"Aqui somos peregrinos e o melhor nos espera", diz o Arcebispo de Londrina
Londrina – Paraná (Sexta-Feira, 31/10/2014, Gaudium Press) Novo artigo de Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Londrina, no Paraná, fala sobre o dia 2 de novembro, um dia marcante, pois é a festa da imortalidade e da ressurreição. Para o Prelado, é uma recordação da vida de quem já peregrinou neste mundo e agora alcançou a plenitude de seus desejos e esperanças.
Segundo ele, aqui somos companheiros de viagem, lá seremos convidados das núpcias do Cordeiro e, por isso, a melhor despedida é esta: “até nos revermos no céu”. O Arcebispo ressalta que não é fácil meditar sobre a morte, pois, estamos diante de um mistério: experimentamos a mortalidade do corpo e a imortalidade da alma.
“Estamos cada vez mais despreparados para morrer. Mesmo sendo um fenômeno universal e uma experiência existencial, não é fácil reconciliar-se com a verdade da morte. É forte nosso instinto de conservação, nosso desejo de viver mesmo sabendo que vamos morrer”, destaca.
Além disso, Dom Orlando afirma que a morte hoje é um tabu, algo que escondemos, camuflamos, afastamos como se fosse algo proibido e perigoso. Conforme ele, poucos morrem em casa, o luto saiu da moda, afastamos as crianças do enterro, os profissionais da saúde são os que assistem os moribundos.
Ainda de acordo com o Prelado, a humanidade tomou duas posições diante da morte. A primeira atitude é render-se ao nada, ao vazio, ao absurdo, e a segunda opção é a crença na reencarnação. Todavia, ele salienta que há uma terceira via que não é filosófica, mas, teológica: É a fé na ressurreição de Jesus Cristo e de todos os filhos de Deus, pois a morte foi redimida, Jesus morrendo “matou a morte”.
Eis o que escreve Paulo apóstolo: “Semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível; semeado desprezível, ressuscita glorioso; semeado na fraqueza, ressuscita cheio de força; semeado corpo animal ressuscita corpo espiritual” (Cf. I Cor 15,42-44).
Outro aspecto abordado pelo Arcebispo é que a morte, na fé cristã, é uma experiência pessoal, uma passagem, um parto e uma porta para uma nova fase da vida. Para ele, a vida não é tirada, é transformada, e felicidade, luz, paz, plenitude, alegria, glorificação, constituem a realidade da vida após a morte, na comunhão dos santos e na visão de Deus face a face. Dom Orlando acredita que ao morrer somos abraçados pelo Pai, entronizados na comunhão dos santos, coroados pela Santíssima Trindade, glorificados com Jesus, enriquecidos com a herança da salvação.
Os santos e pessoas de fé atestam: “O dia da minha morte, será o dia mais glorioso da minha vida”. Lembremos de Santa Terezinha que dizia: “Não morro, entro na vida”. Belíssimo testemunho de fé é o de Madre Leônia que dizia: “Minha morte será um feliz pôr de sol”.
Dom Orlando enfatiza que para Jesus a morte foi o retorno ao Pai, a entrega amorosa de si, o supremo ato de amor, a hora da glorificação. Segundo ele, nosso viver é também um caminhar para o morrer e precisamos nos preparar para a nossa hora derradeira. É assim que rezamos na Ave Maria: “agora e na hora de nossa morte, rogai por nós”.
Por fim, o Prelado reforça que o céu é nossa pátria e paraíso, onde somos esperados e nos uniremos aos amigos, aos parentes, aos antepassados na comunhão dos santos. Diz Santo Agostinho: “Caminha e canta, ama, corre, suspira pela pátria. Lá não há inimigo, não morre o amigo, as lágrimas serão enxugadas, estaremos felizes e tranquilos na visão, na beatitude, na pátria”.
“Lembremo-nos que aqui somos peregrinos e que o melhor nos espera. O que nossos mortos são hoje, nós seremos amanhã. Sabemos pela fé que o amor, o bem, as boas obras, não passam, mas nos acompanharão, serão a chave da porta do céu, o passaporte para a glória. Os justos como estrelas brilharão. Não precisaremos da luz do sol nem da lâmpada, pois, Deus mesmo será a luz, será tudo em todos. A ordem é esta: entra na alegria do teu Senhor”, conclui. (FB)
Deixe seu comentário