O Martírio de Santa Perpétua e Felicidade
Hoje a Igreja Católica celebra o dia de Santa Perpétua e Santa Felicidade. Duas mártires que souberam perseverar em meio aos sofrimentos e alcançaram a felicidade perpétua
Redação – (07/03/2024, 08:30 Gaudium Press) Ao longo de todos os períodos da história, observa-se a frequente participação dos seres humanos em conflitos, disputas e guerras, motivados por diversas razões.
Em algumas ocasiões, a luta pode estar relacionada a necessidades básicas como alimentação e acesso à água; em outras, as disputas surgem devido a questões territoriais; enquanto em outras situações, são evidentes os anseios por reconhecimento e honra.
A gama de lutas é incalculável e vai desde as disputas internas e individuais – por exemplo, quando alguém tem que vencer um obstáculo que está dentro de si – até disputas mundiais.
Tudo isso ocorre porque a “vida do homem sobre a terra é uma constante luta” (Job 7, 1). Luta por alimento? Sim, pois todos os dias milhares de pessoas pedem a Deus: “dai-nos hoje nosso pão de cada dia” (Mt 6,11).
Felicidade: o desejo principal de todo ser humano
Mas como “nem só de pão vive o homem” (Dt 8, 3) Poder-se-ia dizer que todas as contendas existentes têm, em última análise, um único e específico fim: a felicidade.
Se é verdade que o ser humano não pode viver muito tempo sem alimentar-se ou sem beber água é igualmente verdadeira a afirmação de que nenhum homem vive sem buscar a felicidade.
De fato, cada cálculo, ato ou decisão do homem é norteado pelo desejo de alcançar a felicidade.
Daí decorrem todas as pugnas do homem: uns querem ser ricos e famosos, vão, portanto, buscar nisso a felicidade. Outros pensam encontrá-la pela força e pela tirania.
Muitos conseguiram grandes riquezas, outros foram importantes governadores, contudo quais foram realmente felizes e possuidores de uma felicidade “intensa” e, sobretudo, perpétua, eterna e absoluta? A felicidade perpétua é o objetivo de todos os homens.
Contudo, muitos cometem o erro de não identificar bem o que é a felicidade perpétua e acabam trocando-a por uma felicidade aparente, tantas e tantas vezes mentirosa. O que é então a perpétua felicidade?
A Perseguição do Imperador Severo
No ano de 205, o Imperador Severo organizou uma perseguição contra os católicos de Cartago. Severo julgava que a felicidade se encontrava nos prazeres desta terra e, vendo seu desejos contrariados pelo modo de vida dos cristãos, ordenou uma cruel perseguição contra eles.
Não sabia ele que perseguia aqueles que eram os herdeiros da felicidade perpétua. Entre os quais se encontravam duas mulheres: Perpétua e Felicidade.
A amizade ruma à felicidade eterna
Perpétua tinha 22 anos quando foi aprisionada, era romana de boa posição social e como tinha dado à luz recentemente ainda amamentava o filho.
Felicidade estava grávida e era escrava de Perpétua. Porém, a amizade entre as duas e o desejo de chegarem à perpétua felicidade as uniam mais do que o contrato senhora e serva.
As duas prisioneiras seriam libertas se abandonassem a religião Católica e oferecessem um sacrifício aos ídolos pagãos. Como elas se recusaram a isso, a única atitude das autoridades civis foi deixá-las aprisionadas até que chegasse o dia da condenação.
Unidas nas alegrias e nos sofrimentos
Na prisão, junto com seus companheiros de infortúnio, aquelas valentes mulheres aproveitavam para crescer no conhecimento e no amor a religião de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Homem-Deus, e quem elas sabiam que era a Felicidade.
Na prisão, não apenas o amor aumentava, mas também as dificuldades: Perpétua era frequentemente instigando por seu pai pagão, pessoa que ela amava de verdade, a renegar sua religião.
Além disso, via com pesar que se separaria de seu querido filho. Felicidade por sua vez estava prestes a ser mãe, contudo não poderia se rejubilar por muito tempo com a presença de seu pequeno. Estes e outros muitos tormentos passavam pelas almas das duas prisioneiras.
Porém, resolutas a obter a felicidade perpétua pediram forças a Deus para chegarem até o holocausto: Perpétua era favorecida com visões consoladoras, que ficaram registradas.
Felicidade teve seu filho, mas soube desapegar-se dele quando chegou o dia da condenação, bem como Perpétua que não cedeu às investidas do pai.
O dia do martírio
No dia marcado para a condenação a morte todos os prisioneiros estavam contentes, felizes pareciam que iam para uma festa solene, tal era a formosura de suas faces.
Chegaram ao anfiteatro, lugar de chacina onde tantos já haviam sido violentamente mortos pelas feras. Para cada prisioneiro havia uma besta diferente: javali, leopardo, urso. Uma vaca selvagem seria o instrumento de martírio das Santas Perpétua e Felicidade.
As duas entraram em público de maneira nobre e distinta e mesmo Felicidade, que era escrava, mostrou que a dignidade de cristã lhe concedeu grande nobreza e distinção.
O animal feroz se precipitou sobre Perpétua que caiu por terra, mas logo se reergueu, arrumou os cabelos e as vestes, como se desdenhasse a morte, e foi juntar-se a Felicidade que já havia sido atacada e esperava um novo golpe do animal.
Contudo, por uma razão inesperada toda a plateia gritava pedindo que cessasse o terrível espetáculo.
Os responsáveis pelo massacre dominaram a fera e retiraram as mulheres da arena. Um pouco surpresas pelo sucedido as duas santas não estavam satisfeitas por não terem sido mortas, afinal estavam a um passo da eterna bem-aventurança: a felicidade total e eterna.
Por que isto não se consumou? Mas logo se viram atendidas nos seus anseios. As duas foram conduzidas a outro lugar onde foram degoladas por um verdugo.
As duas santas deram o exemplo de que em nada se encontra a felicidade verdadeira e perpétua senão no fazer a vontade de Deus custe o que custar: dinheiro, honras, glórias, poder, nada é capaz de preencher por completo o desejo de felicidade do ser-humano, pois apenas Deus é capaz de saciar a sede de felicidade. (FM)
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