"Para os cristãos a Cruz é expressão de amor", afirma o Arcebispo de Porto Alegre
Porto Alegre – Rio Grande do Sul (Segunda-Feira, 25/11/2013, Gaudium Press) Dom Jaime Spengler, o mais novo Arcebispo de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, escreveu um artigo sobre a Cruz. No início do texto, o prelado afirma que nada parece mais conhecido do que a Cruz, pois caminhando pelas cidades da região é possível encontra-la em vários lugares, ali diante de nossos olhos.
Segundo o Arcebispo, para alguns a Cruz não diz nada; para outros é recordação de um evento histórico acontecido em Jerusalém a quase dois milênios, e que, posteriormente, determinou a história e a cultura, a Fé e a esperança de tantos homens e mulheres; para outros ainda ela causa mal estar e repulsa; e por isso desejam que seja afastada, retirada dos espaços públicos, retirada de toda visibilidade. Para além de toda possível polêmica, temos de reconhecer que ela, a Cruz, é um símbolo dominante.
“Para nós Cristãos, a Cruz é recordação do empenho e da entrega que fez Jesus de Nazaré de si, contra toda forma de determinismo, fatalismo, ‘non sense’. A partir do evento da Cruz e do crucificado é oferecida ao ser humano de todos os tempos a indicação de que a contradição, a dor, o sofrimento, a morte não são fatalismos, mas indicações da condição humana e das possibilidades do humano”, completa ele.
Outra questão abordada por Dom Jaime é que mesmo entre os cristãos existe, por vezes, a impressão de já saber do que se trata quando vem usada a expressão “Cruz”. Para ele, nós pensamos já saber o que seja a Cruz, e esta impressão de já saber não nos permite colher sua essência. Na verdade, conforme o prelado, possuímos dela representações e imagens vagas, palavras ou um sentimento mais ou menos forte de rejeição, ódio, medo, ojeriza, indiferença; ou se assumida, a compreendemos, talvez, como sacrifício de resignação, humilhação, aniquilação, abnegação.
“O que é a Cruz?”, questiona o Arcebispo. Com uma passagem da Bíblia, ele mesmo responde a pergunta: É escândalo e loucura (cf. 1Cor 1,23); é escândalo que não pode ser anulado (cf. Gl 5,11). De acordo com Dom Jaime, tal anulação acontece lá onde o estético se sobrepõe ao ético, ignorando o religioso; lá onde tudo se decide a partir de informações generalizantes; lá onde se está interessado em mostrar feitos.
“Ora, a Cruz e sua significância perturbam e inquietam, pois apontam para aquilo que significa ser cristão. É loucura para o mundo sustentado e orientado pela imagem, pois a Cruz diz de uma realidade que incide na carne, na existência real de todo ser humano autenticamente cristão.”
Ainda segundo o prelado, o escândalo e a loucura da Cruz dizem que o ápice do ser humano, sua realização e felicidade, sua salvação só é possível na Cruz. Ele explica que isso acontece porque o cristianismo só pode ser compreendido a partir do encontro com a pessoa de Jesus Cristo, o lançar-se no seu seguimento e na decisão de imitá-lo até a morte, se necessário for!
“Sem isto, a Cruz e o cristianismo podem ser vistos como mero fato cultural. Não que isto não seja expressão de inúmeras realizações; no entanto, isto seria expressão de reducionismo, pois a Cruz e o cristianismo ultrapassam o fator cultural”, acrescenta.
Em relação aos homens e as mulheres que vivem na fé e a partir da Fé, o Arcebispo destaca que a Cruz é expressão de amor. Ele acredita que a Cruz fala do amor de Deus por cada ser humano, e que diante da Cruz, o ser humano de todos os tempos, de todas as culturas é convidado a renovar a fé na força do amor; é convocado a crer que mesmo diante das situações as mais diversas, Deus é capaz de vencer o mal e a morte; é provocado a dispor-se para uma vida nova, transformada, ressuscitada.
“Na Cruz está conservada a semente, o gérmen da esperança na vida! O viver a partir da Fé e na Fé concede ao ser humano de todos os tempos um norte, uma meta, um objetivo que não está nele mesmo. Isto porque sabemos que não é o poder que redime, mas o amor. Sabemos que o mundo e o ser humano são salvos não por crucificadores, mas pelo amor expresso de forma escandalosa e louca no alto de uma Cruz”, enfatiza.
Por fim, Dom Jaime afirma que o mundo pode querer ignorar a Cruz. Ele avalia que a ciência e a técnica empreenderam caminhos que dispensam qualquer referência à Cruz; a instituição escola encontra dificuldades de apresentar as crianças, adolescentes e jovens a Cruz e suas implicâncias; a instituição família, talvez, não sinta mais a necessidade de introduzir os seus no âmbito da Fé com seus desdobramentos.
“Não faltam vozes a proclamar que tal situação é expressão de um momento histórico-cultural; outros apontam para dificuldades de linguagem; outros ainda indicam o fim de uma época, e que, portanto, estaríamos vivendo uma mudança de época. Certamente, todas essas indicações têm suas razões.”
No entanto, o arcebispo conclui que os filhos e filhas da modernidade não haverão de esquecer suas origens, pois sabedores de que na Cruz há vida e esperança. Ela ressalta que para os cristãos a Cruz é expressão de amor, e somente o amor transforma pessoas, constrói relações, concede vida plena ao mundo! (FB)





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