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Bispos mexicanos escrevem Carta Pastoral sobre as próximas eleições

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Arcebispo Primaz do México, Cardeal Norberto Rivera Carrera

Cidade do México (Quarta-feira, 15-02-2012, Gaudium Press) Em preparação para as eleições presidenciais que serão realizadas em julho no México, o Arcebispo Primaz do México, Cardeal Norberto Rivera Carrera e seus Bispos Auxiliares, escreveram uma carta de Orientações pastorais sobre o voto responsável para os católicos e pessoas de boa vontade.

A carta, publicada pelo Sistema de Informação da Arquidiocese do México (SIAME), conforme publica na íntegra abaixo:

“Irmãos e Irmãs;

É o dever dos fiéis participar em tudo aquilo que faz possível a construção do bem comum da sociedade. Neste caso, referimo-nos à responsabilidade dos fiéis leigos a participar na formação da vida democrática do país através da emissão de seu voto nas eleições de Julho de 2012.

O voto dos fiéis deve assumir uma responsabilidade moral, ou seja, deve ser consistente com os ditames de sua consciência e de sua fé, que não podem estar separados de suas opções políticas, uma vez que a política pode contradizer a justiça e a verdade.

Portanto, é também o dever dos pastores do Povo de Deus guiar os fiéis sobre as abordagens políticas que, por suas implicações religiosas, morais e sociais, contradizem os ensinamentos da Igreja Católica (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, Nº 426), afim de que suas opções políticas sejam morais e justas. 

O voto consciente deve levar em consideração as propostas que promovam:

1. Os valores de um verdadeiro humanismo, que coloca a pessoa e a dignidade humana no centro do serviço da atividade política, acima dos interesses partidários ou particulares e suas ideologias. 

2. Educação, entendida não apenas como transmissão de conhecimento, mas como um integrante, desde a mais tenra idade, para promover os diversos valores da sociedade humana, como o respeito, fraternidade, responsabilidade, integridade, justiça, afim de assumir as suas responsabilidades cidadãs a seu devido tempo na construção da nação, da justiça, da segurança e da paz.

3. Promover e fortalecer a família, dado que o casamento celebrado entre um homem e uma mulher é a base da sociedade humana e cristã, promovendo a educação das novas gerações nos valores morais e cívicos para a sua integração no desenvolvimento social de nosso país.

4. A luta contra a injustiça social, dramaticamente presente nos abismos da desigualdade social e o sofrimento da pobreza em que vive mais de metade da população do país através da criação de empregos adequadamente remunerados, implementação de programas sociais livres do paternalismo e clientelismo político para promover uma cultura de trabalho, a solidariedade, a participação da comunidade e da poupança. 

5. A luta contra a cultura da corrupção, que deve começar com a ficha limpa dos candidatos, um compromisso tangível de seus partidos para combater e repudiar a desonestidade e propostas para desencorajar e punir essa prática com rigor, pois hoje é como um câncer para o nosso país e corrompe as gerações mais jovem que o vêem como algo natural ou um mal necessário. 

6. A promoção de iniciativas para o desenvolvimento econômico, que passa por uma série de reformas constitucionais, adiada várias vezes por interesses partidários freando o desenvolvimento das gerações futuras.

7. A luta contra o crime organizado, que é uma obrigação do Estado, respeitando sempre os direitos humanos e a salvaguarda da paz social, não apenas com o uso legítimo da força, mas através da educação para a paz e os valores morais e cívicos e refazer o tecido social que conduza à reconciliação nacional.

8. A integração de cuidados, proteção e a promoção social de pessoas vulneráveis como idosos, crianças indígenas e pessoas com deficiência, combatendo a sua discriminação, abuso e marginalização.

9. O cuidado e a preservação dos recursos ecológicos e naturais da nação, a sensibilização no seu tratamento, combatendo sua exploração e contaminação e educando as novas gerações na responsabilidade dos bens da terra que nos foram confiados por Deus.

Com relação aos valores que emanam do Evangelho, os católicos devem estar cientes dos compromissos dos candidatos e seus partidos em respeitar, em primeiro lugar, o direito à vida, desde o momento da concepção até seu fim natural.

Os católicos cristãos fiéis devem ter claro que não é possível fazer uma escolha política por aqueles que são adeptos ou promotores dos direitos e liberdades falsas que violam os ensinamentos contidos na Escritura, Tradição e doutrina da Igreja.

Da mesma forma, os fiéis têm o direito de exigir que os candidatos que pedem o seu voto, que deixem claro que são favoráveis a uma verdadeira liberdade religiosa, que a liberdade não é apenas para os ministros da religião, mas um direito humano fundamental, que beneficia, em primeiro lugar, para a pluralidade dos crentes a expressar livremente a sua fé e apenas em segundo lugar, às instituições a que pertencem. 

O Papa Paulo VI disse que a política é uma das mais altas formas de caridade, ou seja, de amor, porque a sua razão de ser está no serviço aos outros através de um compromisso efetivo para o bem de toda a comunidade, que está acima dos interesses pessoais. A política, que é um exercício de poder, se justifica a medida que se põe ao serviço do bem comum, da administração da justiça e da construção da paz.

É dever dos fiéis participar ativamente mediante o voto consciente e responsável, e monitorar o cumprimento das promessas e compromissos das autoridades eleitas, certificando-se que o poder é exercido através da confiança de voto para o benefício de todos os cidadãos, sem exceção.

Peçamos ao Espírito Santo a sua luz e sabedoria que, em nossa consciência cristã católica, saibamos discernir sobre o nosso voto responsável de escolher os governantes que o nosso país necessita”.

Cúria da Arquidiocese do México, 12 de fevereiro de 2012.

Com a nossa bênção.
+ NORBERTO CARD.RIVERA CARRERA
Arcebispo Primaz do México

Assinam também essas orientações pastorais os seguintes prelados: Dom Florencio Armando Cruz Colin, Dom Francisco Gil Clavel, Dom Carlos Briseno Arch, Dom Ojeda Crispin Marquez, Dom Adolfo Miguel Castaño Fonseca, Dom Jesús Antonio Lerma Nolasco, Dom Antonio Ortega Franco e Dom Andres Vargas Peña.

Com informações do SIAME – Arquidiocese do México

 

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