“O ser humano é o único ser material que tem ideia de Deus”, afirma Arcebispo de Porto Alegre
Porto Alegre (Quinta-Feira, 24/05/2012, Gaudium Press) Com o título “A revelação divina”, o arcebispo metropolitano de Porto Alegre (RS), dom Dadeus Grings, em seu último artigo fala que seria muito estranho e até incompreensível se, com todos os sinais da divindade, que os homens descobriram na natureza ou criaram com sua arte e cultura, ninguém tivesse tido uma percepção mais profunda da própria divindade.
No entanto, o arcebispo afirma, que mais estranho ainda seria se, ao longo da História humana, não só não se chegasse à percepção de Deus, mas o próprio Deus, ou seja, aquele horizonte da mente que marca nossa caminhada, nunca se tivesse aproximado um pouco mais do ser humano e não lhe tivesse falado numa linguagem compreensível, dentro de sua cultura.
O prelado explica que além das percepções sensoriais e além da inteligência, que vê o Invisível, existem, no ser humano, percepções extrassensoriais e, acima de tudo, tendências irresistíveis para o Absoluto. Ele cita, por exemplo, Santo Agostinho, que percebe em si uma força que não o deixa sossegado enquanto não repousar em Deus.
Dom Dadeus Grings, Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre |
“Constatamos que o ser humano é o único ser material que tem ideia de Deus. É exatamente o que o distingue dos animais, que são incapazes de ter uma idéia de Deus, não conseguindo elevar-se acima do sensível nem atingir o Absoluto. O ser humano, ao invés, não só é capaz de Deus, como também recebeu dele, por infusão, sua ideia, superior a tudo o que consegue pensar e conceber”, afirma o arcebispo.
Dom Dadeus ressalta que a história nos mostra que esta ideia, que Deus infundiu no homem, não conseguiu envolver todo seu pensamento, e aos poucos, foi-se deteriorando e, provavelmente, em muitos, até perdendo. “A humanidade se foi afastando de Deus. Tentou imaginá-lo e estabelecer sinais para representá-lo. Mas a Ele pessoalmente não chegava. Ficava longe. Saudava-o como seu Horizonte longínquo”, completa.
De acordo com o prelado, não seria plausível que nenhum ser humano conseguisse ter uma experiência pessoal mais profunda de Deus, visto que sua capacidade não foi destruída. E, por isso, continua dom Dadeus, vimos aflorar místicos em todos os povos e regiões da terra, que fundaram imponentes movimentos religiosos, que atraíram e empolgaram multidões de pessoas, que viam nesses homens um reflexo de Deus.
“Deus, também pessoalmente, como que sai de seu silêncio para vir revelar-se não só a si mesmo como também o seu plano em relação à criação. Já não é apenas o homem que busca Deus e que estabelece símbolos para representá-lo para sua mente e para seus sentimentos, mas é o próprio Deus que vem em busca do homem, servindo-se de símbolos para expressar-se e ser compreendido dentro das determinadas culturas humanas”, enfatiza o arcebispo.
Por fim, dom Dadeus recorda que a tradição ocidental segue o filão da revelação divina que busca sua origem em Abraão. A Revelação, que conhecemos como veterotestamentária, está centralizada no culto ao Deus único e invisível.
“Mas, como o ser humano necessita de sinais para viver e se expressar, também os Israelitas representaram sua Aliança com Deus por uma Arca, que transportavam e, por fim, puseram num templo único, em Jerusalém, como espaço reservado para Deus, chamado Santo dos Santos, totalmente fechado, escuro e, após a perda da Arca, vazio”, conclui. (FB)
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