Gaudium news > “Desde os tempos antigos, a Quaresma foi considerada como um período de renovação da própria vida”, afirma o arcebispo de Curitiba

“Desde os tempos antigos, a Quaresma foi considerada como um período de renovação da própria vida”, afirma o arcebispo de Curitiba

Curitiba (Quinta-Feira, 23/02/2012, Gaudium Press) Com o fim da agitação do período carnavalesco e o início da Quaresma, Dom Moacyr José Vitti, Arcebispo Metropolitano de Curitiba, no Paraná, em seu mais recente artigo fala sobre esse tempo de preparação para a Páscoa do Senhor. Ele recorda que desde os tempos antigos, a Quaresma foi considerada como um período de renovação da própria vida. As práticas a serem cumpridas eram, sobretudo, três: a oração, a luta contra o mal e o jejum.

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“Para ajudar o necessitado,
é preciso muitas vezes renunciar àquilo
que agrada e isto custa sacrifício”

O prelado explica que a oração é necessária para pedir a Deus as forças para converter-se e acreditar no Evangelho, a luta contra o mal para dominar as paixões e o egoísmo, e por fim, o jejum.

Segundo o Arcebispo, para seguir o Mestre, o Cristão deve ter a força de esquecer-se de si mesmo, de não pensar no próprio conforto, mas no bem do seu irmão. Assumir uma permanente atitude generosa e desinteressada é de fato difícil: “Este é o jejum”, destaca.

Mas aí o próprio Dom Moacyr lança um questionamento: pode o sofrimento ser uma coisa boa? Como pode agradar a Deus a nossa dor? E na sequência ele mesmo nos dá a resposta: “Não! Deus não quer que o homem sofra. Todavia, para ajudar o necessitado, é preciso muitas vezes renunciar àquilo que agrada e isto custa sacrifício”, disse. Não é o jejum, em si, que é bom.

Para comprovar isso, o arcebispo cita um trecho de um livro muito antigo, lido pelos primeiros cristãos, “Pastor de Hermas”, para fundamentar e explicar deste modo a ligação entre o jejum e a caridade: “Eis como deverás praticar o jejum: durante o dia de jejum, tu comerás somente pão e água; depois calcularás quanto terias gasto para o seu alimento naquele dia e tu oferecerás este dinheiro a uma viúva, a um órfão ou a um pobre; assim, te privarás de alguma coisa para que o teu sacrifício seja útil para alguém, para poder alimentá-lo. Ele rezará ao Senhor por ti. Se tu jejuares desse modo, o teu sacrifício será agradável a Deus”.

Já um famoso papa dos primeiros tempos da Igreja, chamado Leão Magno, dizia em uma homilia: “Nós vos prescrevemos o jejum, lembrando-vos não só a abstinência, mas também as obras de misericórdia. Deste modo, o que tiverdes economizado nos gastos normais, se transforme em alimento para os pobres”, lembra o prelado.

Por fim, Dom Moacyr afirma que todos os anos, no segundo domingo da Quaresma, a Liturgia da Palavra apresenta o tema da Transfiguração de Jesus. Para ele, a mensagem dessa narrativa não é imediatamente clara e fácil de entender, porque é transmitida com uma linguagem especial e através de simbolismos que pertencem a uma cultura e época distantes de nós. A narrativa começa dizendo que Jesus se retirou para um monte muito alto, num lugar solitário, com três dos seus discípulos e diante deles se transfigurou.

“A mensagem central da narrativa é a seguinte: para instaurar o Reino que Jesus, durante a transfiguração, deixa entrever aos seus discípulos, é necessário passar através do sacrifício da própria vida. Para todos nós é necessário acreditar firmemente em Cristo, para concordar com o caminho que Ele propõe. Em verdade, é somente através do caminho da cruz e do dom de si que se pode chegar à transfiguração”, conclui o Arcebispo.

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