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“O bem provém da íntegra causa e o mal surge por qualquer defeito”, lembra arcebispo de Porto Alegre

Porto Alegre (Quarta-Feira, 29/05/2013, Gaudium Press) “A distinção entre o essencial e o acidental” é o tema do último artigo escrito por dom Dadeus Grings, arcebispo metropolitano de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul. No texto, o prelado afirma que a filosofia se empenha no discernimento entre o essencial e o acidental, garantindo assim uma vida mais segura e objetiva, e que Santo Agostinho chegou a formular o grande princípio: nas coisas necessárias unidade, nas secundárias liberdade, em tudo caridade.

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De acordo com o arcebispo, a Igreja tem a incumbência de orientar os fieis na vida cristã e, por isso, insiste na distinção entre culpa grave e leve, que responde, respectivamente, a pecado mortal e pecado venial. Para dom Dadeus, a modernidade tenta escamotear a questão do pecado, porque envolve fé em Deus e, conseqüentemente, relacionamento com ele, mas não consegue fazer o mesmo sobre a problemática da droga, da violência, da corrupção, da sonegação, da falsificação, entre outros. “Todos se dão conta de que existe algo muito errado na sociedade atual.”

O prelado explica ainda que neste contexto de distinção entre o bem e o mal, urgindo que o primeiro deve ser feito e o segundo evitado, como norma suprema da ação, volta à questão da gravidade. Segundo ele, sabemos que todos somos humanos, o que se identifica com fragilidade. Lembrando o provérbio de que “todos são bons até que deixem de sê-lo”, dom Dadeus ressalta que quem faz o bem recebe o nome de benfeitor, ao passo que quem pratica o mal é definido como malfeitor.

“O princípio é que o bem provém da íntegra causa e o mal surge por qualquer defeito. Contudo é preciso estabelecer uma escala de valores, bem como uma escala de males. Muitas coisas são imperativas. Atingem o âmago da vida humana. Tornam quem as pratica bom ou mau. Outras, ao invés, não têm esta profundidade. Situam-se no plano dos conselhos. Podemos qualificá-las para melhor ou pior, como mal menor ou maior, como tentativa de redução de danos”, avalia.

O arcebispo lembra que a Igreja põe, como sanções para a prática do mal, que atinge a radicalidade da decisão humana, o inferno. Para ele, é a morte da moralidade, e para que aconteça é preciso que a matéria seja grave, haja perfeito conhecimento e plena liberdade. Conforme dom Dadeus, estes atos não deveriam ser comuns entre os homens, que fundamentalmente, são bons, por isso são considerados excepcionais, mas ocorrem. Infelizmente, os meios de comunicação diariamente apontam não poucos casos, classificados como crimes hediondo.

“Existem também desvios menores”, destaca o prelado, que ainda acrescenta que esses desvios não tornam o homem mau em si, mas põem nele alguma nódoa. “São como a doença ou algum ferimento. Por isso a Igreja fala de uma sanção para estes defeitos, como purgatório. Uma espécie de hospital. Atinge aqueles que não estão condenados à morte, mas necessitam de uma purificação para se apresentarem imaculados diante de Deus para o gozo da felicidade plena. Esta situação, do céu, do purgatório e do inferno, já começa nesta terra. A prática do bem ou do mal leva a ela e já a antecipa”, completa.

Por fim, o arcebispo enfatiza que quando a Igreja dá orientações a seus fieis deseja que sejam felizes aqui e ali, no céu, não pretendendo evitar todos os desvios, principalmente os não fatais, mas advertindo que há algo melhor a escolher.

“Na moral se distingue entre grave e leve. Na teologia se apresentam notas teológicas para garantir a firmeza das verdades enunciadas: dogmas de fé, verdades certas, opiniões, dúvidas, suspeitas e hipóteses. Volta o princípio agostiniano: nas coisas necessárias, unidade, ou seja, nos dogmas de fé não se duvida; nas verdades certas se procura entendimento e nas demais continua a pesquisa e se pode livremente discutir”, conclui ele. (FB)

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