"A Igreja cuida pastoralmente da família", afirma Bispo Emérito de Porto Alegre
Porto Alegre – Rio Grande do Sul (Segunda-Feira, 24-11-2014, Gaudium Press) O Bispo Emérito da Arquidiocese gaúcha de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, escreveu um recente um artigo sobre o tema “A crise da família”. Ele afirma que há um século se falava de crise do casamento, quando os divórcios começavam a ser implantados e se multiplicavam assustadoramente.
Segundo o Prelado, dizia-se que o casamento estava com problemas, mas que a família continuava firme. Ele recorda que aqueles que se divorciavam, faziam-no com vistas a uma nova união, então constituíam nova família que lhes proporcionasse maior felicidade. “Hoje, de decepção em decepção, a crise começou a afetar a própria família. Fala-se de uma sociedade desfamiliarizada”, completa.
Ainda de acordo com o Bispo, o Papa Francisco convocou um sínodo sobre a família em duas etapas: o primeiro, em 2014, para levantar os problemas, provocando um “ver” a realidade da família hoje; o segundo, em 2015, onde se procurarão as soluções. Para o Prelado, não basta limitar-se às estatísticas e por isso vem o agir, para implantar uma nova pastoral familiar, a partir da Palavra de Deus.
Já o Papa João Paulo II, após outro sínodo sobre a família, redigiu, em 1981, uma exortação apostólica com o título “Familiaris Consortio”, em que traça as grandes linhas pastorais da família.
“Quando, hoje, falamos de família, a Igreja apresenta, com grande solicitude, seu modelo. Está baseado no sacramento indissolúvel do matrimônio. Trata-se de um sacramento, sinal eficaz da graça divina. Destaca a convivência amorosa do casal – esposo e esposa, bem como dos pais e filhos, dos irmãos e parentes. Proclama a Boa Nova da Família, como uma graça que Deus proporciona à humanidade”, afirma.
Dom Dadeus lembra que João Paulo II também dizia que por ela passa o futuro da humanidade e que a indissolubilidade não se reduz a uma lei que se imponha, mas é uma graça que liberta. O prelado salienta que onde dois ou mais se reúnem em Cristo, como família, Ele está no meio, e onde, ao invés se constata a ausência de Deus, a família começa a se esfacelar.
Conforme o Bispo Emérito, para perceber a crise da família basta acenar para nove tipos de família que aparecem no cenário da humanidade: a família cristã baseada no sacramento do matrimônio; os casais unidos apenas com reconhecimento civil, sem o sacramento da Igreja; casais sem nenhum apoio jurídico, que não casam nem no civil nem no religioso; casais em segunda união; a poligamia camuflada, que encoberta a infidelidade conjugal, com a prática de amantes; os homoafetivos; as mães solteiras; as famílias monoparentais constituídas por pessoas que vivem solitárias; e as famílias desfeitas.
“A Igreja tem o direito e o dever de proteger a família e propor sua concepção. Não pode ser forçada a abrir mão de seus princípios ou de acolher concepções de família contrárias ao Evangelho. Ela tem um modelo próprio de família. Não obriga ninguém a segui-lo. Quem optar por um dos nove modelos o faz sob sua própria responsabilidade”, enfatiza o Prelado.
Por fim, Dom Dadeus ressalta que a Igreja cuida pastoralmente da família que ela recebeu como tutela, a partir de um projeto divino, e por ela passa o futuro da humanidade, mas acolhe as pessoas, mesmo que optem por outros modelos de família para orientá-los nos demais planos de Deus e da salvação.
“Seu diálogo com o mundo abre os horizontes da vida e da convivência com o diferente., sem abrir mão de seus princípios básicos e sem enganar com propostas que não sejam suas”, conclui. (FB)
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