Bispo auxiliar de Porto Alegre comenta eleição do Papa Francisco
Porto Alegre (Quinta-Feira, 14/03/2013, Gaudium Press) Depois da surpreendente renúncia de Bento XVI ao ministério de Bispo de Roma, 115 homens reunidos na Capela Sistina, no Vaticano, escolheram seu substituto. É com esta frase que dom Jaime Spengler, bispo auxiliar de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, inicia seu artigo com o título “Habemus papam”. Ele enfatiza que os dias que antecederam essa escolha foram marcados por tempos de oração, estudo e conhecimento mútuo para aqueles que receberam essa nobre e desafiadora incumbência.
Segundo bispo, aceitar a eleição certamente não foi fácil, pois como sucessor dos Apóstolos, e particularmente do Apóstolo Pedro, o Papa tem a missão de zelar pela vida do rebanho universal; ele é também a cabeça do colégio dos Bispos, Vigário de Cristo e Pastor da Igreja universal neste mundo; ele, por consequência, e em razão do cargo, goza na Igreja de poder ordinário, supremo, pleno, imediato e universal, que pode exercer sempre livremente. “Trata-se de uma missão de enorme envergadura”, completa ele.
Dom Jaime explica que para aquele que recebeu o número de votos exigido para que a eleição fosse válida é feita a seguinte pergunta: aceitas a tua eleição canônica para Sumo Pontífice? “Pergunta desafiadora! Resposta difícil! Como não recordar neste momento a tríplice pergunta de Jesus a Pedro: Tu me amas? No centro da decisão não pode estar outra coisa senão o amor pelo Senhor. Entretanto, na origem do amor pelo Senhor está sempre o amor do Senhor pelos seus”, analisa o bispo.
O ministério do Bispo de Roma, reitera o prelado, traz em si a marca do amor: amar aos irmãos e irmãs com o mesmo amor do Senhor pelos seus. E de acordo com ele, este amor não tem somente característica de amizade e reciprocidade, mas indica a disposição de, se necessário, dar a vida; trata-se, pois, de um amor sem reservas, que exige tudo. “O ministério do Santo Padre é exercício de amor. Amor ao Senhor e seu Evangelho; amor pelo ser humano, amor pela verdade, amor pela vida em suas diversas manifestações.”
Quanto a uma revisão do serviço petrino, que tem sido solicitada por diversas partes do mundo e de diversos setores da Igreja, dom Jaime afirma que se sugere maior transparência, rapidez nas decisões; solicita-se um maior envolvimento das Conferências Episcopais nas grandes decisões que dizem respeito à vida da Igreja. Enfim, resume o prelado, se deseja o fomento efetivo daquilo que se cunhou denominar comunhão e participação, tratando-se de um grande desafio que vem sendo apresentado ao governo da Igreja.
“A humanidade e consequentemente a Igreja se vê atingida pelo fenômeno denominado ‘mudança de época’. Este fenômeno atinge não somente este ou aquele aspecto concreto da existência; atinge os próprios critérios de compreender a vida, tudo o que a ela diz respeito, inclusive a própria maneira de entender Deus. Constatamos que o próprio nome de Jesus Cristo é utilizado para expressar atitudes até mesmo opostas ao Reino de Deus, deixando confusos os que querem efetivamente viver a vida de discípulos e discípulas do homem que passou por entre nós fazendo o bem (At 10,38) e fazia bem todas as coisas (Mc 7, 37)”, avalia.
Por fim, dom Jaime diz que o sucessor do príncipe dos Apóstolos exerce um ministério de caridade em favor de todos, e a ele compete o serviço de confirmar os irmãos e a desafiadora missão de guiar a comunidade dos discípulos e discípulas do Senhor por “águas tranquilas”, na comunhão com os bispos do mundo inteiro.
“Habemus papam! Papa Francisco! Para a América Latina é uma notícia de grande significado. Trata-se de um de seus filhos! Recordemos o fato de a América Latina ser marcada pela tradição cristã católica. Isso aponta para um desafio que toca a todos: fazer valer os princípios nobres e cristãos que distinguiram e distinguem parcela considerável de nosso povo. Possa o novo Papa ser pastor bom; homem a nos indicar caminhos para uma vida sempre mais evangélica. Homem segundo o coração do Senhor, capaz de acolher a todos, ministro da unidade da Igreja do Crucificado – Ressuscitado”, conclui. (FB)
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