Gaudium news > Artigo: Cálices

Artigo: Cálices

 

Para cada licor seu cálice. Havia sucedido isto antes? Na há nos vestígios em civilizações anteriores, superadas pelo tempo e pela Redenção, testemunho algum de que elas, por mais refinadas que fossem, destilassem e fermentassem a variedade de licores como o fez a civilização ocidental, e muito menos que a cada um desses licores o gênio da cristandade tenhas as inspirado a fabricar seus tipos de cálices.

dsc09554_licor-de-vinho1.jpg

Trata-se de vinhos brancos e espumosos, de vinhos tintos, de aperitivos e digestivos ou de coquetéis fortes, que para beber cada um possui atualmente em todos os países civilizados um esbelto copo geralmente de vidro ou de cristal capaz de conter os licores sem deixar-lhes perder seu aroma nem o eflúvio espiritual que os condensa: o cálice. Este copo com pé, comprido ou curto, grosso ou estilizado, que lhe dá um toque indiscutível de elegância e às vezes nos indica se se deve segurar só com os dedos para manter frio o conteúdo ou entre eles e a palma da mão precisamente para fazê-lo mais tépido como o conhaque. Mas o cálice nos insinua também manter distância psíquica do álcool, cujo excesso de fato realmente é mais daninho para a alma do que para o próprio corpo.

De simples vidro ou de cristal, às vezes primorosamente talhado, o cálice, mais que utensílio do serviço da mesa, é uma forma de tratar respeitosamente um fino licor e melhorar-lhe seu poder revigorante. Desde aquele muito pequeno e discreto onde se apura um pousse-café, geralmente, com mais de 45% de álcool, até a mui burguês taça onde se serve a tradicional cerveja tipo Pilsen, passando por outros tão variados que fazem seu próprio universos ao mesmo tempo que evocam cada um seu ambiente, o estado de ânimo e a conversação junto a eles.

Até o brinde adquiriu um nível senhorial
Com os cálices de cristal, até o legendário brinde que se perde nos remotos tempos antigos – sem que saibamos bem a quem ocorreu o primeiro – adquiriu um alto nível senhorial, especialmente, quando os fazemos soar delicadamente. Ou o pendenciador costume dos mosqueteiros do rei da França, que faziam brindes e os quebravam contra o piso para simbolizar que, depois deste eloquente pacto de amizade e honra, ninguém merecia voltar a beber licor nelas.

view.jpeg

A civilização foi muito organicamente criando licores para cada ocasião e também os cálices para servi-los. Fique claro que não foi algo imposto como por exemplo as modas após a revolução francesa. Tratou-se de um processo ascendente que se foi refinando e ainda hoje em dia não foi concluído, porque este toque estimulante que nos dá o licor à alma, “inspira” e foi feito para socializar com alegria deixando sair o melhor de si mesmo ao calor – reza a lenda de um bom cálice, que bem tomado pode nos ajudar a explorar qualidades ocultas, quase infinitas da personalidade que até nós mesmos desconhecemos. Não obstante, é o cálice que dá o tom, pois abriga a quantidade exata sem transbordá-la e com grata elegância nos ministra o conteúdo para tomá-lo com pequenos e discretos goles, oferecendo-nos primeiro o aroma. Talvez sem o cálice como o conhecemos hoje em dia, não saberíamos tomar licor civilizadamente. Ele teve a gentileza de nos ensinar a fazê-lo para nos ajudar a expandir com regozijo o coração e a jovialidade humana sem chegar ao excesso.

Por Antonio Borda

 

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas