Defendendo abertamente o infanticídio, dois filósofos criam polêmica
Londres (Quinta-feira, 01-03-2012, Gaudium Press) Uma grande polêmica está sendo criada por conta de um artigo publicado no último dia 28 de fevereiro na revista Medical Ethics do Reino Unido. A matéria afirma que é lícito matar os recém-nascidos sob as mesmas condições de que o aborto é considerado legal. Seus autores, os filósofos Alberto Giublini e Francesca Minerva afirmam que “os mesmos argumentos que se aplicam para matar um feto humano, podem ser aplicados consistentemente para matar um humano recém nascido”. Os autores evitaram usar a palavra infanticídio, criando o eufemismo “aborto pós parto”.
No artigo, os filósofos manifestaram que “o status moral do recém-nascido é compatível ao do feto” e por este motivo aplicaram ao infanticídio as mesmas justificativas oferecidas para legalizar o aborto em vários países. O documento também aplica ao recém-nascido a qualificação de “pessoa em potencial” que as legislações abortistas aplicam aos não nascidos, sustentando que não tem as capacidades suficientes que “justificam a atribuição do direito a vida em um indíviduo”.
Diante do escândalo gerado por estas ideias e as fortes críticas recebidas pela revista, o seu editor, Julian Savulescu, escreveu um editorial defendendo sua decisão de publicar. Suas considerações revelam a hipocrisia generalizada em torno do aborto. “Os autores argumentam que não há diferença moral entre o feto e o recém-nascido. Suas capacidades são similares. Se o aborto é permitido, o infanticídio também deveria ser. Os autores procedem logicamente a partir de premissas de que muitas pessoas concordam e que também rejeitam”.
A “Cultura da Morte” denunciada pelo beato João Paulo II
O artigo “Aborto pós nascimento: por que deveria viver o bebê?” foi escrita de forma acadêmica e inequívoca e se aplica a lógica que o beato João Paulo II denominou acertadamente como “Cultura da Morte”. Se para alguns a dignidade humana e o direito à vida são resultados de uma “atribuição” para os quais não são oferecidos certos requisitos de saúde, origem social ou condição economica, então estas mesmas pessoas deveriam permitir matar a quem não se considerem “aptos”, nascidos ou não. É a mesma lógica que dá suporte à eutanásia, que é legalizada em vários países e que admite também o infanticídio na legislação holandesa.
Este panorama contrasta radicalmente com a defesa da dignidade humana liderada pela Igreja Católica. O Servo de Deus, Jerome Lejuene, notável cientista cuja causa de beatificação está em andamento, frente a mesma realidade de igualdade de um feto e um recém-nascido, não promovia sua eliminação eugênica, mas a sua proteção. Partilhamos algumas de suas palavras proferidas em uma conferência em 1993, como reflexão sobre nossa própria condição de seres humanos desde o primeiro momento de nossas vidas.
“Pessoas que não sabem nada de ciências, sobre as informações contidas no seu DNA, poderiam dizer: bem, para estar seguro se isso é uma pessoa, devo esperar até que cresça e diga: sou uma pessoa. Isso levaria cerca de sete anos, porque se requer o uso da razão para ser realmente capaz de dizer: sou uma pessoa.
Outros seriam um pouco mais inteligentes e reconheceriam que um recém-nascido se parece com eles, apenas menor. Agora, se você observar de modo inteligente, poderiam reconhece-lo aos dois meses de idade ainda no útero (….) Como geneticistas podemos estudar a constituição do ser humano.
E aqui podemos reconhecer, a matéria é incentivada pela informação, quanto mais perto estamos de decifrar a informação na primeira célula (após a fecundação), mais somos obrigados a reconhecer que um ser humano é um ser humano. Um ser humano nunca se tornaria um ser humano se não fosse concebido como um ser humano e nunca seria um de nós”. (LB)
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