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“É no encontro com o outro que encontramos Deus e a nós mesmos”, afirma o arcebispo de Londrina

Londrina (Quarta-Feira, 19/06/2013, Gaudium Press) Com o título “A arte do encontro”, dom Orlando Brandes, arcebispo de Londrina, no Estado do Paraná, falou em seu mais recente artigo que a vida humana é feita de encontros. Ele explicou que o encontro é uma experiência fundante em nossa vida, pois os nossos encontros moldaram e moldam a nossa personalidade. Ele citou São Pedro, São Paulo, a Samaritana, Zaqueu, Madalena e Nicodemos, que mudaram de vida a partir do seu encontro com Cristo.

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De acordo com o prelado, o encontro é experiência, acontecimento, comunicação de um eu com um tu para acontecer o “nós”. Ele afirma que é do encontro que nasce o namoro, o casamento, a família, a amizade, enfim a história humana. Mas o arcebispo ainda destaca que não menos maravilhoso é o encontro conosco mesmos, a autoaceitação, a autoconsciência e a autoestima.

“Os pecadores, ateus, gnósticos narram seu encontro com Deus, sua conversão como um novo nascimento, nova vida e nova personalidade. Emociona-nos o encontro de Agostinho com a graça, a misericórdia e a beleza de Deus. Francisco de Assis, Camilo de Lellis, Inácio de Loyola, são gigantes e monumentos imortais da experiência do encontro com Jesus. Uma interminável multidão de convertidos testemunha a força transformadora e irradiante do encontro com Deus”, completa.

Dom Orlando também afirma que a arte do encontro consiste em que eu me torne mais eu mesmo na comunicação com um tu, porque é graças ao encontro que o outro passa a ser “ele ou ela”, um você, um próximo, um amigo, um irmão, e não apenas um indivíduo. Ele acredita que a trajetória do encontro começa com a reciprocidade, a comunicação, a decisão e enfim o encontro, e que nós somos nossos encontros.

“O encontro nos reumaniza, reabilita e reconstrói. Deixemos de construir muros e passemos a construir pontes. ‘O encontro é um ato essencial do homem’ (M. Buber). O encontro é a ciência da singularidade onde eu posso ser eu mesmo e permito ao outro, ele ser ele mesmo. O encontro move a mudança e o crescimento, enfim, move o amor.”

Com relação a atual cultura moderna da individualidade, o prelado avalia que isto dificulta o encontro e ao mesmo tempo arrasta para encontros superficiais que acabam em desencontros. Segundo ele, a mística do encontro é exigente porque requer abertura, respeito e confiança, tornando o círculo vicioso em círculo virtuoso. Para dom Orlando, a qualidade do encontro é que conta, pois temos encontros superficiais e encontros profundos – que marcam a vida para sempre.

“O encontro verdadeiro é o remédio para a solidão, a insegurança, a baixa-estima. Como faz bem o encontro com os parentes, os amigos, os colegas de trabalho, sem esquecer o encontro com o médico, com o padre, com o psicólogo, com o mestre. Nossa vida começou com um encontro, um abraço e se completará na face a face com Aquele que nos ama. É pelo encontro que a gente se encontra a si mesmo”, ressalta o arcebispo.

Sobre o nosso encontro com Deus, dom Orlando afirma que o nosso Deus Pai é o primeiro a sair de si e vir ao nosso encontro, pois por nos amar com antecipação ele dá o primeiro passo, oferece proposta de amizade e se revela a si mesmo, criando intimidade conosco. Conforme o prelado, Deus quer encontrar-se conosco e ele deixa-se encontrar, porque não o encontraríamos se ele primeiro não nos tivesse encontrado.

Por fim, o arcebispo de Londrina destaca que desde o acordar até ao adormecer nosso dia é marcado pelos encontros, e assim é possível entendermos como é verdadeiro e saudável o mandamento do amor fraterno. Ele nos alerta que para tirarmos fruto de nossos encontros precisamos de abertura do coração, oferta do nosso tempo, sentimento de respeito pela dignidade do outro e benevolência, pois é no encontro com o outro que encontramos Deus e a nós mesmos.

“A massificação do mundo de hoje e a individualidade impedem a experiência do encontro. Todavia, o diálogo, o perdão, a oração, a descentralização de si são meios eficazes para a gente se encontrar. A festa, a visitação, os grupos de vida e o sofrimento são ocasiões propícias para o encontro. Sem êxodo não há encontro”, conclui. (FB)

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