A realeza de Jesus não é de imposição, força, controle, mas de serviço, amor, misericórdia e compaixão, afirma bispo de Osório
Osório (Segunda-Feira, 26/11/2012, Gaudium Press) Dom Jaime Pedro Kohl, bispo da diocese de Osório, no Estado do Rio Grande do Sul, em seu último artigo fala sobre a Festa de Cristo Rei, festejada no domingo e a passagem pela região da Cruz Peregrina, símbolo de fé cristã que encanta e mobiliza a juventude e a convoca para a Jornada Mundial
da Juventude 2013.
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O prelado explicou que à primeira vista pode parecer que não seja possível conjugar o tema da Cruz de Jesus e sua Realeza, e de fato, humanamente falando, parece mesmo que Cruz não combina com Realeza, mas combina muito bem com Jesus. Para ele, a Cruz de Jesus é única e original, ela é muito mais que um objeto de decoração. Dom Jaime salientou ainda que podemos encontrar pessoas que carregam uma bela cruz no peito e que levam uma vida totalmente contrária aos valores e a proposta da Cruz de Jesus.
“A Cruz de Jesus não é mais sinal de morte, mas de ressurreição e vida: é sinal de salvação! A salvação da humanidade passa pela Cruz de Jesus, pela fidelidade radical do Filho de Deus, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos. Ele se fez obediente até a morte e a morte de cruz. Uma obediência marcada pelo amor salvador de Deus”, afirmou.
De acordo com o bispo, a Cruz de Jesus é a manifestação máxima do amor de Deus por nós homens e mulheres; é a vitória do amor-misericórdia do Rei, Servo de Javé, sobre o ódio-vingança dos Pilatos e Herodes prepotentes e exploradores dos semelhantes.
Para São Paulo, recordou o prelado, a linguagem da Cruz de Cristo tem poder salvador para os creem e é loucura para os que se perdem, ou seja, os que não creem.
Dom Jaime também lembrou que o próprio Jesus preanunciou o momento da sua crucificação como momento de glorificação e vitória e não de derrota e fracasso: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que nele crer tenha nele vida eterna. Pois Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3, 14-17).
Para quem aceita o Evangelho de Jesus Cristo e nele acredita, prosseguiu o bispo, não precisa de muitas outras palavras para entender os benefícios que a Cruz de Jesus oferece à humanidade e a toda a criação que suspiram pela libertação dos filhos de Deus. Segundo dom Jaime, colocando a Solenidade de Cristo Rei do Universo na conclusão do Ano Litúrgico, a Igreja quer mostrar como tudo vai convergir para a glorificação daqueles que buscam o Reino de Deus, que buscam fazer sua santa vontade, que caminham segundo a Palavra de Deus.
Não é uma celebração triunfalista, nem tem sentido político, social e econômico, como os reinos do mundo. A realeza de Jesus não é de imposição, força, controle, mas de serviço, amor, misericórdia e compaixão. Sabemos todos que Jesus não lançou mão do seu poder quando provocado pelos judeus. Quando implorado pelo malfeitor: ‘lembra- te de mim quando estiveres no teu reino’, lhe garantiu: ‘Hoje mesmo você estará comigo no paraíso’. Portanto, no Reino do Pai”, destacou.
O bispo ressaltou ainda que o Reino de Cristo inicia com sua encarnação, alcança seu auge na hora da morte na cruz quando pede ao Pai: “Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” e se plenifica com a vitória da ressurreição. Jesus quando perguntado se era Rei nunca negou. Daí surge o questionamento de dom Jaime: Como é o Reino de Jesus? Que realeza é essa que tem como trono uma cruz e como coroa uma coroa de espinhos?
“É justamente isso que mostra como a lógica da realeza de Jesus, o Messias, é diferente. Ele é rei pelo caminho da não-violência, da misericórdia, do perdão, da reconciliação, da doação, do sacrifício de si mesmo e do serviço. Jesus é Rei do Reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz. Um Rei vencido pela força dos poderosos, mas vitorioso pela ternura do amor.”
Por fim, o prelado disse que Jesus é Rei do Reino que privilegia os desprestigiados, os excluídos e os marginalizados, e que o seu reinado não vem ostensivamente, não é barulhento e nem belicoso, não busca as glórias deste mundo. Contudo, avaliou dom Jaime, está presente como semente lançada na terra, fermento que faz crescer a massa, pérola preciosa, tesouro escondido e rede lançada ao mar.
“No sermão da montanha Jesus exorta a ‘Buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e o resto vos será dado por acréscimo’ (Mt 6,35). Portanto, algo a ser buscado, construído e pedido continuamente: venha a nós o vosso Reino”, concluiu.(FB)
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