Na Vigília da Praça de São Pedro, Papa recorda alegria de 50 anos atrás
Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 15-10-2012, Gaudium Press) Como na noite de 50 anos atrás, a Praça São Pedro se acendeu com as numerosas velas dos fiéis que vieram para recordar o anúncio do dogma “Theotokos” sobre a maternidade divina da Virgem Maria o Concílio de Efeso em 431. No dia 11 de outubro de 1962 apareceu na janela o beato João XXIII, na quinta-feira, em recordação de seu inesquecível discurso improvisado, falou também Bento XVI. Ele recordou a alegria daquela noite de 50 anos atrás, mas também o pecado que degenera o mundo.
Religiosas participam de vigília na praça de São Pedro. (Foto: Rádio Vaticano) |
Uma longa, rica e bela procissão de velas conduzida pelo Cardeal Vallini, partiu do Castelo Santo Ângelo. Uma longa fila de pessoas com velas cor de laranja que faziam uma luz ardente. Todos sorridentes. Muitos jovens, mas também idosos que viveram aquela noite de 50 anos atrás. As pessoas observavam a procissão com as velas também dos terraços dos prédios da Via della Conciliazione. Houve também a presença de personalidades do Vaticano.
O Cardeal Kasper, presidente emérito do Pontifício Conselho da Promoção da Unidade dos Cristão, viveu o dia 11 de outubro de 1962 na Alemanha. Era um jovem sacerdote que havia terminado o doutorado. Aquele dia foi vivido de maneira diversa de como seria vivido hoje. “Não havia a televisão como hoje”, conta o purpurado. As pessoas se reuniam mais nas igrejas para a oração pelos trabalhos conciliares.
Na Praça São Pedro, por iniciativa da Ação Católica, se reuniram 40 mil pessoas. Das 8 horas da noite iniciou a oração com a apresentação do vídeo do discurso de João XXIII e a recordação de Mons. Capovilla, seu secretário, hoje com 97 anos. Às 21h apareceu Bento XVI da mesma janela e do mesmo modo como João XXIII, para fazer um discurso improvisado, muito terno mas também realista.
“Eu também estive aqui nesta praça, há cinquenta anos – contou o Pontífice de 85 anos – quando o Beato João XXIII falou com inesquecíveis palavras do coração. Naquela noite estávamos felizes, cheios de entusiasmo, certos de uma nova primavera, um novo Pentecostes com a graça libertadora do Evangelho”.
Papa Bento XVI apareceu na mesma janela em que João XXIII fez seu discurso há 50 anos (Foto: Rádio Vaticano) |
“Hoje – continuou – a nossa alegria é mais sóbria, uma alegria humilde. Aprendemos e experimentamos que o pecado original existe e que se concretiza também em pecados pessoais, que podem também tornar-se estruturas de pecado”. Porém, no período depois do Concílio, experimentamos que “Deus não nos abandonou”.
Bento XVI falou também sobre o pecado que há pode estar também no meio dos bosns. “Nestes cinquenta anos aprendemos e experimentamos que o pecado original existe e que se traduz, sempre de novo, em pecados pessoais, que podem também tornar-se estruturas de pecado. Vimos que no campo do Senhor há sempre o joio. Vimos que na rede de Pedro se encontram também peixes ruins. Vimos que a fragilidade humana está presente também na Igreja, que a barca da Igreja continua a navegar mesmo com vento contrário e com tempestades que ameaçam a barca, e às vezes pensamos que o Senhor dorme e nos esqueceu”.
“Esta é uma parte – continuou – das experiências feitas ao longo destes cinquenta anos, mas também vivemos uma renovada experiência da presença do Senhor, da Sua bondade, da Sua força. O fogo do Espírito Santo, o fogo de Cristo não é um fogo devorador, destruidor; é um fogo silencioso, é uma pequena chama de bondade, de bondade e de verdade, que transforma, dá luz e calor”.
“Vimos que o Senhor não nos esquece. Também hoje, à Sua maneira humilde, o Senhor está presente e transmite calor aos corações, mostra vida, cria carismas de bondade e de caridade que iluminam o mundo e são para nós garantia da bondade de Deus. Sim, Cristo vive, está conosco também hoje, e podemos ser felizes inclusive hoje, porque a Sua bondade não se apaga; é forte também hoje!”
Bento XVI também pediu para levarem às crianças o seu afeto: “Ide para casa, dai um beijo às crianças e dizei-lhes que é do Papa”, disse sob um caloroso aplauso.
João XXIII na janela de seus aposentos
O discurso de João XXIII, chamado “da Lua” ou “da carícia” permanece fortemente na memória das pessoas. Nem todos sabem que, de fato, o próprio Papa não pensava em aparecer na janela aquela noite e dizer palavras que entrariam para a história. “Conhecendo a sua proverbial curiosidade”, o convenceu seu secretário, Mons. Loris Capovilla. A história daquela noite foi apresentada ontem durante a oração pela televisão RAI.
“Santidade, não apareça, não fale, mas olhe através da fresta das persianas que espetáculo, Praça São Pedro está repleta de velas, parece incendiada!”, lhe disse. O Pontífice olhou da janela e decidiu aparecer. “Coloque-me a estola”, pediu ao secretário afirmando que daria somente a benção e não falaria. Mas a comoção foi mais forte e iniciou o histórico discurso.
Quarenta mil fiéis se reuniram em frente à Basílica Vaticana para recordarem os 50 anos do Concílio Vaticano II (Foto: Rádio Vaticano) |
“Queridos filhos – disse – escuto as vossas vozes. A minha é uma voz somente, mas resume a voz do mundo inteiro. De fato, o mundo todo está aqui representado. Poder-se-ia dizer que até mesmo a Lua se apressou esta noite, observai-a no alto, olhando par este espetáculo”. Depois se dirigiu ao mundo todo: “A minha pessoa não conta nada, é um irmão que vos fala, que tornou-se padre por vontade de Nosso Senhor, mas tudo junto paternidade e fraternidade é graça de Deus”.
Em seguida, pronunciou as palavras de seu afeto, que denominaram aquele discurso como “da carícia”. “Voltando para casa, encontrareis as crianças. Fazei uma carícia às vossas crianças e dizei: esta é a carícia do Papa. Encontrareis algumas lágrimas a serem enxugadas, dizei uma boa palavra: o Papa está conosco, especialmente nas horas de tristeza e amargura”. (AA/JS)
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