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Três Anjos visitam Abraão

Redação – (Quinta-feira, 06-11-2014, Gaudium Press) – O justo Abraão, ao ver três estrangeiros que se aproximavam de sua tenda – eram Anjos com aspecto humano -, discerniu, pelo seu porte digno e majestoso, tratar-se de seres de uma natureza superior.

Mudança de nomes: Abraão e Sara

Quando nasceu Ismael, Abrão tinha 86 anos de idade. Passaram-se mais treze anos e Sarai, sua esposa, não lhe deu nenhum filho porque era estéril.

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Abraão e os Três Anjos
– Gustavo Doré

Deus, então, aparece ao patriarca, promete-lhe que teria numerosa descendência e lhe diz: “Já não te chamarás Abrão; Abraão será teu nome, porque farei de ti o pai de uma multidão de nações” (Gn 17, 5).

O Altíssimo ordena que todos os meninos, no oitavo dia de seu nascimento, sejam circuncidados, como sinal da aliança com Deus. Além disso, altera o nome de Sarai para “Sara, Princesa”, acrescentando “Eu a abençoarei e também dela te darei um filho” (Gn 17, 15-16), que se chamará Isaac.

O Criador abençoou Ismael, dizendo: “Dele farei uma grande nação. Quanto à minha aliança, porém, Eu a estabelecerei com Isaac, o filho que Sara te dará no ano que vem” (Gn 17, 20-21).

Circuncisão e batismo

Terminada essa aparição, o santo patriarca manifestou sua obediência irrestrita a Deus: “Naquele mesmo dia foram circuncidados Abraão e seu filho Ismael, juntamente com todos os homens de sua casa” (Gn 17, 26-27).

A circuncisão foi uma prefigura do Batismo, mas este é infinitamente superior àquela. Enquanto a circuncisão era “um sinal da mortificação da carne e de todos os vícios”[1], o Batismo é um Sacramento que imprime caráter indelével na alma. Quando uma pessoa é batizada, ela recebe a graça santificante, que é uma “participação criada da natureza incriada de Deus”[2]; de criatura ela se torna filha de Deus e membro da Santa Igreja.

Jesus foi circuncidado oito dias após ter nascido. “O Salvador Se humilhou mais profundamente na circuncisão que em seu nascimento. Neste recebeu a forma humana, naquela recebeu a forma de pecador. Quis ser circuncidado, e o quis por profundíssima humildade” (3)

Aspecto digno e majestoso

Certo dia, Abraão estava sentado junto a sua tenda à sombra de um carvalho, e viu três Anjos que haviam tomado a forma humana. Imediatamente saiu correndo ao seu encontro; prostrou-se diante deles e rogou-lhes que aceitassem seus préstimos, pois pareciam ter feito longa caminhada.

Tendo os mensageiros de Deus aceitado, o patriarca mandou a Sara que preparasse “depressa” alguns pães, e ele mesmo “correu até o rebanho, pegou um bezerro bem bonito e o entregou a um criado para que o preparasse sem demora” (Gn 18, 7). Depois de tudo pronto, o próprio Abraão os serviu.

Após terem comido, eles disseram ao patriarca que voltariam no ano seguinte, quando Sara já teria um filho. Ora, Abraão tinha praticamente 100 anos de idade e Sara, 90 (cf. Gn 17, 17), mas ele acreditou firmemente porque era um varão de fé.

Cumpre observar o respeito, a humildade, o espírito prestativo de Abraão, manifestados quando viu os estrangeiros e se pôs ao serviço deles.

Bem diferente de muitas pessoas de hoje em dia, que se apresentam de modo indigno e vulgar, “os estrangeiros tinham algo de tão digno e tão majestoso, que Abraão reconheceu logo sua natureza superior. Imediatamente le lhes dirigiu a palavra como ao próprio Deus”(4).

Uma estátua de sal

Deus revela a Abraão que irá punir Sodoma e Gomorra devido aos pecados ali cometidos. O santo patriarca, então, numa atitude de sacral intimidade com o Altíssimo, pergunta se Ele perdoaria os habitantes das cidades se ali houvesse 50 justos. Deus diz que sim. Abraão vai diminuindo o número: 45, 40, 30, 20 e chega até 10. E o Altíssimo afirma que não enviaria o castigo se ali encontrasse 10 justos. Abraão não reduziu ainda mais o número porque sabia perfeitamente que Deus é misericórdia, mas também justiça.

Por misericórdia para com Ló, o Criador enviou dois Anjos até Sodoma a fim de retirá-lo da cidade, com sua família. Tendo ele saído, acompanhado pela sua esposa e duas filhas, um Anjo ordenou-lhes que não olhassem para trás.

Estando os quatro caminhando, ao ouvir o barulho da destruição, “a mulher de Ló olhou para trás e tornou-se uma estátua de sal” (Gn 19, 26).

Flávio Josefo, historiador judeu que viveu no tempo de Cristo, afirma ter visto essa estátua.(5)

O próprio Redentor referiu-Se a esse episódio, quando falou a seus discípulos a respeito do fim do mundo e de acontecimentos que o prefigurem: “No dia em que Ló saiu de Sodoma, Deus fez chover fogo e enxofre do céu e fez morrer todos. O mesmo acontecerá no dia em que se manifestar o Filho do Homem […]. Lembrai-vos da mulher de Ló!” (Lc 17, 29, 30, 32).

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Peçamos à Santíssima Virgem a graça de sempre nos lembrarmos das intervenções de Deus na História, como recomendou Nosso Senhor, a fim de nos prepararmos, com muita fé e confiança, para os acontecimentos futuros.

-Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada – N° 10)

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1) -CORNELIO A LAPIDE. Apud BARBIER, Abade. Tesoros de Cornelio a Lapide. Extracto de los comentarios de este célebre autor sobre la Sagrada Escritura. Madri: Librerias de Miguel Olamendi e outros. 1866, vol.1, p. 259.

2) -MARÍN, Antonio Royo. Somos hijos de Dios – misterio de la divina gracia. Madri: BAC. 1977, p. 42.

3) -CORNELIO A LAPIDE. Op. cit. Vol. 1, p. 260

4) -FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, vol. 1, p. 74.

5) -Cf. Antiquités judaïques. Livro I, capítulo 11, 4.

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