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Melquisedec abençoa Abraão

Redação – (Quinta-feira, 30-10-2014, Gaudium Press) – Após uma brilhante vitória militar contra alguns reis, Abraão recebeu a visita do sacerdote do Altíssimo, Melquisedec, que ofereceu a Deus um sacrifício com pão e vinho e o abençoou.

Vitorioso guerreiro

Quatro reis da Mesopotâmia partiram em guerra contra cinco régulos cananeus, e aqueles, tendo sido vitoriosos, saquearam Sodoma e Gomorra e levaram consigo Ló, sobrinho de Abrão, com todos os seus bens.

Ao ser informado a respeito do sucedido, Abrão “mobilizou 318 escravos nascidos em sua casa”, e foi ao encalço dos quatro reis; “dividiu a tropa e caiu sobre eles de noite, ele com os seus escravos, derrotando-os e perseguindo-os até […] ao norte de Damasco” (Gn 14, 14-15), recuperou Ló e os bens que haviam sido saqueados. Essa admirável fidelidade e dedicação dos escravos ao seu senhor indica que Abrão os tratava como filhos.

Quando Abrão voltava depois da vitória, o rei de Sodoma dirigiu-se a ele e quis presenteá-lo com os bens recuperados, mas o varão de Deus respondeu-lhe que não aceitaria “nem um fio, nem uma correia de sandália, nem coisa alguma” (Gn 14, 23). Ele “recusa com altivez esse presente, não querendo nada ter de comum com a cidade culpável”.

“Sem pai, sem mãe, sem genealogia”

Outro personagem foi de encontro a Abrão: Melquisedec, Rei de Salém , ou seja Jerusalém, e sacerdote, que trouxe pão e vinho; entoou louvores a Deus e abençoou Abrão, o qual lhe entregou o dizimo de tudo que havia conquistado.

Algo de muito misterioso paira a respeito de Melquisedec. “Ele aparece de repente, a maneira de um meteoro, para desaparecer assim que seu papel tenha sido cumprido.”

Afirma Monsenhor Cauly:
Na pessoa deste rei-pontífice, Abraão honrava o Messias futuro, padre para a eternidade segundo a ordem de Melquisedec, como profetizou Davi e como o explica São Paulo. Com efeito, Melquisedec é uma das figuras mais surpreendentes do Messias.

A Bíblia o menciona apenas no Salmo 109,4 e na epístola aos hebreus, capítulos cinco e sete. Referindo-se a Melquisedec, São Paulo declara: “Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem início de dias nem fim da vida, ele se assemelha ao Filho de Deus e permanece sacerdote para sempre” (Hb 7, 3). Todo o capítulo sete da epístola aos hebreus é dedicado para demonstrar, através de belo arrazoado, que o sacerdócio de Jesus Cristo é superior ao de Aarão.

O pão e o vinho utilizados por Melquisedec, em sua oração, simbolizam a Eucaristia e o sacrifício da Missa. Cristo “foi por Deus proclamado sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedec” (Hb 5, 10).

Aliança com Deus

Após esses acontecimentos, Deus apareceu a Abrão “e, conduzindo-o para fora [de sua tenda], disse-lhe: ‘Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz! ‘. E acrescentou: ‘Assim será tua descendência’. Abrão teve fé no Senhor” (Gn 15, 5-6).

O Altíssimo, então, ordenou que Abrão fizesse um sacrifício com alguns animais, cortando cada um deles pelo meio. Naquele tempo, era comum que os contratantes dividissem corpos de animais, colocassem as partes de um e outro lado e caminhassem pelo meio, significando que assim seriam tratados se não cumprissem o contrato.

No caso do sacrifício de Abrão, Deus fez com que passasse entre os corpos uma tocha de fogo; “naquele dia, o Senhor fez aliança com Abrão, dizendo: ‘A teus descendentes darei esta terra'” (Gn 15, 18). Ora, até esse momento, Abrão não tinha filhos porque Sarai era estéril. E eles já estavam havia dez anos na terra de Canaã…

Agar

Então, Sarai propôs a Abrão que se unisse à escrava dela, chamada Agar, que conseguira no Egito. E o patriarca, “segundo a autorização que Deus tinha concedido aos primeiros homens”, desposou Agar.

Em casos semelhantes, os filhos nascidos da escrava eram considerados como provenientes da senhora (cf. Gn 30,3). Esse expediente humano utilizado por Sarai – que no fundo foi falta de fé – ser-lhe-ia depois fonte de amargos remorsos.

De fato, Agar, percebendo ter concebido, começou a desprezar Sarai, a qual passou a maltratar Agar, que acabou fugindo. Caminhando sozinha pelo deserto, um Anjo lhe apareceu e lhe recomendou voltar para junto de sua senhora, e anunciou que ela teria um filho o qual deveria chamar-se Ismael.

* * *

Peçamos a Nossa Senhora que nos conceda uma combatividade semelhante à de Abraão, e aumente nossa devoção à Santa Missa, prefigurada pelo sacrifício oferecido pelo rei-sacerdote Melquisedec.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada – 9)

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1) – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, vol. 1, p. 66.
2) – Idem, p. 65.
3) – CAULY, Eugène Ernest. Cours d’instruction religieuse – Histoire de la Religion e de l’Église.4. ed. Paris: Poussielgue. 1894, p. 33-34.
4) – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, vol. 1, p. 65.
5) – Cf. FUSTER, Eloíno Nácar e COLUNGA, Alberto OP. Sagrada Biblia – versión directa de las lenguas originales. 11.ed. Madrid: BAC. 1961, p.43.¨
6) – Cf. ROHRBACHER, René-François. Histoire universelle de l’Église Catholique, Paris: Louis Vivès. 1872, v. I, p. 437.
7) – CAULY, Eugène Ernest. Cours d’instruction religieuse – Histoire de la Religion e de l’Église.4. ed. Paris: Poussielgue. 1894, p. 34.
8) – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p. 69.

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