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Abraão: fundador do povo de Israel

Redação – (Segunda-feira, 20-10-2014, Gaudium Press) – A Providência divina, ao longo dos tempos, escolhe varões para realizarem obras grandiosas, que marquem a História e glorifiquem o Criador: são os homens providenciais.

Um dos mais importantes homens providenciais foi Abraão, o fundador do povo eleito e antepassado de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Vivendo entre idólatras, manteve-se fiel a Deus

Descendente de Sem, filho de Noé, vivia ele em Ur, cidade da Caldéia que hoje corresponderia ao Sul do Iraque. Como sucedia com outros povos, espalhados em diversas regiões depois da torre de Babel, os habitantes de Ur eram idólatras.

Explica São João Bosco que “a palavra idolatria quer dizer render às criaturas o culto que somente é devido a Deus. A origem dessa falsa religião acredita-se que tenha precedido o dilúvio. O perverso Cam [filho de Noé] conservou-lhe a memória e propagou-a”.

O próprio pai de Abrão era idólatra (cf. Js 24, 2). Mas, por especial graça do Altíssimo, Abrão — que posteriormente se chamará Abraão — adorava e cultuava o verdadeiro e único Deus.

Obediência irrestrita às ordens de Deus

Quando tinha 75 anos de idade, Abrão recebeu de Deus a ordem de sair do local onde residia e dirigir-se a uma região distante, chamada terra de Canaã, que corresponde ao atual Estado de Israel. Disse-lhe o Altíssimo: “Farei de ti uma grande nação […] Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (Gn 12, 2-3).

O Criador pediu a Abrão “a renúncia a tudo o que o homem tem de mais caro nesta Terra: pátria, parentes, casa paterna. Deus arrancava assim violentamente de todas suas antigas relações, e do perigo da idolatria, aquele do qual Ele queria se servir para fundar uma raça nova e santa.”

Sem titubear, Abrão partiu levando consigo sua esposa Sarai – cujo nome depois será mudado para Sara -, seu sobrinho Ló, bem como os “escravos que haviam adquirido” (Gn 12, 5). Esse fato deu-se aproximadamente 2.000 mil anos antes de Cristo; Hamurabi, rei da Babilônia, autor do famoso código jurídico que leva seu nome, foi contemporâneo de Abrão.

Chegando numa localidade da terra dos cananeus, Deus apareceu a Abrão e lhe disse: “Darei esta terra à tua descendência” (Gn 12, 7). Ora, ele não tinha filhos, pois Sarai era estéril, mas Abrão creu firmemente. Ali, o varão de Deus ergueu um altar para cultuar o Criador.

Por especial graça divina, Abrão contemplou entre seus descendentes o Redentor, como está consignado no Evangelho de São João. Discutindo com os fariseus, Jesus afirmou: “Abraão exultou por ver o meu dia. Ele viu e se alegrou” (Jo 8, 56).

Ida para o Egito

Depois de certo tempo, houve grande fome no país de Canaã; então, Abrão, sua esposa, que era muito bonita, e Ló foram para o Egito, onde existia abundância de víveres.

Nesse país, o varão de Deus gozou de grande consideração por parte dos ministros do faraó, e ganhou muitos bens. Entrou em contato com os sábios do Egito e ensinou-lhes a ciência dos astros, que eles desconheciam.

Entretanto, devido às más intenções do faraó com relação a Sarai, o Altíssimo “castigou com grandes pragas o faraó e sua corte” (Gn 12, 17); logo depois,

Abrão, por ordem do faraó, foi obrigado a retirar-se do Egito, mas levou consigo os bens que possuía. Juntamente com aqueles que o haviam acompanhado, Abrão voltou para Canaã.

Chegando ao mesmo local onde havia construído um altar, Abrão prestou culto ao único e verdadeiro Deus; era um varão de Fé.

Além dos elogios que lhe são feitos no Antigo Testamento, sua ardente Fé é exaltada pelo Novo em diversos trechos, entre os quais: o hino do Magnificat, entoado por Nossa Senhora (cf. Lc 1, 55); o cântico de Zacarias, quando da circuncisão de São João Batista (cf. Lc 1, 73); a epístola de São Paulo aos hebreus (cf. Hb 11, 8-12); o fogoso discurso pronunciado por Santo Estêvão diante do Sinédrio, depois do qual foi martirizado (cf. At 7, 2-8).

Ló é excluído do povo eleito

“Abrão era muito rico em rebanhos, prata e ouro” (Gn 13, 2). Ló também possuía grande quantidade de gado e ovelhas. Tendo havido desentendimentos entre os pastores de Ló e os de Abrão, por sugestão deste último os dois se separaram.
Ló foi morar nas proximidades de Sodoma, cujos habitantes “eram perversos e pecavam gravemente contra o Senhor” (Gn 13, 13); e Abrão passou a residir “perto de Hebron, onde ergueu um altar para o Senhor” (Gn 13, 18).

Posteriormente, quando Sodoma e Gomorra foram destruídas, Deus “lembrou-se de Abraão e salvou Ló da catástrofe” (Gn 19, 29), o qual passou a residir nas montanhas com suas duas filhas. Afirma o Padre Fillion que Ló “foi eliminado da raça escolhida”.

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Estando Abraão no Céu, peçamos-lhe que nos obtenha da Santíssima Virgem uma Fé inquebrantável e crescente, para enfrentarmos com ânimo as dificuldades pelas quais cada um de nós passa; mais importante do que isso, a graça de termos a certeza de que a Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana triunfará de todos os obstáculos que se levantam contra ela, pois “as forças do Inferno não poderão vencê-la” (Mt 16, 18).

Por Paulo Francisco Martos
(Noções de História Sagrada – 8)

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1) – História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.28.

2) – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, vol. 1, p. 58.

3) – Cf. DANIEL-ROPS. Histoire Sainte – Le peuple de Dieu. Paris: Arthème Fayard. 1942, p.10-11.

4) – Cf. JOSEFO, Flávio. História dos hebreus. I, 8, 23.

5) – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p. 60.

6) – A memória de Santo Abraão é celebrada em 9 de outubro.

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