Gaudium news > "A comunidade humana sobrevive graças à reconciliação", afirma o arcebispo de Londrina

"A comunidade humana sobrevive graças à reconciliação", afirma o arcebispo de Londrina

Londrina (Terça-Feira, 04/05/2013, Gaudium Press) “Sem a comunidade ninguém sobrevive e a vida é simplesmente impossível”. É com esta frase que dom Orlando Brandes, arcebispo de Londrina, no Estado do Paraná, inicia um artigo em que faz uma reflexão sobre a comunidade humana. Para ele, a comunidade é como uma mãe, que nos acolhe, educa, ajuda a crescer, oferece espaço e desperta valores.orlando_brandes_arcebispo_de_londrina.jpg

De acordo com o prelado, é no seio da comunidade que nós crescemos e sobrevivemos, pois nascemos com o instinto de socialização: sem os outros, perecemos. Dom Orlando então explica que comunidade é um agrupamento de pessoas com objetivos e metas claras, onde deve haver comunicação interpessoal, conhecimento mútuo, confiança e lealdade, participação e cooperação. Ele ainda avalia que cresce no mundo moderno o individualismo e com isso a humanidade se desenvolve economicamente, mas empobrece em humanismo.

“A comunidade é como um purgatório. Ela nos molda, corrige, aperfeiçoa. As exigências são benéficas. No fim do processo, percebemos que a comunidade é uma escola de vida, sem a qual não amadurecemos. São muitas as vantagens da comunidade. Antes de tudo ela é lugar de acolhimento, de aceitação dos diferentes, de tolerância das fraquezas e de entre-ajuda. É como um novo útero que nos recria”, ressalta.

Enquanto lugar de crescimento, enfatiza o arcebispo, a comunidade faz expandir nossas potencialidades, desperta criatividades, abre horizontes e ajuda a superar a desconfiança. Por outro lado, dom Orlando afirma que a aliança dos membros da comunidade os motiva a ser corresponsáveis, vivendo o espírito de filiação e pertença, pois um carrega os fardos do outro. Ele ainda lembra que outra marca da comunidade é que ela é lugar de perdão, pois sem o perdão não há convivência nem integração: a comunidade sobrevive graças à reconciliação.

“Uma das mais belas característica da comunidade está em ela ser lugar de comunicação e revelação de nós mesmos. Aparecem as limitações, os defeitos, e, por outro lado, cresce a partilha de vida, que possibilita nossa libertação, terapia e mudança de vida. A verdadeira comunidade é lugar de libertação do egoísmo, do isolamento, do fechamento, transforma-se numa autêntica família. Ela é lugar de comunhão e de recreação, de confraternização e de solidariedade.”

O arcebispo de Londrina também reforça que a comunidade é semente de um mundo novo e melhor, é o embrião da nova sociedade, de um mundo de irmãos, do mundo como grande família, que chamamos de comunidade internacional, a globalização do amor. Segundo ele, quando a família, a empresa, a escola, o hospital, a Igreja, a rua, o bairro, o condomínio se transformam em comunidade, em equipe, em grupo, descobrem um potencial inaudito de solução dos problemas: descobrem que todos somos irmãos e que a fraternidade é possível.

Citando a Doutrina Social da Igreja, dom Orlando destaca que ela tem um capítulo especial sobre a comunidade política cuja norma essencial é o bem comum, o exercício dos direitos humanos, a dignidade da pessoa humana e a democracia. Ele afirma que nas Comunidades Primitivas, isto é, no início da Igreja, as pessoas eram unidas na fé, na oração, na partilha dos bens e no afeto, eram um só coração e uma só alma, e não havia necessitados entre eles.

“A fonte inspiradora da vida em comum é a comunidade divina, a SS. Trindade. Deus mesmo é comunhão, é comunidade de Pessoas, é família, que cria o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, ou seja, para que vivam em comunidade. O Concílio Vaticano II define a família como “comunidade de vida e de amor”, célula da sociedade”, completa.

Por fim, o arcebispo acrescenta que nós temos como urgência pastoral a transformação da paróquia em “comunidade de comunidades”, as chamadas pequenas comunidades que são os grupos bíblicos de reflexão. Conforme o prelado, nossos grupos são pequenas comunidades que se articulam e formam as comunidades eclesiais de base, o setor comunidade.

“Percebemos que os grupos são o caminho certo para a experiência comunitária, a renovação da paróquia, a transformação da sociedade. Quem participa dos grupos e vive em comunidade torna-se um grande benfeitor da humanidade. A bússola da vida humana é a alteridade e o altruísmo. O centro nãos somos nós, mas os outros. O mandamento do amor torna possível a convivência em comunidade”, conclui. (FB)

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas