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"Seguindo as pegadas e os ensinamentos de Jesus podemos gozar da liberdade e ajudar a libertar", afirma o bispo da Osório

Osório – Rio Grande do Sul (Quarta-Feira, 09/04/2014, Gaudium Press) Dom Jaime Pedro Kohl, bispo da diocese de Osório, no Rio Grande do Sul, escreveu um artigo intitulado “Eu sou a ressurreição e a vida”, em que faz uma reflexão sobre os textos do Evangelho do tempo da Quaresma. Para ele, são passagens muito significativas e todas revelam algum aspecto da pessoa de Jesus, do seu mistério e da sua missão no mundo.

Relembrando o caminho percorrido até o momento, o prelado afirma que no primeiro domingo Jesus vence a tentação no deserto sobre o tipo de messianismo que deverá assumir; no segundo é o Pai que da nuvem revela aos discípulos, no monte da Transfiguração, “este é o meu Filho amado”; depois vimos a samaritana assegurando que Jesus tem a água viva; em seguida, o cego de nascença encontra Jesus no templo e professa “Creio Senhor que tu és o Cristo”.

De acordo com o bispo, são todos encontros marcantes que produziram mudanças fundamentais nas pessoas que encontraram Jesus. Ele explica que nem todos buscavam uma cura física, mas todos experimentam um benefício pessoal, uma libertação que dá novo sentido a sua vida, um horizonte novo, renasce a esperança.

Já, no domingo passado, recordamos a ressurreição de Lázaro, que segundo dom Jaime, é o último dos sete sinais de libertação realizados por Jesus, na catequese do evangelista São João. O prelado salienta que embora todos eles deixem entrever que Jesus veio para resgatar e plenificar a vida, esse deixa mais evidente essa plenitude e novidade pedindo ao amigo, morto há quatro dias, de sair do túmulo.

“Se observarmos atentamente os sinais realizados por Jesus, fica clara a finalidade principal do evangelista: levar os discípulos à fé autêntica. João mesmo vai dizê-lo no final do evangelho: ‘Jesus fez muitos outros sinais, que não se acham escritos neste livro. Esses porém foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o filho de Deus, e para que, crendo, tenham a vida em seu nome'”, completa.

O bispo cita ainda Marta, que diante da promessa de ressurreição, confessou com convicção: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo”. E depois de coração aliviado e cheio de esperança, ainda antes do milagre da ressurreição do irmão, mas pressentindo-a, vai dizer a sua irmã Maria: “O Mestre está aí e te chama”. E depois corre ao seu encontro.

“Jesus, depois de rezar ao Pai, ordena: ‘Lazaro vem para fora!’ e depois: ‘desatai-o e deixai-o caminhar’. Diante de sinais tão evidentes do seu poder, muitos judeus creram nele. É bonito ver Jesus que se comove diante da dor provocada pela perda do amigo querido. Muitas das ações de Jesus revelam sua compaixão pelo sofrimento humano e levam as pessoas a acreditar nele e consequentemente gozar da vida plena”, avalia.

Além disso, dom Jaime destaca que, como Lázaro, todas as comunidades cristãs são chamadas a sair dos túmulos do medo, da acomodação, do egoísmo e da tristeza; a desatar-se das amarras dos sistemas que oprimem e matam. Conforme ele, as pessoas de fé autêntica, seguidoras de Jesus, não podem permanecer escravas, amarradas, presas, mas a gozar da liberdade dos filhos de Deus, pois é para a liberdade que Cristo nos libertou.

Outro aspecto abordado pelo bispo é que se formos sinceros conosco mesmos, devemos reconhecer que ainda não somos plenamente livres, lutamos contra alguma amarra que nos prende e impede um maior vigor espiritual, um testemunho mais radical, um anuncio mais ousado, um compromisso maior com a transformação da nossa realidade social marcada pela injustiça e a desigualdade.

Para ele, precisamos sair dos nossos túmulos inertes do medo, da apatia e da indiferença para solidarizar-nos com os que padecem pela falta de condições dignas de trabalho, de moradia, de educação, de manifestação da sua fé e do aconchego de um lar.

Com relação a Campanha da Fraternidade deste ano, o prelado reforça que ela traz a temática do tráfico humano, realidade de morte, porque cerceia a liberdade das pessoas, explora sua força de trabalho e agride sua dignidade forçando-as a se prostituírem, deixando as pessoas de alguma forma amarradas, sepultadas vivas por dívidas financeiras que nunca terminam de pagar, por maquinações e pressões psicológicas através da retenção de documentos e ameaças a familiares.

“Precisamos, sim, fazer tudo o que está ao nosso alcance, tanto para prevenir – em modo que as pessoas não caiam nessa desgraça provocada por promessas mirabolantes – como para remediar, denunciando todo sinal de suspeita sobre possíveis situações de tráfico humano.”

Por fi, dom Jaime ressalta que Deus não quer ninguém escravo de si mesmo, sepultado no álcool, droga, fumo, ganância, promiscuidade, pornografia; e nem dos outros pelas marras da opressão do trabalho escravo, da exploração de qualquer tipo, pela violação dos direitos e da liberdade entendida no seu verdadeiro sentido.

“Todo cristão é chamado por vocação a ajudar os irmãos a sair dos túmulos em que jazem e a se libertar das amarras que os prendem por fios mesmo que sejam de ouro e que os impede de viver na alegria na liberdade dos filhos e filhas de Deus. Sim! Ele, Jesus, é a nossa ressurreição e vida. Seguindo suas pegadas e seus ensinamentos podemos gozar da liberdade e ajudar a libertar”, conclui. (FB)

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