Padre Juan Ortuño: o futuro da família na Espanha
Roma (Quarta-feira, 07-11-2012, Gaudium Press) No próximo dia 9 de novembro, Festa da Virgem da Almudena, padroeira da Arquidiocese de Madri, dá-se o primeiro aniversário da aprovação diocesana da Associação Pública de Fiéis “Mater Dei”.
Virgem da Almudena |
Seu fundador e atual conselheiro é o sacerdote Juan Pedro Ortuño, uma personalidade multifacetada que divide suas tarefas como Delegado Diocesano dos Meios de Comunicação da Arquidiocese de Madri com sua dedicação às famílias e sua colaboração com o Cardeal Arcebispo da mesma arquidiocese.
Mater Dei possuiu um novo carisma, pois em sua inspiração e em sua espiritualidade arde o desejo de assumir, no dia a dia, a maternidade do mistério de Cristo e da Igreja. A contemplação dos mistério de Cristo na figura de São José e sua particular associação à maternidade de Maria são o centro da espiritualidade da Associação Mater Dei. Na capital italiana – onde o padre Juan Pedro acompanhou ao Cardela Rocco Varela durante o úttimo Sínodo para a Nova Evangelização. Gaudium Press teve a oportunidade de entrevistar o referido sacerdote, durante um “cafézinho” no romaníssimo bairro do Trastevere em Roma.
Gaudium Press – Como originou-se a Associação Mater Dei?
Pe. Juan Pedro Ortuño – Nasceu com o convívio que tinhamos com casais que pediam um acompanhamento pessoal, uma formação, enfim, essa preocupação que existe em muitas famílias, de como perseverar, de como formar-se, a atenção aos filhos, etc.
E o iniciamos através de alguns exercícios espirituais, o que fez com que estes mesmos casais desejassem uma formação mais permanente. Assim surgiu o que agora chamamos de “Mater Dei”.
Não é somente para os casais, mas também para as famílias. De fato nos encontros que temos nas paróquias – que é do que se trata, apoiar a pastoral familiar nas paróquias – pois podem também participar com seus filhos. Esses encontros nas paróquias começam normalmente com uma exposição do Santíssimo, alguns minutos de oração, e depois uma conversa, uma conferência. E atualmente estamos presentes em Madrid, atuando em seis paróquias.
GP – No recente Sínodo, vários dos padres sinodais, abordaram o tema da família. Como o Senhor vê essa realidade da família em nossos dias?
Pe. Juan Pedro Ortuño – Me recordo, agora mesmo, algumas palavras do Cardeal Arcebispo de Madrid, Dom Antonio Maria Rocco, no Congresso das Conferências Episcopais Européias que houve em Sangalen, Suiça, há algumas semanas, onde ele falou de dois problemas constitutivos da Igreja na Europa. Em primeiro lugar as famílias e em segundo a vida interior. O tema das famílias é algo fundamental.
Fundamental porque é a Igreja doméstica a que garante a permanência dessa Fé na mesma Igreja universal. É muito importante esta dedicação aos casais, às famílias, para que a Igreja tenha uma verdadeira garantia.
GP – A família é por excelência onde surgem as vocações sacerdotais e à vida consagrada, assim como ao matrimônio cristão. O senhor acredita que se evangelizarmos mais as famílias essas vocações aumentariam na Espanha?
Pe. Juan Pedro Ortuño – Isso é evidente. Há alguns dias em Madri, na sede da Conferência Episcopal Espanhola, o Bispo de San Sebastian, Mons. José Ignacio Munila, encarregado na CEE (Conferência Episcopal Espanhola) da Pastoral da Juventude, falou em uma conferência de imprensa sobre a grande crise dos jóvens, e assegurava que 50% dos jóvens na Espanha não conhecem a Jesus Cristo. E evidentemente esse protagonismo para esse conhecimento de Nosso Senhor dá-se através das famílias. São as famílias as receptoras e as transmissoras dessa Fé que devem dar a seus filhos. É fundamental que essa claridade esteja garantida nas famílias para que transmitam essa Fé adequada para que seus filhos discirnam se a sua vocação é para o sacerdócio, a vida religiosa ou para constituir um matrimônio e uma família. Mas é fundamental essa presença evangelizadora dentro das famílias.
GP – Que apostolado faz a Associação Mater Dei com os filhos das famílias que pertencem a ela, ou as que são por ela trabalhadas?
Pe. Juan Pedro Ortuño – Agora mesmo nós temos, cedida pelas irmãs do Amor de Deus, uma casa em Colmenarejo. Foi-nos cedida por elas pois já não podiam atendê-la, por falta de vocações, exatamente o que está se passando com a vida religiosa em geral. Temos então encontros onde há temas de formação, outras atividades e conversas.
E assim atendemos, espiritual e culturamente, as famílias, pois os filhos também são atendidos por grupos de catequistas para que possam ter a formação adequada.
GP – Vossa Reverência participou do Sínodo aqui em Roma. Que experiência tirou dele? O que mais o impactou nesses dias vividos na Cidade Eterna?
D. Juan Pedro Ortuño – A mim impressionou especialmente o Santo Padre naquela famos noite, organizada pela Ação Católica aqui de Roma, a das velas, onde houve um momento de oração, de exposição do Santíssimo Sacramento, um momento também para a celebração do Sacramento da Penitência, e onde o Papa falava não de um pecado estrutural, de um pecado do mundo, senão de um reconhecimento do pecado pessoal. Essa chamada ao reconhecimento de nossa debilidade, nossa necessidade de reconciliarmos com Deus. E também algo que também um padre sinodal anunciou: “é necessária uma chamada à santidade”. Creio que devemos deixar um pouco de todas estas questões de estruturas, globalizações, que podem ser muito boas, mas são questões periféricas se não se tem em conta o essencial, que é a conversão interior e nossa relação pessoal com Jesus Cristo. Em definitivo: esse chamado à santidade.
GP – O senhor acha que a instituição família possui um futuro na Europa, mais especialmente na especialmente em Espanha?
D. Juan Pedro Ortuño – Por suposto que sim. Há uma questão que nos chamou a atenção para o tema Mater Dei, e a partir daí seu nome: a maternidade.
Maternidade da Virgem e maternidade da Igreja. A Igreja é hierárquica mas também Mãe. E a analogia que há precisamente entre esta maternidade de Deus e o que é o matrimônio é evidente. Entranhas de misericórdia e experimentar em nossa via a mesma ternura de Deus que é Pai e que através da Igreja podemos experimentar sua maternidade.
José Alberto Rugeles / Diego Alves
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