Para diplomata japonês no Vaticano, países ocidentais ainda não são suficientemente laicos
Cidade do Vaticano (Segunda, 06-07-2009, Gaudium Press) Desde 2006 embaixador do Japão junto a Santa Sé, Kagefumi Ueno falou com exclusividade hoje à Gaudium Press por telefone. Na pauta, a relação Igreja-Estado no Japão, a visita do premiê Taro Aso ao Papa amanhã e o encontro dos líderes do G8, que começa na quarta-feira (10) em Áquila.
Um dia antes do início do encontro do G8, o primeiro-ministro Aso se reunirá com o Papa. Qual é o propósito desse encontro?
O sr. Taro Aso é o terceiro primeiro-ministro católico do Japão. Será sua primeira visita ao Papa. Em termos de relações diplomáticas, ele irá levar ao Santo Padre problemas relacionados à paz, mudanças no mundo e como o Japão pode contribuir com isso. O Japão quer estreitar e manter boas e calorosas relações com a Santa Sé. O primeiro núncio apostólico chegou ao Japão em 1919, e foi natural o início das relações diplomáticas entre as partes em 1942.
O fato de o sr. Taro Aso ser apenas o terceiro premiê católico japonês significa que católicos encontram dificuldades para galgar posições maiores no país ou isso está relacionado com o fato de que os católicos são minoria? Como é a relação entre outras religiões e o catolicismo no Japão?
O Japão é uma sociedade pós-moderna muito avançada. A religião não desempenha um papel relevante para as pessoas. No nosso país e em outras nações desenvolvidas da Ásia, as pessoas não pertencem a uma denominação específica. Elas fazem sua própria “mistura”. É uma situação muito pós-moderna. Instituições religiosas não são muito fortes no Japão. Ser católico, lá, não o ajuda nem o atrapalha. A religião simplesmente não desempenha qualquer papel no país, porque a separação entre o Estado e a religião é muito forte. Acredito que essa mentalidade deverá influenciar em breve também os países ocidentais.
O encontro do G8 começa depois de amanhã. O que o Japão irá levar para essa assembleia?
O país irã discutir questões relacionadas à crise econômica, mudanças climáticas e paz, e contenciosos nucleares. Provavelmente a questão da imigração também.
Biografia
Kagefumi Ueno nasceu em Tóquio em 1948. É casado e possui um filho. Detém bacharelado em Artes Liberais, bacharelado e mestrado em Economia, pela Universidade de Cambridge, em Londres.
Em 1969 passou no Exame de Serviço Diplomático Avançado. No ano seguinte, foi ministro japonês das Relações Exteriores.
Entre outras funções, foi também oficial do Escritório de Assuntos Asiáticos, embaixador na Espanha, primeiro-secretário da embaixada do Japão na Argentina, cônsul geral em Nova York, cônsul geral em Melbourne e embaixador extraordinário e plenipotenciário na Guatemala.
Desde 2006 é embaixador do Japão para a Santa Sé. Foi condecorado com a Grande Ordem Quetzal pela Guatemala em 2004 e é autor de dezenas de ensaios, especialmente sobre civilização e cultura.
Deixe seu comentário