“Diante das escolhas feitas no decorrer da vida não adianta chorar o paraíso perdido”, diz o arcebispo de Maringá
Maringá (Quarta-Feira, 27/06/2012, Gaudium Press) “Muitas vezes só valorizamos algo quando o perdemos. Sentimos o quanto amamos alguém, quando se está longe. Essa experiência da perda faz parte da vida humana.” Com essas palavras, dom Anuar Battisti, arcebispo de Maringá, no Paraná, começa o seu mais recente artigo, intitulado “Saudades do paraíso perdido”, onde ele ainda reforça que existem perdas que acontecem por vontade própria, por uma decisão pessoal, condicionada pelo meio em que se vive, pois ninguém nasce alcoólatra, dependente químico, ladrão ou corrupto.
Dom Anuar Battisti, Arcebispo de Maringá |
Segundo o prelado, o ser humano está sujeito a todo tipo de situações que não dependem de uma decisão unicamente pessoal, pois para que ele decida algo é levada em conta uma série de fatores, que vem desde a concepção, até a educação, a formação ética e religiosa. “O meio ambiente em que vive é determinante na formação do caráter e da hierarquia de valores e das suas escolhas. A velha frase ainda vale: Diga com quem andas e direi quem és”, lembrou.
Para o arcebispo, diante das escolhas feitas no decorrer da vida não adianta chorar o paraíso perdido, porque cada ser humano é livre para escolher e é obrigado a aceitar as consequências das próprias escolhas. Dom Anuar enfatizou que não adianta buscar culpados, jogar a responsabilidade nos ombros dos outros: a família faz o seu papel, a escola faz a sua parte, as igrejas vivem a sua missão, porém ninguém pode determinar a trajetória de ninguém.
“E tudo isso é lindo, é maravilhoso, mas também é o tendão de Aquiles de toda a humanidade. Devemos nos questionar, por exemplo, se estamos fazendo a nossa parte para evitar o crescimento do número de dependentes químicos? As associações dos Alcoólicos Anônimos, a experiência do Amor Exigente, as casas de recuperação ou de apoio, as mais variadas obras sociais, todas são iniciativas que brotam do coração inquieto de quem quer um mundo melhor.”
O arcebispo afirmou que estas são iniciativas louváveis, profundamente cristãs e humanitárias, no entanto enquanto alguns dedicam energias para recuperar um ser humano, há outros entrando no mundo das drogas. Ele ainda explica que sabedores desta triste realidade, o que leva os agentes a continuar essa luta é saber que um cidadão recuperado é um cidadão a menos caído nas ruas. “O trabalho fundamental de prevenção e repressão está cada vez mais complicado. Mas não podemos desanimar em recuperar o paraíso perdido”, completou.
Por fim, Dom Anuar alertou que nunca pode faltar o apoio aos homens e mulheres da segurança pública. “Temos que denunciar sem medo, pois sabemos muito bem que há, inclusive, autoridades, gente grande envolvida no tráfico de drogas, contribuindo com toda essa podridão”, destacou o prelado. De acordo com ele, a busca da prática dos vícios nasce do vazio do ser humano, da falta de sentido na vida, da negação de Deus, da perda da dimensão sobrenatural. Tudo em nome da felicidade.
“Fazem o querem; nada e ninguém valem mais do que as suas decisões; pensam que tudo o que vem do outro é autoritarismo, manipulação, inclusive da escola, da Igreja, e da própria família. São senhores de si, do céu e da terra. Criam para si seus próprios deuses, constroem altares e templos para dizer que não têm fé. Tudo isso é pura saudades do paraíso perdido. No fundo, tudo isso é uma grande sede de voltar para Deus”, concluiu.(FB/JS)
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