"Uma coisa se faz necessário: prestar atenção aos comentários que se fazem sobre as outras pessoas", afirma o arcebispo de Santa Maria
Santa Maria (Sexta-Feira, 30/08/2013, Gaudium Press) Dom Hélio Adelar Rubert, arcebispo de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, escreveu um artigo com o título “Dominar a língua”, em que ele afirma que este tema é atual e melindroso, pois facilmente se cai no aspecto moralista. No entanto, segundo o prelado, uma coisa se faz necessário: prestar atenção aos comentários que se fazem sobre as outras pessoas.
O arcebispo lembra que o Papa Francisco, em uma de suas catequeses, comentou esta realidade partindo da exortação de Jesus: “Que a sua justiça seja maior que a dos fariseus” (Mt 5,20). De acordo com dom Hélio, estas palavras de Jesus vêm logo depois das bem-aventuranças e após Jesus afirmar que não veio para dissolver a lei, mas para levá-la ao cumprimento.
A reforma de Jesus, afirmou o Papa, “é uma reforma que não rompe, uma reforma na continuidade: da semente até o fruto”. Aquele que entra na vida cristã “tem exigências superiores às dos outros; não tem vantagens superiores”.
Para o prelado, Jesus menciona algumas dessas necessidades e toca em particular no tema da relação negativa com os irmãos. Quem fala mal dos outros, diz Jesus: “merece o inferno”. O arcebispo destaca que se no seu coração existe algo de negativo no tocante ao seu irmão, então existe algo que não funciona, tem que se converter, tem que mudar.
Segundo dom Hélio, o papa Francisco observou também que, em especial na tradição latina, existe uma certa “criatividade maravilhosa” para inventar qualificativos: “Quando esse apelido é amistoso, tudo bem; o problema é quando existe o outro tipo de apelidos, quando acontece o mecanismo do insulto, uma forma de denegrir os outros”.
Diz o Papa que não há necessidade de consultar um psicólogo para saber que quando você denigre o outro é porque você mesmo não consegue crescer e precisa que o outro seja rebaixado para você se sentir alguém. E este é “um mecanismo feio”.
O arcebispo de Santa Maria reforça que Jesus, com toda a simplicidade, afirma: “Não falem mal uns dos outros. Não se denigrem, não se desqualifiquem”. E completou o Papa, “porque, no fim das contas, nós estamos todos caminhando pela mesma estrada, todos seguimos esse caminho que nos levará até o final”.
Portanto, salienta ainda dom Hélio, se não caminhamos de um jeito fraterno, vamos todos acabar mal: aquele que insulta e aquele que é insultado. Francisco destacou que “se você não é capaz de dominar a língua, você se perde”. Além disso, “a agressividade natural, aquela que Caim teve contra Abel, se repete ao longo da história”.
“Isso não quer dizer que sejamos maus uns contra os outros, mas somos frágeis e pecadores. Por isso, é muito mais fácil tentar arrumar uma situação com um insulto, com uma calúnia, com uma difamação, do que solucioná-la por bem. Eu queria pedir ao Senhor, para todos nós, a graça de prestar mais atenção à língua, àquilo que nós dizemos dos outros. É uma pequena penitência, mas dá bons resultados”.
Às vezes, ainda disse o Papa, “ficamos com fome” ao nos abster de comentários sobre o próximo e pensamos: Que pena que eu não experimentei aquele gosto de um delicioso comentário sobre o outro… Mas no fim, “essa fome frutifica e nos faz bem”. Por isso, pedimos ao Senhor a graça de adaptar a nossa vida à nova lei da mansidão, à lei do amor, à lei da paz e ao apelo de podar um pouco a nossa língua, podar um pouco os comentários que fazemos sobre os outros”.
Por fim, dom Hélio exorta para que estes comentários nos ajudem a prestar mais atenção ao que falamos sobre os outros, pois é uma atitude de amor, de liberdade e de grandeza. (FB)
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