Gaudium news > Cardeal Ângelo Scola fala para a Gaudium Press

Cardeal Ângelo Scola fala para a Gaudium Press

cardealangeloscola.jpg
Cardeal Ângelo Scola

Gaudium Press – O Encontro Mundial das Famílias é também uma ocasião para um intercâmbio cultural. Como a Igreja ambrosiana quer se apresentar às famílias do mundo todo?

Cardeal Ângelo Scola –
Penso que a Igreja ambrosiana fala e falará através da modalidade com a qual se empenhou para atuar este extraordinário encontro. Não me refiro apenas aos aspectos quantitativos que são, de qualquer maneira de grande relevância, mas me refiro principalmente à extraordinária capacidade de abertura, acolhimento, que Milão, cidade operante soube mostrar também nesta ocasião. O que quer comunicar. Quer comunicar a unidade entre a família, o trabalho e o repouso como alguma coisa que na experiência milanesa sempre esteve de guarda. Apesar das contradições, do trabalho, das dificuldades que hoje experimentamos em diversos níveis, continua a ser o ponto no qual a sociedade milanesa agora quer construir.

GP – Como é a Milão de hoje?

Cardeal Ângelo Scola – A grande riqueza de Milão é sempre dita com uma palavra do dialeto: “Milan gar cir rima/man”, isto é, “tem o coração nas mãos”. È uma cidade realmente generosa, acolhedora, porque é uma cidade trabalhadora, uma cidade na qual todo homem e toda mulher tem o senso do afeto, do trabalho, tem o senso de solidariedade. Certo, hoje, confrontada pelas contradições que são típicas desta sociedade de início do terceiro milênio. Correm o risco de algumas vezes fechar a pessoa em si mesma. Correm o risco de fazer perder o laço que é um fator decisivo de edificação da civilização.

Depois, é uma cidade que teve que se confrontar com uma imigração que foi muito rápida diversamente das outras grandes cidades como Paris, como Berlim, como Londres. Ali o fenômeno se produziu durante 40 anos, nós tivemos que enfrentá-lo em 15 anos. Agora, 16% da nossa população é estrangeira. Portanto, é uma cidade que foi tomada pelo medo, por tantos aspectos relativos a esta mestiçagem cultural, mas também uma cidade que está respondendo lentamente a todo nível da sociedade civil, penso nas paróquias, nas escolas, por exemplo, ali temos esta belíssima experiência dos oratórios de verão, dos centros paroquiais especiais. Este ano haverá 450 mil crianças que farão esta experiência e dos quais muitíssimos são estrangeiros, comunitários, muitos também islâmicos. Portanto, nasceu uma grande estação de regeneração do cidadão milanês. Já daqui a 10-20 anos um novo cidadão milanês.

GP – Os estrangeiros estão envolvidos na preparação?

Cardeal Ângelo Scola – Sim, são envolvidos também aqueles que vivem em Milão. Até porque há já uma bela e longa tradição, há uma presença dos latino-americanos, filipinos, de pessoas dos países ex-comunistas, etc. É uma experiência muito intensa da Igreja. Respeitando suas tradições de origem, progressivamente no tecido natural da Igreja…

GP – O Encontro é também uma ocasião para dar a voz católica aos tema mais sentidos na atualidade e a importância da família de hoje. Sua Eminência crê que esta festa milanesa ajude a mudar a mentalidade fechada e que coloca obstáculos aos valores da Igreja?

Cardeal Ângelo Scola – Penso que sim. Eu diria que a reação que a sociedade e a mídia estão documentando, em um certo sentido, já teve o resultado principal. A família, constituída pelo casamento estável entre um homem e uma mulher já voltou ao centro das atenções, justo é discutir sobre todos os problemas ligados a ela. Porém continua sendo o núcleo fundamental.
Depois tudo ligado evidentemente à força de convicção, de testemunho que os cristãos saberão ter. Esta evolução social nasceu.

GP – Pela sua experiência pastoral, hoje os jovens não parecem interessados…

Cardeal Ângelo Scola – Não é verdade.

GP – Mas o problema de convivência…

Cardeal Ângelo Scola – A convivência nasce do medo, os jovens têm muito medo. Do que têm medo? Dá mais medo para sempre. Dá medo também aos idosos. Trata-se de fazer entender a eles, através da experiência de famílias adultas, através de um justo ensinamento, que há o grande dom do ensinamento do Santo Padre que sempre pela verdade de Deus. Não é menos para Deus. Mas convivência. Um diz convivo, assim verifico se. Mas para verificar é preciso pôr todos os dados no inícios.

Se eu excluo, a princípio, a fidelidade, então não verifico o que é o matrimônio. Porque me falta, … o ponto de partida já é errado. É preciso com grande paciência fazer entender o amor como tal, fazer as perguntas para sempre.
Não é de menos quem deseja fazer uma família e também ter mais de um filho na Itália. São as análises que o documentam.

GP – Como a Igreja pode contribuir para a construção da lei que não seja contra a família?

Cardeal Ângelo Scola – Utilizando todos os procedimentos democráticos que todo cidadão tem à disposição. As leis, em uma sociedade como a nossa, são feitas pela sociedade civil e evidentemente pelos governantes legalmente eleitos que devem registrar qual é a opinião dominante dentro da sociedade civil no respeito dos direitos fundamentais de todos. Por isso, os católicos devem trabalhar como cidadãos do bem, devem se confrontar com os outros e documentar desta maneira que o amor humano e a relação entre o homem e a mulher. O matrimônio e a família são um modo belo e pleno que vale à pena conservar, manter. Depois as formas serão todas as formas que a democracia consente.

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas