Obama diz esperar melhores relações entre os Estados Unidos e a Santa Sé
Cidade do Vaticano (Sexta, 10-7-2009, Gaudium Press) O aguardado primeiro encontro do novo presidente americano, Barack Obama, com o Papa Bento XVI aconteceu na tarde desta sexta-feira no Palácio Apostólico Vaticano sob uma atmosfera, segundo interlocutores de ambos, muito cordial e serena. A última visita de um presidente americano ao pontífice havia sido em 2008, quando o impopular George W Bush ainda se preparava para deixar o cargo.
A visita de Obama havia sido prevista e preparada há muito tempo. Mas não este não foi o primeiro diálogo entre os dois chefes de estado. O Santo Padre falara ao telefone com Obama em dezembro, logo após a confirmação da vitória do americano nas nas eleições presidenciais.
A Santa Sé aguardava com muita atenção e cuidado esta visita. Todos os lugares pelos quais hoje passaria o presidente e sua esposa Michelle foram minuciosamente limpos ontem à noite. Obama chegou de Áquila no aeroporto de Ciampino, em Roma, de helicóptero. Em seguida, dirigiu-se ao Palácio Vaticano, onde foi recebido por volta das 16 horas locais (11h de Brasília), no pátio de San Damaso (residência oficial do Papa), pelo monsenhor americano James Harvey, prefeito da Casa Pontifícia, e um corpo de 12 guardas suíços.
Antes da audiência com o Papa, Obama, acompanhado do secretário para as Relações com os Estados da Santa Sé, monsenhor Dominique Mamberti, reuniu-se por alguns instantes em privado com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarciso Bertone. Em seguida, entrou com a primeira-dama na sala anexa à Biblioteca Papal, onde era esperado por Bento XVI.
“Mr President, welcome!” – saudou em inglês o Papa. Obama agradeceu e disse que era uma grande honra para ele estar ali. Bento XVI perguntou sobre as discussões do G8 e disse que o presidente deveria estar muito cansado. Obama respondeu então que o vértice político foi “muito produtivo” e citou o acordo pelo aumento do envio de ajuda aos países pobres.
O diálogo particular a portas fechadas durou cerca de 40 minutos. Segundo o Vaticano, Obama e o Papa falaram francamente sobre questões de política internacional, como paz no Oriente Médio e combate ao narcotráfico, e sobre temas delicados para a Igreja, como imigração, aborto e bioética. O presidente americano teria se comprometido com o pontífice a reduzir o número de abortos nos Estados Unidos. Obama também teria falado ao Papa sobre sua a educação católica que teve na infância.
Depois do colóquio, a “primeira-família” se apresentou. Primeiro Michelle, em seguida Malia e Sasha, filhas do casal, que receberam de lembrança da visita ao pontífice dois chaveiros de prata. Após os cumprimentos da família Obama, uma comitiva de 13 pessoas que acompanhava o presidente prestou reverências a Bento XVI.
Barack Obama presentou o Papa com uma estola que pertencera a São João Nepomuceno Neumann, redentorista do século XIX e padroeiro das crianças doentes e dos imigrantes. Nepomuceno foi o primeiro americano naturalizado a ser canonizado pela Igreja Católica.
Bento XVI, por sua vez, entregou a Obama uma cópia de sua recém-lançada encíclica, “Caritas in Veritate”, e um documento sobre questões relativas à vida, “Dignitate persone”. Obama agradeceu e resignou-se por ter “algo para ler no voo”. O Papa presenteou o presidente ainda com a tradicional medalha de ouro de seu pontificado e com um quadro retratando a Praça São Pedro.
Ao final do encontro, Bento XVI garantiu a Obama suas orações, que agradeceu desejando que as relações entre ele e Santa Sé sejam melhores e “muito fortes”. Segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, o Papa ficou “muito satisfeito” com a visita. “Obama tocou o Vaticano com seu carisma e gentileza”, observou o porta-voz.
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