Sem a Lei divina torna-se impossível viver bem, afirma o arcebispo de Porto Alegre
Porto Alegre (Segunda-Feira, 08/10/2012, Gaudium Press) “A Primeira Aliança da Humanidade”, é o tema do último artigo de dom Dadeus Grings, arcebispo de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, onde ele fala que os filhos de Israel, no exílio, não poderiam parar na origem de seus ancestrais, provindos de Ur, da Caldeia, eles tinham que recuar até o início do mundo, para colher os frutos das reflexões que ultrapassavam seu gueto.
De acordo com o prelado, havia muita coisa a ser explicada, especialmente o problema candente do mal, que experimentavam amargamente, na sua condição de desterro. Qual é a origem do mal?, questiona dom Dadeus, que em seguida afirma que no exílio apareceu um profeta, de extraordinária envergadura, que marcou e selou definitivamente a sorte dos judeus. O arcebispo destaca que não nos foi transmitido seu nome, porém seus maravilhosos e profundos escritos foram acoplados ao profeta Isaías.
Para distingui-lo do “primeiro Isaias”, dom Dadeus ressalta que o designaram como o “segundo Isaias”, o que acontece do capítulo 40 até o final, no capítulo 65. Ele diz que o enfoque central e novo é a apresentação do Servo de Javé, pois o “segundo Isaias”, como já fizera Jeremias, mostra que Deus é fiel. E para o arcebispo, o castigo que sobreveio – cruel e exemplar – se deve ao pecado do Povo e de suas lideranças.
“Foi pela infidelidade do povo à Aliança que lhe aconteceu tudo isso. Basta ler o profeta Jeremias, para perceber as barbaridades e a corrupção, que campeavam no Reino de Judá; e ler as intervenções dos profetas Elias e Eliseu para tomar consciência do que aconteceu no Reino de Israel. Mas agora, no exílio, a pergunta se faz mais premente. Por que os homens são tão maus e corruptos? Por que não se rendem à evidência do amor de Deus? Por que são infiéis a Deus e se traem mutuamente? Por quê?”, avalia.
O prelado acredita que deveria haver uma resposta para não desarticular de vez e a resposta a esta pergunta era vital, pois sem ela se perderia a esperança e se trairia a herança do Povo Eleito. Para ele, a primeira resposta vem do “segundo Isaias”: o servo de Javé, de modo geral, identificado com o Povo da Aliança, carrega em si o pecado da infidelidade. “Deve reparar o mal. Jeremias vê em Nabucodonosor o flagelo de Deus para corrigir seu povo. Mas não para aniquilá-lo. Isaias fala de um Resto de Israel, que será restaurado.”
Já a segunda resposta, segundo dom Dadeus vem da origem do homem: Adão e Eva, isto é, os primeiros pais da humanidade, foram criados justos por Deus. O arcebispo lembra que ao acabar sua obra, Deus viu que tudo era muito bom e havia harmonia no universo, criado por Ele, mas o Maligno penetrou nesta obra e seduziu a humanidade, afastando-a da Lei de Deus. “Plantou joio no trigo, dirá, mais tarde, Jesus. Daí os desencaminhou. Sem a Lei divina torna-se impossível viver bem”, completa.
Por fim, o arcebispo afirma que os exilados meditavam esta passagem com um extraordinário realismo, e puseram-na por escrito nos primeiros livros do Gênesis, com cores muito vivas. Eles estavam ali fora, exilados, longe da pátria, por culpa própria. “Eles, os exilados, não haviam sido criados ali fora. Não nasceram ali. Eles tinham uma terra, uma capital e um templo, casas e benesses. Lembravam sua terra natal como lugar onde jorrava leite e mel. Tinham sido exilados porque não haviam guardado a Aliança com Deus”, conclui.
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