Ora et labora: Inovadores produtos que sustentam as comunidades religiosas

Nova Jersey – Estados Unidos (Terça-feira, 14-10-2014, Gaudium Press) A civilização ocidental deve uma grande parte de sua identidade e desenvolvimento aos princípios básico que um grande Santo da Igreja, São Bento de Núrsia, quis imprimir nos homens que desejavam um seguimento mais perfeito de Deus. Um destes princípios que identificariam a “Regra dos Mosteiros” era a famosa frase ‘Ora et Labora’ (Reze e Trabalhe) que assinalaria a busca de um equilíbrio entre as capacidades do espírito e as condições e faculdades materiais do homem. Esta norma de conjugar os trabalhos com a oração e a contemplação foi aplicado por inumeráveis mosteiros ao redor do mundo e segue sendo vigente em muitas iniciativas de trabalho, algumas particularmente chamativas.

Apresentação dos produtos elaborados pelas Irmãs Dominicanas em Summit, New Jersey. Foto: Summit Dominicans.

O informativo norte-americano National Catholic Register destacou os criativos empreendimentos de quatro comunidades religiosas que conjugam o trabalho e a vida consagrada. Ataúdes, sabões, serviços de hospedagem e doces são algumas das soluções que as congregações encontram ao desafio de competir com inovação em um mercado cada vez mais vertiginoso sem perder a identidade e o estilo de vida característico de seus carismas.

Monges e ataúdes

Um ataúde é um objeto certamente simbólico, mas também uma necessidade importante. Por tradição e significado espiritual, cada monge da Abadia de São José em St. Benedict, Nova Orleans, fabrica seu próprio ataúde. Com o tempo, esta habilidade se fez conhecida e as pessoas começaram a pedir aos monges que elaborassem seus féretros. Hoje em dia atendem uma média de 30 ataúdes mensais, o qual é uma boa tarefa para os 32 monges da comunidade, que além disso levam a cabo suas principais atividades: a formação de seminaristas e os retiros espirituais.

“Com a venda dos ataúdes vem a maravilhosa habilidade de fazer apostolado com as pessoas em um momento difícil de suas vidas, quando sofrem a perda de um ser querido”, comentou o Abade Justin Brown. “Alguns encontram consolo em vir a nossa oficina e ver como se elaboram os féretros”. Os monges também desenvolvem atividades como a apicultura e tem uma loja de obséquios.

Sabões pela internet

A comunidade de Irmãs Dominicanas em Summit, Nova Jersey, atravessava dificuldades econômicas acentuadas por novas normas laborais até que um amigo da comunidade recomendou a elaboração de sabões como uma atividade compatível com sua vida religiosa e que poderia oferecer um apoio financeiro. “Planejamos começar com cinco tipos de sabões, mas rapidamente se fizeram 20”, relatou a Mestra de Noviças, Irmã Mary Catharine Perry. “Nosso favorito permanente parece ser o sabão de lavanda”.

As religiosas organizaram uma área do mosteiro aberta ao público como loja e habilitaram uma ferramenta de venda através da internet onde oferecem os produtos do mosteiro, desde livros religiosos até o amplo catálogo de sabões, cremes para mãos, velas e outros objetos elaborados pela comunidade. O mosteiro conta atualmente com 17 religiosas de clausura, dedicadas principalmente à oração. “Aqui estamos primeiro para Deus, para adorá-lo e orar”, explicou a Irmã Mary Catharine. As religiosas além de realizar por turnos a adoração perpétua, praticam um Santo Rosário perpétuo e cantam o Ofício Divino.

Hospitalidade e doces

Uma alternativa diferente encontrada pelo Mosteiro da Santa Cruz em Chicago foi adequar dois apartamentos para oferecer estadia a viajantes. Um deles é localizado em um edifício junto ao mosteiro e outro faz parte da edificação principal. Os monges oferecem como atrativo o ambiente de silêncio em meio da cidade e a crítica destaca a qualidade dos cafés da manhã incluídos no alojamento. A iniciativa ocorre em meio da tradicional hospitalidade dos monges beneditinos aos viajantes.

Trufas elaboradas pelos monges brigitinos. Foto: The Brigittine Monks Gourmet Confections.

Se os beneditinos de Chicago são famosos por seus cafés da manhã, os monges brigitinos de Amity, Oregon, poderiam ser pelos seus doces. Os religiosos da Ordem do Santíssimo Salvador desenvolvem estes produtos após ter elaborado produtos mais perecíveis, como tortas de cenoura. “Um de nossos irmãos sugeriu que fizéssemos doces”, o qual provou ser uma boa ideia, segundo relatou o Irmão Steven, membro da ordem. “Nos provê suficiente para sustentar-nos e para ajudar a outros que passam necessidade”. Os doces permitem que os religiosos dediquem suas vidas à oração, a reparação dos pecados do mundo e responder com amor ao amor, segundo o carisma da comunidade. (GPE/EPC)