Quando a ciência confirma o milagre
Desde os povos mais antigos, dos quais temos algum documento ou notícia, distinguem-se claramente dois pontos em comum entre todos eles: a existência de uma religião, e a de um grupo de pessoas que se dedicava ao estudo, sobretudo de ciências medicinais.
Essas características são notórias também no povo eleito. Além dos mestres da Lei, classe sacerdotal, profetas e outras personalidades da sociedade espiritual, nós encontramos homens aos quais a Providência dotou de uma especial capacidade para outras ciências. Por exemplo, quando David decide fazer a construção do grande Templo, realizada por seu filho Salomão, Deus designa, Ele mesmo, aqueles que devem trabalhar a prata e o ouro, outros que deverão entalhar a madeira, e afirma que eles possuem um especial dote para essas tarefas.
Com o advento do cristianismo, a humanidade cresceu inegavelmente no conhecimento, desenvolvimento e aproveitamento de todas estas ciências. Deve-se isso tanto à experiência herdada de seus ancestrais, quanto, sobretudo, ao valor infinito do preciosíssimo Sangue de Cristo.
À medida que os homens se foram abrindo à influência da Igreja, foram-se tornando cada vez mais eficientes em seus estudos e atividades. É o percurso realizado pelo bárbaro até chegar ao homem medieval. Vemos, por exemplo, qual foi o progresso havido na arquitetura e engenharia alcançado pelos medievais. Basta entrarmos em alguma velha catedral gótica da Europa para disso obtermos uma bela prova. Ou ainda, o constante avanço que teve a música em todos seus aspectos, chegando até homens de memória imortal como um Handel ou Mozart. Que dizer ainda do próprio cultivo agrícola? Da culinária? Da arte? Dos ambientes, costumes e civilizações?
Entretanto, em determinado momento, a humanidade decidiu voltar as costas a todas essas maravilhas trazidas por Cristo e pagas a preço de seu Sangue e converter-se em adoradora da pseudo-ciência, que outra coisa não era senão um disfarce para esconder que se adorava a si mesma, cometendo o grave erro de separar a Fé da ciência.
Se a ciência fosse portadora de uma filosofia, o que se discute muito hoje, talvez a abertura ao fenômeno da Fé, e ao próprio Deus, devessem constar, ao menos como hipótese, na sua suposta imparcialidade. Caso ela não pretenda abranger esta famosa impossibilidade ontológica, no seu parecer, relegando-a a mero sensitivismo, parece então sair um pouco de seus padrões as bandeiras tantas vezes desfraldadas e que pretendem abalar os fundamentos mais básicos da crença humana, pisoteando tantas vezes a história, a religião e a cultura e passando um atestado de incapacidade e estultice a uma humanidade que já leva muitos anos peregrinando nesta terra… Esquecem-se que a religião não visa explicar como funciona o céu e a terra, mas como se comportar na terra para alcançar o Céu. Ao entrar neste domínio, a ciência olvida-se de estar a passar uma fronteira e a penetrar em um território que não lhe pertence.
Separação radical? Não! Respeito mútuo e colaboração. É inegável o avanço da ciência em nossos dias. Assim como num cadáver a barba cresce por algumas horas, assim a humanidade progrediu em alguns pontos… Mas, terá avançado tanto quanto se o tivesse feito por amor a Deus?
Quando a religião e a ciência decidem colaborar, unindo as mãos em busca de resultados que visam, acima de tudo, a dignidade humana, unem-se as ferramentas de trabalho certas com a caridade, o desejo de verdade com a própria Verdade.
Santo Sudário de Turim |
Um fato ilustra bem a que ponto se pode chegar neste trabalho conjunto, mesmo se para isso seja necessário superar as agruras e dificuldades iniciais…
No ano de 1977, David Rolfe, com apenas vinte e seis anos de idade, ateu convicto e persuadido da “falsidade” da religião católica, decide estudar a fundo o Santo Sudário de Turim, com o firme propósito de demonstrar sua falsidade, como ele mesmo declara.
Iniciando, porém, sua pesquisa, começa a tomar contato com outras pessoas e grupos que também estudam o Sagrado Tecido, mas cada um desses grupos o fazem desde áreas diferentes. Alguns são anatomistas, outros estudam o tecido em si mesmo, outros ainda são químicos, enfim, muitas outras áreas.
Com o decorrer do tempo começam a aparecer provas da veracidade da relíquia. Por exemplo, Ian Wilson, utilizando seu conhecimento das gravuras artísticas de Cristo, formulou idéia de ligação com Mandylion de Edessa, nome pelo qual era conhecido o Santo Sudário nesta cidade e onde permaneceu até 943, segundo hipótese da revista GALILEU.[1]
Noutra prova, o botânico e perito judiciário, Max Frei, encontra 58 tipos diferentes de polens no tecido, e afirma serem a maior parte deles da região da Palestina, alguns inclusive extintos, datando de há 2000 anos atrás.
Muitos cientistas, como soe acontecer, desmentem a veracidade da relíquia e desacreditam a seriedade das pesquisas realizadas. Entretanto, a maior parte deles diz que a ciência é limitada e que ainda não pode explicar todos os fenômenos. Poderá algum dia?…
Já inseguro em seu ateísmo, David começa um processo que resultará em sua conversão. Faz então seu documentário no qual expõe todas as provas da veracidade da preciosa relíquia. Elabora seu famoso filme sobre o Sudário que é, até hoje, umBest seller sobre a matéria. De ateu convicto, passou a fervoroso católico.
O fato mais importante, e pelo qual nos propusemos fazer este artigo começa agora. Em 2008, David fez um documentário para a BBC e a RAI sobre seu estudo. Para isso, foi-lhe permitido o acesso ao Santo Sudário, que ele filmou com máquinas de última geração que gravam em High Definition, o que, por sua vez, permite visualizar o objeto filmado em três dimensões. Descobriu, então, que o Sudário é um objeto único e “adaptado” para ser apanhado em 3D, pois contém em si mesmo elementos tridimensionais. Diz David que podemos nos colocar duas questões: Quem pode ser a Pessoa impressa no tecido senão o Fundador do Cristianismo? E o processo que produziu a imagem neste mesmo tecido não pode ser outro senão o evento que mudou a história do mundo, a Ressurreição?
O pesquisador se pergunta se o Sudário não terá sido um presente de Cristo para nossa época.
O que é certo, isto sim, é que nossa época, para chegar a bom termo, deve voltar-se para Ele. E não seremos nós mesmos o melhor presente?
Por Samuel Vitor Linares.
Baseado em uma notícia recolhida em: L’Osservatore Romano – 19 maggio 2010.
[1] http://revistagalileu.globo.com/EditoraGlobo/componentes/article/edg_a. Abril de 2003, n° 141.
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