Há cristãos que amam a Deus como fariseus, afirma Bento XVI
Castel Gandolfo (Segunda-feira, 03-09-21-012, Gaudium Press) O sentido das palavras ditas pelo Santo Padre ao meio dia desse domingo pode ser resumido na seguinte afirmação: Colocar em prática, todos os dias, a Lei do Evangelho liberta o cristão do perigo da “falsa religiosidade”.
Relendo algumas passagens da liturgia deste domingo, dedicada ao tema da Lei de Deus, Bento XVI mostrou que uma tentação humana tão antiga quanto a relação entre Deus e o homem é querer ficar em paz com a consciência concedendo a Deus algumas palavras de superficial devoção para, na realidade, depositar a própria confiança naqueles interesses pessoais que são as verdadeiras “divindades” de muitos, inclusive de cristãos.
“Por isso na Bíblia a Lei não é vista como um peso, uma limitação que oprime, mas como a doação mais preciosa do Senhor, o testemunho de seu amor paterno, da sua vontade de estar próximo de seu povo, de ser seu Aliado e escrever com ele uma história de amor.”
Mas muitas vezes não é assim. E o Papa tomou como exemplo o que aconteceu com o povo judeu do Antigo Testamento, quando saiu do exílio e caminhou no deserto, mesmo tendo junto a si a Lei divina que Moisés exorta constantemente a ser colocada em prática por eles:
“Eis o problema: quando o povo se estabelece na terra, e é depositário da Lei, é tentado a recolocar a sua segurança e a sua alegria em algo que não é mais a Palavra do Senhor. Recoloca-as nos bens, no poder, em outras ‘divindades’, que na realidade são vãs, são ídolos.”
É claro, Deus não é colocado inteiramente de lado, observou o Pontífice. Sua Lei “permanece, mas já não é a coisa mais importante, a regra de vida”.
E é isto que, no Evangelho, Nosso Senhor Jesus Cristo censura nos fariseu, para os quais a Lei divina havia tornado-se outra coisa:
“Torna-se, sobretudo, um revestimento, uma cobertura, enquanto a vida segue outros caminhos, outras regras, interesses muitas vezes egoístas individuais e de grupo. E assim a religião perde o seu autêntico sentido, que é viver na escuta de Deus para fazer a sua vontade, e se reduz a prática de usos secundários, que satisfazem, sobretudo, a necessidade humana de sentir-se tranquilo diante de Deus. Esse é um grave risco (…) que, infelizmente, pode verificar-se, também no cristianismo.” (JSG)
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