Desembargadores do RS organizam movimento pela volta dos crucifixos nas salas do Judiciário gaúcho
Porto Alegre (Quarta-Feira, 21/03/2012, Gaudium Press) A retirada de crucifixos de salas do Judiciário gaúcho, decidida no início do mês, causou controvérsia no Estado do Rio Grande do Sul e vem despertando reações no povo, na Igreja Católica e nos meios políticos. O Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do RS decidiu, no dia 06 de março, acatar pedido de uma ONG e retirar crucifixos e símbolos religiosos de todas as salas do Judiciário da região, alegando que a presença do objeto pode ir contra princípios constitucionais de um Estado laico.
No entanto, os crucifixos podem reaparecer lentamente e gradualmente nos tribunais, pois cresce entre os desembargados do Estado um movimento pelo retorno do símbolo do cristianismo.
E inclusive, dois deles, os desembargadores Alexandre Mussoi Moreira e Carlos Cini Marchionatti, declararam oposição à medida e anunciaram que não vão retirar o símbolo religioso de suas salas. Segundo Moreira, o tema ainda não transitou em julgado, isso significa que não se tem uma decisão definitiva e, portanto, a retirada dos símbolos foi precipitada.
Em recente declaração do desembargador Moreira, que atua na 4ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça (TJ), ele afirmou que mais do que um símbolo religioso, o crucifixo serve com um lembrete aos juízes para que não se precipitem ao julgar, como se precipitou Pilatos ao crucificar Jesus no lugar do assassino Barrabás.
Já para o desembargador Marchionatti, que trabalha na 20ª Câmara Civil do TJ, no âmbito do Judiciário a cruz representa a justiça e o justo, como devem agir e como devem ser os juízes.
Cresce a reação
A reação católica contra a retirada dos símbolos ganhou também o apoio do Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, e do jurista Paulo Brossard de Souza, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, que se reuniram na semana passada na sede da Cúria Metropolitana, no Centro de Porto Alegre, para discutir o tema. Brossard reforçou o argumento de que a figura de Cristo, simbolizada na cruz, aparece nos tribunais porque ele foi injustiçado e assim lembra a todos os juízes os seus deveres de isenção. Ele ainda citou o exemplo de Pôncio Pilatos, que foi um juiz covarde, que lavou as mãos na hora de decidir sobre o destino de Jesus.
Dom Dadeus Grings, enfatizou que apesar do Brasil ser um país católico e democrático, a atitude da retirada não foi nada democrática. Para o arcebispo, há lugar para todos os credos, o que não pode é um pequeno grupo mandar no destino da maioria. “Espero que os desembargadores percebam que a maioria é a favor do crucifixo”, afirmou o prelado.
No último dia 16 de março, a Associação dos Juristas Católicos do Rio Grande do Sul ingressou com uma representação no Conselho da Magistratura do TJ, pedindo a volta dos crucifixos aos espaços do poder judiciário gaúcho. Agora aguarda-se uma reconsideração por parte do conselho sobre o assunto.
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