Projeto procura preservar a memória dos católicos mártires da União Soviética
Servo de Deus Dom Edward Profittlich, que faleceu na prisão antes de ser executada sua condenação de muerte em 1942. Foto: Catholic New Martyrs of Russia. |
Notre Dame – Estados Unidos (Segunda-feira, 13-10-2014, Gaudium Press) A Biblioteca Hesburgh da Universidade de Notre Dame nos Estados Unidos lançou um projeto na internet para preservar a memória histórica dos católicos vítimas da perseguição comunista na União Soviética. Trata-se do “Book of Remembrance” (Livro da Comemoração), que traduziu 1864 biografias de sacerdotes e leigos católicos, tomados de um martirológio editado na Rússia no ano 2000.
A fonte de onde se pode obter grande quantidade de informação sobre estes crentes que morreram por causa de sua Fé na primeira metade do regime comunista foram os arquivos dos organismos de segurança da União Soviética após sua dissolução. A Administração Apostólica da Rússia Europeia do Norte estabeleceu uma Comissão do Martirológio para o Jubileu do Ano 2000 e em nove anos se conseguiu reunir uma grande quantidade de dados que permitiram reconstruir a história de quase 1900 católicos de rito latino e oriental vítimas da repressão anticristã. Desta forma se publicou o texto “Kniga pamiati: Martirolog Katolicheskoi Tserkvi v SSSR” (Livro da Comemoração: Um martirológio da Igreja Católica na USSR).
A tradutora e iniciadora do projeto, a Doutora em Língua e Literatura Eslavas Geraldine Kelley, advertiu na apresentação de seu trabalho que nem todo os católicos recordados na iniciativa contam com detalhes sobre sua morte que permitam comprovar formalmente o martírio em estrito sentido. “Todos eles foram perseguidos pelo Estado”, explicou. “Alguns foram executados por esquadrões de fuzilamento, outros foram enviados a campos de ‘trabalho corretivo’ onde sua morte era provável, outros foram desterrados a confins remotos da União Soviética onde languidesceram e sofreram por anos. Alguns foram sentenciados mais de três vezes em um lapso de 30 anos”. De fato, 874 dos registros exibem a frase “destino desconhecido a partir desse momento”.
Servo de Deus Dom Antoni Malecki, cuja saúde ficou irreversivelmente prejudicada por seu exílio na Sibéria E lhe causou a morte em 1935. Foto: Catholic New Martyrs of Russia. |
Alguns dos católicos perseguidos cuja perseguição foi registrada no livro conseguiram fugir do regime e continuar seu apostolado na África, Brasil, Austrália, Inglaterra e Estados Unidos. Para o momento da publicação do martirológio russo haviam alguns sobreviventes e só uma vive atualmente: Nijolé Sadunaite, nascida na Lituânia em 1938, que foi presa em 1974 por possuir uma cópia da publicação clandestina “Crônicas da Igreja Católica na Lituânia”. Foi enviada a um hospital psiquiátrico e longo condenada a três anos de trabalhos forçados e três anos de exílio na Sibéria.
Dos católicos recordados no Martirológio, 16 foram selecionados pela Igreja como os Novos Mártires Católicos da Rússia, uma iniciativa para abrir o processo que poderia levá-los aos altares. A “Causa de Beatificação ou Declaração do Martírio do Arcebispo Edward Profittlich, SJ E quinze companheiros” foi admitida em 2003. Em 2014, a causa do Servo de Deus Edward Profittlich foi transladada à Estônia e o processo agora grupal é presidido pelo Bispo Antoni Malecki, que morreu por causa de complicações de saúde geradas em seu exílio na Sibéria.
A biografia dos 1864 católicos perseguidos pode ser consultada de forma gratuita (em inglês) na página web da iniciativa. (GPE/EPC)
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