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Igreja de Moçambique alerta sobre assaltos a casas de religiosos no país

Maputo (Sexta-feira, 11-05-2012, Gaudium Press) A Conferência de Religiosos e Religiosas de Moçambique publicou nesta semana uma carta aberta à população alertando as autoridades a respeito dos constantes assaltos a casas de religiosos que acontecem no país. A última vítima deste tipo de violência foi Padre Valentim Camal, que no último 3 de maio foi agredido e morto na cidade de Matola.

Nos últimos tempos, várias casas religiosas em todo país foram assaltadas. Na maioria das vezes, usando violência para alcançar seus objetivos, como sucedeu na quinta-feira passada (dia 3 de maio). Nós, religiosos e religiosas trabalhamos sem fins lucrativos, dedicando nossa vida e nosso serviço em benefício do povo moçambicano; prestando especial atenção aos membros mais vulneráveis da sociedade”, afirmaram inicialmente os religiosos.

Diante desses atos, os religiosos afirmaram que não podiam ficar calados, por isso se uniam “à maioria do povo moçambicano que busca a vida honestamente” para dizer basta. “Fazemos pública nossa indignação e nosso protesto pela violência que açoita o país de várias formas, atacando vítimas inocentes e acabando com vidas… seja através do tráfico de órgãos humanos e de pessoas, da violência sexual, dos recentes casos de sequestros (…) são distintas faces da violência em nosso país que convertem o didadão de bem em refém em sua própria terra, em seu próprio lar”, declararam.

Os representantes da Igreja Católica em Moçambique destacaram então que o desenvolvimento de um países não pode ser conseguido sem se levar em conta “os elementos-chave para o desenvolvimento do ser humano; que não é dispensável, pelo contrário: a vida humana é mais valiosa do que qualquer mega-projeto ou aplicação financeira”.

De acordo com os religiosos e religiosas, entre os vários elementos que fazem com que a dignidade humana, e não o lucro, esteja em primeiro lugar se encontra a segurança pública. “Queremos chamar a atenção dos poderes públicos, que têm o dever constitucional de promover a segurança de seu povo e não apenas tomar medidas paliativas, (…) que tomem medidas de investigação e prevenção”, manifestaram.

Contudo, segundo os clérigos de Moçambique, para que estas medidas sejam colocadas em prática, é necessário um maior compromisso das autoridade afim de minimizar esta “situação beligerante a qual está vivendo a sociedade civil”. Para isso, segundo eles, é preciso “uma melhor preparação das forças de ordem; uma remuneração justa, porque são pais de família; equipamentos modernos e adequados; maiores contingentes de pessoas colocadas nos bairros de modo estratégico”, entre outros. “Mas nada disto será suficiente se não se contar com um sistema judicial e penitenciário eficaz e verdadeiramente justo”, destacaram.

E não só às autoridades públicas foi dirigida a mensagem dos religiosos. Falando especialmente à sociedade civil, eles pediram para que adotassem atitudes pró-ativas no que tange a segurança pessoal e de familiares. “Isto significa que a omissão, a cumplicidade e ‘fazer a justiça com sua própria mãos” só pioram a situação e são coisas que deve-se evitar. Devemos sim, como cidadãos, exigir das autoridades públicas o cumprimenro de seu dever constitucional, tendo em conta que o Estado deve estar a serviço do povo e não o contrário”, afirmaram.

Por fim, os religiosos e religiosas fizeram uma chamados à sociedade em geral, às Organizações Não Governamentais (ONGs), aos meios de comunicação e a todas as pessoas de bem para que unissem forças na reflexão e no debate sobre as causas da violência no país; na fiscalização da atuação do estado; na criação de estratégias para conscientizar a sociedade em seu papel de defesa da dignidade da pessoa humana em Moçambique.

“Que a morte do Padre Valentim e de tantas outras pessoas, pais e mães de família, jovens e crianças, vítimas da violência em nosso país, nos impulsione na busca de soluções novas para velhos problemas, para construir um país mais justo e melhor, em que reine a fraternidade e a paz verdadeira”, concluíram. (BD)

Com informações da Ecclesia Digital.

 

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