Arcebispo de Maringá: "A vida humana não tem preço, tem perfume de eternidade"

Maringá (Terça-Feira, 05/02/2013, Gaudium Press) “A vida não tem preço” é o título do mais recente artigo de dom Anuar Battisti, arcebispo de Maringá, no Estado do Paraná. No início do texto o prelado fala da comoção, dor e compaixão do Brasil e do mundo todo pelos jovens mortos na boate Kiss, na cidade gaúcha de Santa Maria, e pelas suas famílias. Para ele, foi emocionante ver tanta solidariedade, tantas manifestações de afeto e de conforto, tantas preces elevadas aos céus neste momento profundo de tristeza.

O arcebispo afirma que ninguém imaginava que algo assim pudesse acontecer, ninguém desejava, muito menos alguém poderia, voluntariamente, provocar uma tragédia deste tipo. Porém, diante do fato, ninguém pode ficar alheio. “Esse fato provocou uma séria revisão de todos os ambientes de aglomeração, pois não é possível deixar que se repita tamanha catástrofe, ceifando vidas. Revisão radical de situações semelhantes, de lugares em que a juventude se encontra como lugar de lazer, diversão”, destaca.

De acordo com o prelado, sempre existiram ambientes para danças, teatros e outros ambientes de diversão, mas o diferencial hoje está na sofisticação destes ambientes e das bandas que buscam sempre o que tem de mais moderno, com o intuito de agradar a clientela. Dom Anuar ressalta que tudo isso, quando feito sem exagero, sem extremismos, acaba se transformando em belas oportunidades de crescimento humano, social e afetivo.

“Quando tem balada, vem a pergunta: deixo ou não meu filho, minha filha, sair hoje à noite com seus amigos? Na verdade o drama pode começar dentro de casa. Quantos conflitos familiares acontecem na negociação entre pais e filhos. O relacionamento verdadeiro tem como base a confiança conquistada entre ambas as partes. Faz-se necessário saber, com quem vai, aonde vai, que horas voltará e como voltará. Perguntas que só serão respondidas na confiança mútua, e que na maioria das vezes acabam se resumindo por apenas um ‘estou indo! tchau!'”, avalia.

Diante do fato profundamente lamentável, enfatiza o arcebispo, é preciso encontrar uma solução para que isso jamais venha acontecer novamente. Ele reforça que vidas humanas não têm preço, e que ninguém vai devolver a vida de ninguém. Ainda segundo dom Anuar, ninguém tem o direito de culpar a Deus, ou dizer que foi Deus que quis, pois Deus não quer a morte, ele é o Deus da vida.

“Em tudo na vida vale a velha e antiga palavrinha equilíbrio. No dicionário online de português encontramos essa definição: estado de repouso de um corpo solicitado por várias forças que se anulam. Posição estável do corpo humano. Exibição acrobática. Ponderação, calma, prudência, equilíbrio de espírito.”

O prelado afirma que sempre e em cada momento da vida, vale levar a sério tudo com ponderação, com calma, prudência e equilíbrio de espírito. Ele acredita que milhares de fatos da vida, negativos ou positivos, onde o que marcou tanto um como outro foi a calma, ou a falta dela, foi a prudência ou a falta dela, foi a ponderação ou a falta dela, foi o equilíbrio ou a falta dele.

“A dor da perda de um ente querido não tem remédio. Só o tempo e a fé na eternidade podem dar um novo sentido. O vazio ficará para sempre. A vida humana não tem preço, tem perfume de eternidade. Rezemos por Santa Maria”, conclui dom Anuar.