“Lamentavelmente, hoje não há muita gente que se agarre à fé”, diz autor do livro “Quando Hitler tomou a Áustria”
Washington (Quarta-feira, 23-05-2012, Gaudium Press) O escritor austríaco Kurt von Schuschinigg Jr. concedeu na última semana uma entrevista à ACI Prensa sobre o seu novo livro, intitulado “Quando Hitler tomou a Áustria”. Schuschinigg Jr., cujo pai era chanceler austríaco quando os nazistas invadiram o país em 1938, revelou que a fé católica o ajudou a superar os tempos difíceis e as atrocidades cometidas. “A fé é sempre algo grande quando se está com problemas. Lamentavelmente, hoje não há muita gente que se agarre à fé”, desabafou.
Conforme Schuschinigg Jr., o livro foi escrito junto com sua esposa, Janet, que cresceu em Atlanta, nos Estados Unidos. Segundo o autor austríaco, a ideia da publicação surgiu de uma necessidade de se contar aos norte-americanos a história da tomada da Áustria pelos nazistas, já que Janet relatou a ele que isto não era contado nas escolas de seu país. “Os Estados Unidos deveriam sabê-lo. O resto do mundo deve sabê-lo”, afirmou o escritor, enfatizando que o livro não se trata de uma alegação a favor de nada, mas apenas de um documento que explica como era a vida dos austríacos nesta época.
Sua esposa Janet, que ajudou a concretizar a ideia do livro, gravando os relatos do marido, também participou da entrevista, e foi responsável pela definição da obra. Segundo ela, o livro é um exemplo de disciplina e fé, virtudes que são muito necessárias nos dias de hoje, quando a maioria das pessoas busca o prazer imediato, mas descobre que não é realmente feliz. “O mundo é um desastre neste momento. É aterrador. As pessoas não vão à Igreja mais”, lamentou ela.
Destacando a força da fé, o escritor contou como descreve episódios que demonstram como a Providência de Deus o ajudou, e como manifestou-se em gestos audazes de algumas pessoas. Por exemplo, recordou um caso de 1945, quando um médico alemão, em Munique, salvou-lhe a vida. Caso seguisse a risca as leis de responsabilidade da família, na época, o doutor deveria tê-lo entregue à Gestapo, o que, provavelmente, teria acarretado na sua morte. Contudo, providencialmente, ele não o fez, poupando sua vida.
Outro caso recordado pelo autor e que, segundo ele, foi uma ação da Providência divina, refere-se ao dia em que seu pai foi detido pelas tropas nazistas. Na ocasião, sua tutora, que era austríaca, tirou-o corajosamente das mãos dos militares. “Ela nunca mais conseguiu novamente um trabalho…”, relatou Schuschinigg Jr.
Contando um pouco da história de sua vida, o autor explicou que seu pai se opôs a entrada das tropas nazistas no país, mas que, ao perceber a inevitabilidade da invasão, e com o objetivo de evitar um massacre, achou por bem renunciar a seu posto. Por sua oposição, foi enviado junto com a esposa ao campo de concentração de Sachsenhausen.
Já ele pôde completar seus estudos, mas quando cresceu foi obrigado a se juntar ao exército alemão. Contudo, rapidamente desertou e tornou-se procurado pela Gestapo, a policia secreta nazista. Terminada a 2ª Guerra Mundial, a família Von Schuschinigg foi libertada e mudou-se para os Estados Unidos, conseguindo cidadania americana.
De acordo com Schuschinigg Jr., ainda que não tenha esquecido os horrores da guerra, já perdoou os responsáveis. Ele não culpa aqueles que lhe fizeram mal, porque sabe que “o fizeram por medo”. “É preciso ser capaz de perdoar”, disse.
Neste sentido, fica evidente a inspiração cristã nas atitudes de Schuschinigg Jr. Uma inspiração confirmada por Janet, que descreveu a família de seu marido como “centrada em Deus”, porque após tudo que passaram cotinuaram sendo bons católicos. “Já não se encontra bons católicos na Áustria”, declarou ela, explicando que a Igreja tem sido objeto de dura perseguição no país. (BD/JS)
Com informações da ACI Prensa.
Deixe seu comentário