“Aprender a abraçar quem passa necessidade”
Rio de Janeiro (Quinta-feira, 25-07-2013, Gaudium Press) “Santidade, eu vivi por 17 anos me drogando. Hoje, pela graça de Deus, estou sóbrio por 11 anos e trabalhando na instituição que me acolheu.” Estas foram as palavras de um ex dependente químico ao Papa Francisco, que visitava o Hospital São Francisco de Assis da Providência Divina na tarde de ontem, 24.
Papa abraça dependente químico | Foto: Jonas Pavão |
Após a passagem em Aparecida, São Paulo, o Papa seguiu em direção ao Rio de Janeiro, mais precisamente, para o bairro da Tijuca, onde inaugurou o Polo de Atenção Integral à Saúde Mental (PAI), do Hospital São Francisco de Assis. O projeto é considerado um dos legados sociais da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Logo quando chegou, o Santo Padre foi acolhido pelos fiéis e rezou na Capela da Casa da Saúde, reformada recentemente. O Papa cumprimentou os representantes da rede de assistência social da Arquidiocese do Rio de Janeiro, que o aguardavam para este encontro.
Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, recebeu o Pontífice, citando um trecho do Documento de Aparecida, o mesmo que o então Cardeal Jorge Bergoglio foi relator, em 2007:
“Estas palavras do Documento de Aparecida tornam-se realidade no dia a dia das atividades deste hospital, sem dúvida uma obra de misericórdia e de promoção da dignidade de cada mulher e cada homem”, pronunciou Dom Orani.
Momentos de emoção não faltaram neste noite. O depoimento de dois jovens recuperados de suas dependências químicas em instituições católicas mexeu com o coração do Santo Padre:
“Sei, pelo sofrimento e humilhação que passei, o quanto é importante que bons samaritanos e outros “Franciscos” se compadeçam de nós”, afirmou um dos jovens que viveu como viciado em drogas por 17 anos e 10 como morador de rua.
Tamanha foi a felicidade dos jovens, que derramaram lágrimas de seus olhos na frente do Papa, que por sua vez, os abraçou fraternalmente.
“Olhar o outro com os olhos do amor de Cristo”
A noite, realmente, foi dos “Franciscos.” A imagem de São Francisco de Assis foi ressaltada durante o discurso do Santo Padre. O Pontífice citou a conversão definitiva do santo italiano, quando abraçou um leproso.
Nesta hora, o Papa Francisco estendeu seu abraço aos presentes, descrevendo o significado do abraço como uma acolhida cristã aos mais necessitados. “Precisamos todos de olhar o outro com os olhos do amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar solidariedade, afeto e amor.”
Ainda segundo o Papa, é preciso estender a mão a quem passa por dificuldade, a quem se encontra dependente das drogas, enfatizando a responsabilidade de cada um pela sua própria recuperação:
“Você é o protagonista da subida; esta é a condição imprescindível. Você encontrará a mão estendida de quem quer lhe ajudar, mas ninguém pode fazer a subida no seu lugar. Mas vocês nunca estão sozinhos. A Igreja e muitas pessoas estão solidárias com vocês”, disse o Papa.
No final, uma mensagem destinada para os que lutam contra a dependência química e aos seus familiares:
“A Igreja não está longe dos esforços que vocês fazem. Ela lhes acompanha com carinho. O Senhor está ao lado de vocês e lhes conduz pela mão. Olhem para Ele nos momentos mais duros e Ele lhes dará consolação e esperança. E confiem também no amor materno de Maria, sua Mãe. Esta manhã, no Santuário da Aparecida, confiei cada um de vocês ao seu coração. Onde tivermos uma cruz para carregar, ao nosso lado sempre está Ela, nossa Mãe. Deixo-lhes em suas mãos, enquanto, afetuosamente, a todos abençoo”, concluiu. (LMI)
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