante os séculos XV e XVI nos lares e conventos destas épocas para honrar ao Menino Jesus durante o Natal, mas também se dava como presente às religiosas que tomavam seus votos perpétuos.

Particularmente esta peça do museu novaiorquino -que é um extraordinário exemplo da arte medieval e religiosa entorno da infância de Jesus-, conta com belas talhas que representam o nascimento do Filho de Deus e a Adoração dos Reis Magos em cada um de seus extremos. Na parte superior, nos pilares do berço, se encontram quatro anjos, que sustentam dois fios dos quais pendem alguns sininhos.

Mas a peça de madeira não é a única obra de arte que contêm o berço. Sobre ela há uma colcha de sede bordada na qual se representa a árvore de Jessé -árvore genealógica de Jesus-, com uma almofada, também de seda, na qual há um bordado com pérolas que representa ao Cordeiro de Deus, que ali repousa. Além disso, na parte inferior se encontra uma pequena cavidade que se crê pode conter uma relíquia. Definitivamente um berço digno para o Rei dos reis.

Como estamos preparando nosso berço espiritual -nosso coração- para receber ao Menino Jesus?

Ao ver a beleza do berço-relicário, e a propósito do início do Advento -tempo de preparação espiritual para o Natal-, surge uma reflexão: Como estamos preparando nosso berço espiritual -nosso coração- para receber ao Menino Jesus? É um berço delicadamente talhado, com uma colcha bordada de seda, com pérolas e fios de ouro?

Uma reflexão que também acompanhou há alguns anos São João Paulo II durante a Audiência Geral do dia 18 de dezembro de 2012: “Neste tempo de Advento nos acompanha o convite do profeta Isaías: ‘Dizei aos covardes de coração: Sede fortes, não temais! Olhai ao nosso Deus que virá salvar-nos’. Este convite se faz cada vez mais urgente na medida que se aproxima o Natal, enriquecendo-se com a exortação a preparar o coração para acolher ao Messias. O esperado das pessoas certamente virá e sua salvação será para todos os homens”.

Ocasião na qual logo acrescentou: “A liturgia do Advento, impregnada de constantes alusões à espera gozosa do Messias, nos ajuda a captar plenamente o valor e o significado do mistério do Natal. Não se trata de comemorar somente o acontecimento histórico que ocorreu há dois mil anos em uma pequena aldeia da Judeia. Mas é preciso compreender que toda nossa vida deve ser um ‘advento’, uma espera vigilante da vinda definitiva de Cristo. Para dispôr nossa alma a acolher ao Senhor que, como dizemos no Credo, um dia virá para julgar os vivos e os mortos, devemos aprender a reconhecê-lo presente nos acontecimentos da vida diária. Desta forma, o Advento é, por assim dizer, um intenso treinamento que nos orienta decididamente até Aquele que já veio, que virá e que continuamente vem”.

Gaudium Press / Sonia Trujillo

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho