Novo presidente de Pontifício Conselho pede respeito aos imigrantes

Roma (Terça, 19-05-2009, Gaudium Press) Em mais uma iniciativa para tentar conter o crescente sentimento xenófobo no país e promover as boas relações entre os estrangeiros e os italianos, a Igreja Católica, em parceria com a Prefeitura de Roma, promoveu no último domingo a 18ª edição da Festa dos Povos. A festa que tomou conta das ruas no entorno da Basílica de São João Latrão, com a presença de stands de diferentes países, apresentação de danças e gastronomia típicas, tem como objetivo reunir as diversas comunidades de imigrantes da região e chamar a atenção das autoridades para a questão.

A realização desta edição foi propicial, avaliam os organizadores, por ocorrer este ano na mesma semana em que o parlamento italiano aprovou uma polêmica lei que criminaliza a imigração ilegal no país. Segundo a nova medida, até mesmo quem oferecer abrigo a pessoas sem documentos para permanecer no país podem ser responsabilizadas penalmente.

Além disso, a marinha vem intensificando as ações na fronteira marítima para impedir que embarcações trazendo clandestinos da África e do Oriente Médio consigam alcançar a costa italiana, o que vem gerando duras críticas da ONU e da União Europeia. Isso porque a Itália está mandando para a Líbia, no norte da África, todo e qualquer barco interceptado, o que seria ilegal dentro dos direitos internacionais.

Manifestação

O ponto mais alto da festa foi o discurso do novo presidente do Pontifício Conselho para os Imigrantes, do Vaticano, monsenhor Antonio Maria Vegliò. Monsenhor Vegliò falou durante a celebração da missa, na praça de São João Latrão, pedindo mais respeito aos imigrantes e refugiados e avaliando que diversos países europeus irão cada vez mais precisar de mão-de-obra externa. O texto integral da homilia foi divulgado hoje.

Foi a primeira manifestação pública do novo responsável pelo dicastério, nomeado para a função no fim de fevereiro em substituição ao cardeal Rafaelle Martino, que renunciou por motivos de idade.

“Os políticos, as instituições, as comunidades cristãs, os meios de comunicação, todos devem aprender a olhar com outros olhos os imigrantes, cuja presença é preciosa e indispensável nas nossas cidades, e que merecem respeito, admiração e gratidão”, declarou o prelado.

Estavam presentes à missa fiéis oriundos de toda a parte do mundo. A eles, que moram principalmente em Roma, monsenhor Vegliò afirmou: “Lhes asseguramos o nosso empenho para que assumam olhos novos,molhos diferentes, todas as nossas paróquias e comunidades cristãs, os responsáveis pela política, pelas administrações centrais e locais, pela informação, pela opinião pública, por toda a cidadania. Vocês merecem respeito, admiração e também, volto a dizer, gratidão. A vossa presença é preciosa e indispensável nessa cidade”.

O presidente do Pontifício Conselho pediu também uma mudança de comportamento dos imigrantes. “Desejo que também vocês assumam novos olhos, eventualmente olhos diferentes nos confrontos em Roma, para terem em considereção as tatás pessoas que lhes querem bem, as inúmeras oportunidades que são oferecidas a tantos de vocês por uma promoção na escala social e cívica, até que se sintam cidadãos no meio de cidadãos, e sobretudo irmãos entre tantos irmãos”.

Ainda segundo Vegliò, “não deve ser menor a esperança que o maravilhoso pluralismo introduzido por vocês imigrantes seja acolhido por todos nós, cidadãos italianos e de outras nacionalidades, como uma fonte, e que nos levem a uma convivência pacífica e benéfica”.