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“Quem crê em Deus acolhe os irmãos, na convicção de que eles já constituem seu céu aqui na terra”, afirma o Arcebispo de Porto Alegre

Porto Alegre (Quarta-Feira, 01/08/2012, Gaudium Press) Com o título “A pergunta crucial”, Dom Dadeus Grings, Arcebispo metropolitano de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), em seu mais recente artigo reflete sobre o seguinte questionamento: o que fazer para mostrar aos homens, que procuram, como que às apalpadelas, a Deus adorando ídolos, animais, astros, poder e riqueza?

De acordo com o prelado, dentro do método ver-julgar-agir coloca-se outro, mais filosófico, da tese, antítese e síntese, ou seja, de identificar uma posição, colocá-la no contexto cultural e tirar as conclusões práticas. E por isso, ressalta Dom Dadeus, é preciso fazer o reconhecimento da divindade em dois planos culturais: primeiro no plano da humanidade em geral, tradicionalmente denominada pagã e, depois, na cultura judaico-cristã; para concluir com o reconhecimento da presença de Deus em nosso meio, por Jesus Cristo.

Para o arcebispo, o que sobra a fazer é levar às últimas consequências esta descoberta, para concretizá-la nas quatro relações, que constituem a personalidade humana: a introspecção, quando a pessoa se percebe a si mesma; a objetivação, ao relacionar-se com o mundo; a intersubjetividade que a refere aos outros; e a fé que a põe em contato com Deus. “A religião não está no plano das ideias, mas da ação. Não procura, em primeiro lugar, responder ao ‘por que’. Interessa-lhe mais o para que se vive”, completa.

À primeira vista, explica ainda Dom Dadeus, a resposta se reduziria a uma série de práticas: moral, mandamentos e ascética, determinando o que é ser praticante, ou seja, como se pratica a religião. Na verdade, conforme o prelado, esta perspectiva parte de um ponto de observação um tanto defasado, que coloca a vida humana apenas na individualidade, olhando tanto para o seu passado como para o seu futuro pessoal, tentando viver seu presente, por assim dizer individual.

“Ora, a vida humana não é individual, ou seja, o indivíduo humano não passa de abstração. A individuação surge da tentativa de isolá-la do contexto da vida. Os filósofos ampliam a visão na certeza de que o ser humano é ele e suas circunstâncias. E dizemos mais: viver humanamente é conviver. Portanto, a pergunta fundamental a ser respondida pela vida não é: por quê? Nem para que? Mas para quem? Em outras palavras, devemos questionar nossa convivência: para quem vivemos: com quem vivemos? Como convivemos?”

O arcebispo afirma que temos duas respostas contrastantes: quem crê em Deus acolhe os irmãos, na convicção de que eles já constituem seu céu aqui na terra. “Conviver é viver bem”, diz. E segundo ele, quem não crê em Deus chega, com Sartre, a afirmar que os outros são nosso inferno. “A convivência torna-se insuportável quando não impossível, neste contexto”, avalia.

Por fim, Dom Dadeus crê que nesta perspectiva é possível entender o que é o céu e o que significa o inferno, respectivamente, como meta de uma caminhada solidária na convivência, ou como meta de uma caminhada solitária no individualismo. Para ele, o céu se exprime pelo amor, onde Deus se torna tudo em todos, e ali só reina o amor. O inferno, ao invés, enfatiza o arcebispo, é a ausência total do amor, onde ninguém ama e ninguém é amado, tratando-se de uma condição impossível de viver.

“Se alguém, nesta vida, tomar consciência desta situação, suicida-se. Não consegue levar uma vida assim. Acontece que nosso amor, bem como a falta de amor, aqui na terra, nunca é total. Caminhamos para uma meta. É importante para a caminhada conhecê-la e, assim, de algum modo, antecipá-la pela esperança: o céu ou o inferno começam aqui”, conclui o prelado. (FB)

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