“A divindade não se exprime com imagens finitas, porque é infinita
Porto Alegre (Segunda-Feira, 07-04-2012, Gaudium Press) Com o título “A divindade”, o arcebispo metropolitano de Porto Alegre (RS), dom Dadeus Grings, destaca em seu mais recente artigo que as religiões encontram sinais da divindade nas coisas sensíveis, através das quais se relacionam com ela. Ele lembra também que a filosofia estuda a natureza das coisas, e através dela se eleva ao transcendente, no entanto nem as religiões nem a filosofia existem em si.
Conforme Dom Dadeus, nem as religiões, nem as filosofias existem em si |
O prelado explica que são os homens que praticam religião e os homens que fazem filosofia e, que ambas estão, pois, no plano da atividade. Porém, segundo o arcebispo não se trata de duas categorias de seres humanos, como se, de um lado, estivessem os religiosos e, do outro, os filósofos ou os cientistas; de um lado a fé e de outro a razão. “Os filósofos e os cientistas são profundamente religiosos e os religiosos, em boa parte, procuram as causas últimas de suas crenças e a razão de ser de todas as coisas, empenhados em aprofundar seus conhecimentos científicos”, ressalta.
De acordo com Dom Dadeus, existe inato no ser humano, embutido em sua própria racionalidade, uma tendência, como que irresistível, para Deus, e, ao mesmo tempo, uma curiosidade, que levanta uma série de perguntas a serem respondidas como condição para viver feliz. Para ele, não há dúvida de que existe uma ideia de Deus, anterior a qualquer pesquisa e que brota espontânea do íntimo do ser racional. “Interpreta-se como o sopro com que Deus o distinguiu, na sua origem, de todos os demais seres vivos. Em outras palavras, a ideia de Deus foi-lhe transmitida pelo próprio Deus, ao lhe dar a natureza racional”, afirma.
Não se exprime com imagens finitas, avalia o arcebispo, porque é infinita; nem com expressões temporais, porque é eterna. Ele destaca que por isso mesmo recebeu o nome abstrato de divindade, porque retrata o polo supremo na perspectiva da mente. “Maior que ela é impossível pensar”, diz o prelado, que ainda acrescenta que se alguém conseguisse pensar algo acima dela, seria sinal que não a atingiu ainda e que sua ideia de divindade é limitada e, consequentemente, falha.
“Os filósofos propõem uma tríplice via: a via da afirmação, a via da negação e a via da supereminência, ou seja, respectivamente, pela causalidade veem em Deus todas as perfeições existentes; pela via da negação retiram as imperfeições; e pela transcendência mostram que, de fato, não conseguimos conhecer plenamente Deus. Ele é infinitamente mais. As perfeições existem em Deus pelo que significam positivamente, mas não por seu modo humano de significar”, enfatiza.
Por fim, Dom Dadeus avalia que os filósofos se elevaram da análise do movimento à divindade, vendo-a como Primeiro Movente; da constatação da causa eficiente à Causa Primeira; da contingência dos seres em observação ao Ser Necessário; da constatação dos graus de perfeição à existência da Perfeição Máxima; da causalidade final ao Supremo Ordenador; da tendência natural de felicidade ao Bem Supremo; da consciência da obrigação ao Supremo Legislador; da decodificação do Código genético à Fonte da vida. “Tirando esta meta cai toda a base”, conclui. (FB/JS)
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