O Cristo de Ubaté
Redação (Terça-feira, 11-03-2014, Gaudium Press) – Uma tarefa difícil é descrever a visita que a graça de Deus faz a uma alma: seja ela oriunda de um conselho, de uma música que se ouviu ou um lugar onde aconteceu algum milagre.
Difícil? Muito difícil,… porque a pessoa se depara com um mundo imponderável de matizes, de impressões, de…sobrenatural que foge do cotidiano. Essa experiência eu a senti visitando o Santo Cristo da Basílica Menor de Ubaté.
Ubaté fica localizada na entrada do vale colombiano que leva o mesmo nome e, segundo alguns, o significado dessa palavra de origem indígena é “terra ensanguentada”: uma região de clima frio, responsável por grande parte do leite, batatas, milho e trigo que a Colômbia produz.
A paisagem que se percorre até chegar ao Santuário pela estrada é linda em colorido, sobretudo quando banhada pela luz do sol da tarde. Tons de verdes pintam as suaves colinas e muito gado é visto pelo caminho. Ao chegarmos na cidade deparamos com ruas estreitas de casas enfileiradas e uma população que se desloca em bicicletas, sem muito se importar com automóveis, dando uma sensação de tranquilidade que as grandes cidades, de há muito perderam.
Uma dessas ruas nos leva direto à Basílica onde está o Cristo milagroso. É uma imponente construção de linguagem neogótica, branca e com agulhas que parecem desafiar uma as outras, na tentativa de alcançar o céu. No seu interior, as ogivas, vitrais e pinturas são como preces que se elevam até Deus.
No altar mor está o Santo Cristo, imponente e piedoso. Mas nem sempre ele ocupou esse lugar…
Quando ele foi esculpido por um prateiro de nome Diego de Tapia, a escultura não saiu como esperavam os fiéis e os religiosos que cuidavam do templo: a obra era tosca, de aparência feia, bem feia. E, por essa razão, foi sendo deixada em pontos secundários da igreja. Permaneceu quase escondida na sacristia, por vários anos.
No Natal de 1619, um fato mudaria para sempre a história dessa imagem:
Três camponeses, carregando seus instrumentos de trabalho, entram no recinto sagrado para rezar e presenciaram algo fabuloso e inexplicável. Da imagem do Cristo emanava no peito, rosto e cotovelos um suor, parecido com um bálsamo suave. Maravilhados, eles procuraram os franciscanos responsáveis pelo local e avisaram o que estava ocorrendo.
Os frades, com cuidado e respeito, recolheram o precioso líquido em panos e, à medida que faziam isso, observavam que a escultura, agora já com uma aparência bela, deixava aparecer as cicatrizes da flagelação: Milagre!
Após a transudação, a escultura parecia outra e outros eram os sinais da flagelação que ficaram visíveis.
Hoje, o Cristo está acima do altor mor para que todos possam venerá-lo.
Junto dele, encontra-se um ambiente de paz, harmonia e fé. E todo o Santuário é impregnado por essa atmosfera de recolhimento: algo imponderável, que não se mede, mas, que toca profundamente a alma do peregrino e as palavras só conseguem transmitir de modo insuficiente…
Sentando em algum banco daquela obra-prima de estilo medieval, pode-se ouvir a voz do Divino Mestre que nos sussurra no mais fundo de nosso ser:
“Não tenhais medo, eu venci o mundo!”
Por Lucas Miguel Lihue





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