Relacionar-se com Deus é transcender todos os limites, afirma o arcebispo de Porto Alegre
Porto Alegre (Segunda-Feira, 17/09/2012, Gaudium Press) “A relação com Deus” é o título do mais recente artigo de dom Dadeus Grings, arcebispo metropolitano de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, onde ele afirma que Jesus veio ao mundo para ser sinal não só da presença divina, mas do relacionamento humano com Deus. Para ele, não há dúvida de que nenhum homem reatou tantos relacionamentos humanos com Deus, nem reconciliou tantas pessoas com a Divindade como Cristo.
Com relação à passagem do paralítico descido do telhado, o prelado ressalta que a surpresa que Jesus provocou naqueles que viram a cura deu um novo enfoque à problemática. Segundo ele, é certo que o paralítico tinha problemas consigo mesmo, provavelmente sua auto-estima estava em baixa; tinha problemas no relacionamento com o mundo, uma vez que não se podia locomover; tinha problemas com os homens, que não lhe abriram espaço para se aproximar de Jesus
“Parecia que bastaria curá-lo da paralisia para ele se relacionar melhor consigo mesmo, numa euforia de vida; relacionar expeditamente com o mundo, podendo percorrê-lo livremente; e estar de bem com os homens, sendo admirado e acolhido por todos. Jesus não privilegiou nenhum destes relacionamentos. Mostra que a raiz do mal, que o acometera, estava no relacionamento com Deus. As primeiras palavras que lhe dirige são: teus pecados te são perdoados, ou seja, está reatada tua relação com Deus”, destaca
Dom Dadeus enfatiza que o grande sinal da divindade de Jesus é o fato dele nos levar verdadeiramente a Deus. De acordo com o arcebispo, Jesus entregou sua vida humana para abrir o caminho que leva à salvação: é o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem. “Se o homem se reconhece e relaciona consigo pela consciência, embrenhando-se, pela introspecção, até ao fundo de sua vida; se relaciona com o mundo, através de um conhecimento que julga objetivo; se relaciona com os outros, através da amizade e da intersubjetividade; com Deus se relaciona através da fé.”
O prelado ainda explica que o homem faz diariamente a experiência de Deus, como o absoluto em sua vida, mas necessita apenas tomar consciência disso. Ele destaca que os sinais estão por toda a parte, onde a humanidade sabe colher, sobejamente, como referências a Deus. “Retratam-se na arte das imagens, no apreço pelos animais, na imponência das montanhas, na misteriosidade dos astros, nos poderes soberanos, na absolutização das idéias, no próprio eu…”
São João abriu um novo caminho para marcar a trajetória de Jesus e dos cristãos: quem ama conhece Deus, o que equivale a dizer que quem ama faz uma experiência de Deus. Dom Dadeus recorda que o Antigo Testamento apresenta Deus na perspectiva de Parmênides, como Aquele que é: a fonte do ser porque é Ser em plenitude. João, pela experiência que colheu na companhia de Jesus, percebeu que Deus é aquele que ama. Define-o, por isso, como Amor.
“Jesus não só aparece como sinal de Deus, convidando a ver a divindade além dele. Ele próprio é apresentado como pólo supremo na perspectiva da mente. Por Ele as pessoas deixam tudo. Colocam-no no centro de sua vida. Diante dele se prostram, com São Tomé, para proclamá-lo: meu Senhor e meu Deus. Relacionar-se com Deus é transcender todos os limites. É transcender-se a si mesmo. E o modo de fazê-lo é a fé. É o modo de relacionar-se com Deus. É a fé que salva. Não uma fé de ouvir dizer. Nem uma fé de opinião pública. A fé em Deus, por Jesus Cristo, no Espírito Santo, é um dom de Deus”, conclui.(FB/JS)
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