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"A Igreja é mãe, por isso deve apresentar-se ao mundo sob a face da misericórdia", afirma o Bispo paranaense

Campo Mourão – Paraná (Quinta-Feira, 05/09/2013, Gaudium Press) Dom Francisco Javier Delvalle Paredes, Bispo da Diocese de Campo Mourão, no Estado do Paraná, fala em seu mais recente artigo sobre o mês de setembro, tradicionalmente dedicado ao estudo, oração e contemplação da Palavra de Deus com maior intensidade. Segundo ele, Palavra que se revela na história e se faz história na vida e na existência pessoal de cada ser humano e Palavra que transforma, surpreende e é fonte de questionamentos para o aprimoramento da vocação cristã dos batizados.dom_francisco_javier_delvalle_paredes.jpg

De acordo com o prelado, Deus continua falando à sua Igreja através dos sinais dos tempos apresentados à sensibilidade do coração eclesial. Ele lembra ainda que nos últimos dias o Brasil pode ouvir o brado de Deus falando-lhe muito diretamente à consciência, pois a presença do Papa Francisco e a Jornada Mundial da Juventude são provas incontestáveis da voz divina a despertar nosso ânimo para a corajosa e autêntica adesão ao projeto salvífico-libertador do Pai anunciado em Cristo.

“O Papa Francisco se destaca por sua personalidade profética traduzida em gestos de simplicidade e calor humano. Consequentemente, seu modo de interpretar a realidade torna-se facilmente compreensível e assimilável pelos ouvintes. O Papa fala a linguagem universal, servindo-se da atual condição humana como parâmetro para a reflexão. Sendo assim, desejo partilhar com vocês, queridos irmãos e irmãs, alguns aspectos cruciais apontados por Francisco como caminho de crescimento para a Igreja do presente”, avalia o Bispo.

Dom Francisco explica que a reflexão do Papa se apoia primeiramente na origem divina da vocação recebida de Deus. Conforme ele, o cristão jamais pode perder de vista que sua vocação/missão é um tesouro concedido por Deus, pois essa consciência preserva e reativa em nós a identidade propriamente cristã em seu caráter mais essencial. Para o Bispo, se Deus é o protagonista da vocação por nós recebida, então não estamos aqui para fazer o que queremos: não somos árbitros de nós mesmos!

“Somos Igreja, portanto, enviados a fazer a vontade do Pai revelada pelo Filho na força do Espírito Santo. Deste modo, ser Igreja autenticamente é exercitar a humildade, deslocando o foco de si mesmo em direção à comunhão no amor e na esperança. Sobre isso o Papa Francisco ressaltou na Carta Encíclica Lumen Fidei: ‘O crente é transformado pelo amor, ao qual se abriu na Fé; e, na sua abertura a este amor que é oferecido, a sua existência dilata-se para além dele próprio'” (LF 21).

Outra questão abordada pelo prelado é que confiar em Deus e saber que Sua vontade é o critério norteador da prática eclesial converte o cristão em pessoa corajosa. De fato, salienta Dom Francisco, em seus discursos o Papa insistiu a fim de que tenhamos coragem para acolher as mudanças exigidas pelo “hoje” da história, sobretudo, aquelas transformações relativas ao abandono de estruturas ultrapassadas e outros apegos, obstáculos danosos ao progresso da mensagem cristã e à sadia maturidade humana frente a Verdade de Jesus Cristo.

Segundo o Bispo, observando com atenção o conjunto das palavras e posicionamentos de Francisco, podemos discernir algumas dimensões basilares sobre as quais devem recair as mudanças necessárias e desejadas. Ele enfatiza que se trata, sem dúvida, da revitalização do espírito missionário eclesial. Falando aos Bispos brasileiros o Papa citou por diversas vezes a Amazônia como campo de missão a interpelar as estruturas da Igreja no Brasil.

“O espírito missionário pressupõe atitude de pobreza, despojamento e simplicidade. Torna-se urgente o retorno às origens da Fé cristã, quando o fervor e o testemunho se impunham como patrimônio mais duradouro que qualquer riqueza temporal. Por conseguinte, a Igreja em sua totalidade se fará mais sensível às reais necessidades do homem e da mulher atuais. Converter-se-á em peregrina pelas periferias da existência. Periferia compreendida nas mais diversas significações do conceito: periferia material, existencial e espiritual.”

Assim compreendida a missão da Igreja, o prelado afirma que o Papa Francisco nos orienta à criação da cultura do encontro e da valorização do diálogo, e que essa perspectiva de humanização das fibras eclesiais passa primeiramente pelo coração de cada cristão. Para ele, o apelo do Papa adquirirá consistência histórica à medida que abrirmos o coração ao amor de Deus e nos convencermos do seguinte: a Igreja é mãe, por isso deve apresentar-se ao mundo sob a face da misericórdia e da solidariedade.

“Misericórdia e solidariedade são duas balizas interpretativas da eclesiologia subjacente ao modo de ser do Papa Francisco. A maternidade da Igreja se faz credível e aceitável quando seus filhos trazem consigo, em suas palavras e ações, a essência do ser de sua mãe”, destaca o prelado.

Por fim, Dom Francisco ressalta que esse caminho proposto pelo querido Papa confere grande responsabilidade aos pastores, responsáveis pela condução do Povo de Deus. Discursando aos Bispos ele lembrou o seguinte: “a formação é algo que não se pode delegar”. Os pastores devem permanecer em vigilância sobre o rebanho. O rebanho, por sua vez, precisa sentir continuamente o zelo do pastor e, confiante, prosseguir unido a ele a caminhada feliz rumo ao dia bendito no qual “Deus será tudo em todos” (1Cor 15,28).

“Meus irmãos e irmãs muito amados, a visita do Papa ao Brasil se impõe como precioso presente de Deus ao nosso povo tão fervoroso e católico. É, igualmente, sábia catequese aos que desejam percorrer o caminho da vida com os olhos fixos em Jesus. Abramo-nos, pois, ao amor derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado, despertando nossa consciência para podermos discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito”, conclui o Bispo. (FB)

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