A santidade é o caminho essencial para realizarmos a Nova Evangelização, afirma Bispo de Lorena
Lorena (Segunda-feira, 24-09-2012,Gaudium Press) Dom Benedito Beni dos Santos, Bispo de Lorena, no Estado de São Paulo, falou com a Gaudium Press sobre o Ano da Fé, a Nova Evangelização. Falou também sobre a 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que deverá ser instalada brevemente em Roma e da qual ele participará enquanto nomeado pelo Santo Padre.
Vejamos o que disse Dom Beni.
Gaudium Press – O senhor foi nomeado pelo Papa Bento XVI como Padre Sinodal para a 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. O que significa essa nomeação para o senhor?
Dom Beni – Pela segunda vez, o Santo Padre me nomeou membro da Assembleia do Sínodo dos Bispos. A primeira vez, em 2009, para participar da Assembleia do Sínodo para a África. A segunda vez, para participar da Assembleia do Sínodo sobre a Nova Evangelização para a Transmissão da Fé Cristã. É uma surpresa para mim. Recebi a convocação do Santo Padre com fé, alegria e disponibilidade. Penso que poderei contribuir para o desenvolvimento e aprofundamento do tema do Sínodo com a reflexão e com a experiência.
Dom Beni participará da 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que vai tratar da Nova Evangelização |
Gaudium Press – Estando já nas vésperas do Ano da Fé, que recomendação o senhor deixa aos fiéis que desejam preparar-se bem para esse Ano de Graça?
Dom Beni – O Ano da Fé tem, como finalidade, reavivar a fé naqueles que estão em crise. A fé consiste em colocar Deus como Fundamento da nossa vida, como Fundamento da reta conduta humana, portanto, da paz, da fraternidade, da justiça. Um mundo sem Deus é um mundo sem Fundamento. Uma vida sem Deus é uma vida sem Fundamento. O Santo Padre Bento XVI tem insistido sobre esse tema.
O Ano da Fé destina-se também ao aprofundamento da Fé com suas consequências para a vida das pessoas, das comunidades, da sociedade.
O conhecimento do catecismo da Igreja católica é um instrumento importante para a compreensão e vivência da fé. O catecismo não é simplesmente um livro religioso. Não é um manual de Teologia. O Catecismo é o documento da fé. Mostra aquilo que cremos, aquilo que a Igreja crê. O Catecismo motiva a pessoa para a vivência da fé.
Gaudium Press – A 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, terá por tema “A Nova Evangelização para a transmissão de Fé cristã”. Qual seria a forma mais eficaz da Nova Evangelização transmitir a Fé Cristã?
Dom Beni – A evangelização possui um conteúdo permanente: anunciar, na força do Espírito Santo, o evento Jesus Cristo, Filho de Deus: sua vida, sua Palavra, seus atos, a presença do Reino, sua morte e ressurreição.
O que varia é o método. Este depende do contexto histórico e cultural. Depende dos desafios que surgem. Estamos vivendo num tempo de mudança de época. Existe uma nova cultura provocada pela secularização, que tem, como consequência, o abandono de Deus e da religião. Hoje existe a dificuldade de conciliar vivência democrática e respeito aos valores morais; conciliar respeito à ecologia ambiental e respeito a ecologia humana. Podemos dizer, pois, que a Nova Evangelização consiste numa nova missionariedade, ou seja, na evangelização da cultura e das culturas.
Gaudium Press – O senhor crê que falar da santidade, de santificação, seja um dos bons caminhos para promover a Nova Evangelização da sociedade?
Dom Beni – A santidade não é apenas um bom caminho para realizar a Nova Evangelização. Ela é o caminho essencial. É o primeiro caminho. O Concílio Ecumênico Vaticano II ensina que a Igreja não tem luz própria. Ela é iluminada por Cristo e deve refletir no mundo a luz de Cristo. Ela reflete no mundo a luz de Cristo pelo anúncio do Evangelho e a celebração dos sacramentos. Reflete no mundo a luz de Cristo pelo testemunho de santidade. A santidade consiste na conformação a Cristo. Fazer com que a vida da Igreja e de cada membro da Igreja assuma a forma da vida de Cristo. Uma Igreja que não seja o rosto vivo de Cristo, a presença visível de Cristo no mundo, não consegue evangelizar. Pode fazer propaganda de Cristo, mas não evangelizar. Evangelizar é levar Cristo ao mundo e o mundo a Cristo. No Caso da Nova Evangelização: levar a presença de Cristo e do seu Evangelho às culturas. Isso só é possível realizar pela santidade. Na encíclica “Redemptoris Missio”, o Beato João Paulo II afirmou que a vocação universal à santidade e a vocação à missão caminham paralelamente. Uma não existe sem a outra. E na carta pós sinodal “Eclesia in America”, recordou também que os grandes evangelizadores foram grandes santos.
Gaudium Press – Com relação a “re-evangelizar” dentro da Nova Evangelização, falar de Nossa Senhora, “pregar Cristo crucificado”, seriam bons temas para seram tratados com o homem de hoje? Por que?
Dom Beni – Re-evangelizar significa tornar a evangelizar aqueles que não foram suficientemente evangelizados, isto é, aqueles cuja vida pessoal e social ainda não foi transformada pelo anúncio do Evangelho. Nossa Senhora está de tal modo inserida na história da salvação e, portanto, da missão da Igreja, que não é possível evangelizar prescindindo de sua presença na vida e na missão da Igreja. O Concílio Vaticano II, no capítulo VII da constituição dogmática “Lumen Gentium”, apresenta Nossa Senhora no mistério de Cristo e da Igreja. Recorda que Nossa Senhora é membro eminente da Igreja. Ela é o “tipo” da Igreja: modelo de fé, de amor, de esperança, de união com Cristo. O Concílio a apresenta como a Mãe da Igreja e como imagem do futuro da Igreja, pois o Povo de Deus tem uma vocação divina. Não foi sem razão que Paulo VI chamou Nossa Senhora de “Estrela da Evangelização”. Ela ilumina o caminho da Igreja missionária.
A evangelização tem, como conteúdo, o anúncio do evento Jesus Cristo, Filho de Deus. A cruz é componente essencial e central deste evento. A cruz também é voz do único Verbo, da única Palavra. Não é possível anunciar Jesus Cristo sem falar da cruz redentora. Para a Nova Evangelização vale também a afirmação de São Paulo: “Nós porém pregamos Cristo crucificado, escândalo para os Judeus e loucura para os gregos, mas, para aqueles que são chamados por Deus, quer sejam Judeus, quer sejam gregos, Cristo é potência de Deus e sabedoria de Deus” (1cor 1, 22-24). (JSG)
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