“A cruz, com que cada cristão marca sua vida, tem o sentido de redenção”, afirma arcebispo de Porto Alegre
Porto Alegre (Quinta-Feira, 28/06/2012, Gaudium Press) O arcebispo metropolitano de Porto Alegre (RS), Dom Dadeus Grings, em artigo artigo publicado semanalmente, abordou o tema da relação entre arte e fé. Com o título “A Cruz da Arte”, o prelado reforçou o fato de a arte ser irmã da fé, nos fazendo ver o invisível, isto é, tornando visível, em símbolos, o que a fé nos propõe.
Segundo o arcebispo, as melhores obras de arte, tanto da arquitetura, como da pintura, da escultura e da música, se inspiram na Revelação divina. Ele dá o exemplo de São Paulo, que desenhava diante de nossos olhos, pela pregação, o rosto de Jesus, e de Lucas que retratou o salvador de modo magistral, a ponto de mover, com seus escritos, muitos pintores.
E nesse sentido, explica o prelado, é óbvio que a Cruz tenha servido de pano de fundo para muitas obras de arte, de acordo com as culturas locais, ao longo dos tempos. Ele lembra que, nos primeiros séculos, costumava-se apresentar a Cruz como símbolo da vitória. “Aparecia adornada, com pérolas preciosas e cores vivas. Depois, foi-se colocando sobre ela o Cristo vencedor. No início, reinando a partir da Cruz, vestido e glorioso. Depois se foi destacando seu sofrimento, em sua humanidade vilipendiada.”
Dom Dadeus destaca ainda que o Oriente, por exemplo, esmerou-se na confecção de ícones, que constituem pinturas sobre a Cruz, como profunda expressão da fé, e o Ocidente, preferiu, na Idade Média, ressaltar o Crucificado em seu sofrimento. O arcebispo também nos faz lembrar Bernini, que nas doze cruzes de bronze sobre os altares laterais da Basílica de S. Pedro, em cinco colocou a figura de Cristo vivo, na sua suprema angústia e nas outras sete pôs o Cristo morto, retratando o Corpo do Senhor sem vida, entregue à morte.
Sobre o significado do símbolo, dom Dadeus enfatiza que a cruz, com que cada cristão marca sua vida, tem o sentido de redenção e de vida, recebendo muitas expressões, tão diferentes como os rostos de cada um e seus problemas, suas aflições, suas esperanças e suas vitórias.
Não é à toa, ressalta o arcebispo, que o regime de Cristandade pontilhou a geografia européia com este símbolo, ornando as sepulturas dos cristãos, marcando seus caminhos, especialmente os mais íngremes, assinalando as maiores altitudes e destacando, de modo incisivo, os lugares onde ocorreu algum acidente fatal.
Por fim, o prelado fala sobre o Cristo do Corcovado, que não só ilumina o Rio de Janeiro como também se constitui em uma das maiores maravilhas do mundo. Para ele, com seus braços abertos, em forma de Cruz, o Cristo retrata com o próprio corpo a vida de cada cidadão.
“Nossa terra começou com o nome de Vera Cruz, passando para Santa Cruz, pois tem no seu céu o sinal do Cruzeiro do Sul, visto como augúrio feliz da nova terra. Este ninguém há de tirar de nosso céu, como também ninguém arrancará o Cristo do Corcovado, nem das inúmeras cidades do Brasil que o plantaram no ponto mais elevado de sua geografia, porque se encontra no coração da grande maioria dos brasileiros, em lugar de destaque de sua vida cidadã e urbana”, conclui. (FB/JS)
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