O significado da cerimônia da Sexta-feira Santa

Papa Bento XVI beija os pés de Cristo durante a adoração a Santa Cruz

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 09-04-2012, Gaudium Press) Durante a celebração da cerimônia de adoração a Santa Cruz na última Sexta-feira Santa, o pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa disse que “é a nossa tarefa exaltar com vozes de alegria a vitória da cruz”. A Sexta-feira é o único dia do ano que a Igreja Católica não celebra a Santa Missa e um raro momento em que o Papa não faz homilia.

Bento XVI entrou na Basílica de São Pedro em silêncio, saudando os fiéis e peregrinos, que também em silêncio em sinal de respeito pelo dia, o receberam sem os tradicionais aplausos.

Com todos de joelhos o Santo Padre rezou na Basílica vaticana com poucas luzes acesas diante do altar. No momento da adoração da cruz ele estava sem a casula e os sapatos.

Como o Papa não faz a homilia na Sexta-feira Santa, a pregação é de responsabilidade do pregador oficial da Casa Pontifícia. Frei Raniero Cantalamessa disse que “o verdadeiro sentido da celebração da Paixão do Senhor não é somente a celebração de um aniversário, mas um mistério”.

O capuchinho disse ainda que “não se trata somente de assistir a uma representação, mas de acolher o significado, de passar de espectador à ator. Cabe a nós portanto escolher qual parte queremos representar no drama, quem queremos ser: Pedro, Judas, Pilatos, a multidão, o Cireneu, João, Maria. Ninguém pode permanecer neutro; não tomar partido, é tomar um bem preciso”.

Padre Cantalamessa recordou que a ideia da morte de Jesus na cruz nos trazendo a salvação é “indevida” porque “não nos é devida, não nos é merecida, mas é dada gratuitamente, pela fé”.

Ele disse ainda que os homens, diante da misericórdia de Deus são “mendigos porque o nunca acontece entre os homens é o que pode acontecer a cada dia entre os homens e Deus, porque, diante Dele, aqueles moradores de rua somos nós! É o que acontece conosco depois de uma boa confissão”.

Como modelo a ser seguido o pregador da Casa Pontifícia deu o exemplo do bom ladrão que “se mostra aqui um excelente teólogo. Somente Deus de fato se sofre, sofre absolutamente como inocente; qualquer outro ser que sofre deve dizer: eu sofro com justiça, e só a dor das crianças inocentes é semelhante àquela de Deus”.

A Liturgia do Sexta-feira Santa tem um rito especial. Não são celebradas as missas com a consagração da eucaristia, mas é celebrada a Paixão do Senhor. Inicia-se em silêncio com a oração diante do altar. Depois da liturgia da Palavra com o Evangelho recitado ou cantado solenemente, acontece a adoração da cruz com uma solene exposição e descoberta da imagem do Crucifixo.

A celebração termina com a Santa Comunhão. Um outro elemento particular é a oração universal com as particulares intercessões: pela Santa Igreja, pelo Papa, por todas as ordens sagradas e por todos os fiéis, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos não cristãos, por todos aqueles que não crêem em Deus, pelos governantes e pelos aflitos.