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“Senti vergonha e me escondi”, escreve Dom Anuar Battisti

Maringá (Sexta-Feira, 22/06/2012, Gaudium Press) No último artigo de Dom Anuar Battisti, arcebispo metropolitano de Maringá, no Estado do Paraná, intitulado “Senti vergonha e me escondi”, o prelado fala sobre a história da criação do primeiro homem e da primeira mulher, Adão e Eva, colocados no “Éden”, o “Paraíso das Delícias”. Eles caminhavam felizes, contemplando as belezas criadas por Deus, até o momento em que não se contentaram em viver na obediência e submissos à vontade do criador, e comeram do fruto proibido.

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Dom Anuar Battisti
Arcebispo Metropolitano de Maringá 
 

O arcebispo recorda então que a serpente, astuta e traiçoeira, personificação do mal, levou aquelas ingênuas criaturas a pensarem diferente, a saírem da rotina paradisíaca para serem eles os donos, os proprietários de tudo aquilo, com um simples ato de desobediência. “Vocês podem ser como Deus”! Eis então que cedem à voz da víbora e se apercebem diferentes.

O texto bíblico relata que começaram a sentir medo, estavam nus, surgiu a vergonha um do outro, do próprio Deus e se esconderam.  “Ouvi a tua voz no Jardim, fiquei com medo, porque estava nu, e me escondi” (Gn3,10). Dom Anuar explica que o medo e a vergonha aparecem como conseqüência da ganância e do orgulho de decidir sobre o que é bom e o que é mal, e eles mesmos se tornam o critério para decidir, ou seja, acham que podem fazer o que bem entendem.

Para o prelado, em uma atitude de total egoísmo, Adão e Eva acabam com a felicidade, a paz interior, e são colocados para fora do Paraíso, enfrentando a dureza da vida, sujeitos a todo tipo de fragilidades. Eles terão lugar no paraíso sim, porém não mais como antes.

Quando a sociedade moderna vai entender que o paraíso começa aqui, sem batalhas e exploração, sem poder e opressão dos poderosos, sem tirar vantagens de todo tipo sem importar de quem seja?, questiona dom Anuar.

“O paraíso terrestre é para todos! O Paraíso Celeste é para os que souberem entrar pela porta estreita do amor solidário, da justiça social, da humanização do homem e da mulher, da dignidade de seres criados a imagem e semelhança de Deus, por amor e para amar. Apenas aqueles que não se deixam levar pela serpente da manipulação do bem comum, para tirar benefício próprio, terão lugar no Paraíso Celeste”, completa.

Por fim, o arcebispo enfatiza que o ser humano não precisa sentir vergonha, nem medo, não precisa se esconder, se esquivando do rosto amoroso de Deus, quando as suas mãos e a sua boca se mancharem comendo o fruto proibido. 
Ele ressalta que assim como o ser humano tem a coragem de ser injusto, corrupto, malvado, enganador, trapaceiro, sujando as mãos e a consciência, é preciso que tenha a mesma coragem e saia de trás dos esconderijos humanos, das máscaras de proteção, do farisaísmo hipócrita de puras aparências.

“Que ao menos sinta o desejo de voltar e, nos braços Daquele que te criou, encontrar a paz e as delícias do paraíso perdido. Não se esconda. Não precisa ficar nu e sentir vergonha para ter direito e lugar na sociedade. Viva a vida sem preconceitos, sem querer ser o que você não é. Seja você mesmo. Busque não só os teus desejos, olhe ao seu redor e ame a cada um. Ame a todos, ame sempre, porque o paraíso começa aqui”, conclui.

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