Bispo de Maracaibo, Dom Ubaldo Santana, fala sobre a situação da Venezuela
Caracas (Quinta-feira, 12-01-2012, Gaudium Press) No início da 97º Assembleia da Conferência Episcopal Venezuelana, no sábado passado, 7, Dom Ubaldo Santana, Arcebispo de Maracaibo e presidente da Assembleia, realizou várias considerações sobre a situação atual da Venezuela.
Disse o bispo que “causa grande agitação o crescimento incontrolável da espiral de violência” no país. “Estamos diante de uma espécie de guerra civil camuflada na qual bandos de delinquentes de rua, ladrões, assassinos, chefes de máfias, uniformizados com placas de impunidade, narcotraficantes, corruptos estagnados em organismos oficiais e privados, grupos irregulares, macro-contrabandistas dos produtos da cesta básica e da gasolina, controlam o país, agridem uma população indefesa e deixam semanalmente centenas de cadáveres em estradas, ruas, cárceres e necrotérios”, expressou.
Tentando encontrar solução para o problema, o prelado defende que é necessário “desarmar a população civil, lutar de frente contra o narcotráfico e limpar de corruptos as propriedades públicas”. Entretanto “isso não é suficiente”, dada a gravidade da situação.
“É indispensável por esta razão e por outras -continua Dom Santana- que nós venezuelanos, abandonemos atrincheiramentos e divisões e nos ponhamos a trabalhar juntos na elaboração de um projeto integral e consensualizado do país. Este projeto deve articular-se ao redor de eixos de força transformadora e aglutinante como são: a educação, a família, o esporte, o trabalho honesto e bem feito, a utilização dos meios de comunicação social e das plataformas tecnológicas para a transmissão de valores, princípios éticos e morais como a existência e o sentido do “outro”, a responsabilidade, a solidariedade, o bem comum, a subsidiariedade, o cuidado do meio ambiente, a amizade e a convivência”.
Dom Santana faz uma sombria descrição do que é a resposta e situação do Estado diante do difícil momento que atravessa a Venezuela:
“O conflito político e social tem aumentado. Tem se multiplicado os protestos em todo o país pela carência de bons serviços públicos, de produtos da cesta básica, o aumento escandaloso dos preços, a coleção descarada de comissões, o mal estado das estradas e por conseguinte dos transportes, a insegurança nas instituições educativas. Reivindicações que não tem recebido a resposta esperada e não poucas vezes tem sido reprimidas com brutalidade.
Os numerosos e seguidos processos eleitorais mantem a nossos governantes, os aspirantes a sê-lo e os líderes políticos em geral, em uma vertiginosa corrida até a realização do poder, longe frequentemente do cumprimento completo de suas obrigações e tirando-lhes o tempo para dedicar-se a resolver os problemas cotidianos que oprimem a sociedade.
Temos que aumentar a voz pacífica mais energeticamente para que os políticos ouçam mais ao povo, tomem em conta seus verdadeiros problemas e dediquem-se com seriedade a resolvê-los”.
O bispo expressou que espera uma decidida ação estatal para por fim a esses extravios.
Diante desta situação, o prelado afirma que os agentes pastorais querem “ser em meio de tantos conflitos e controvérsias agentes de paz, de reconciliação, de entendimento, de busca de consensos através da escuta mútua e do diálogo construtivo, de procura de um trabalho articulado para construir um país mais fraternal e solidário”.
A Assembleia será fechada hoje, 12, e já tem novo presidente, Dom Diego Padrón, Arcebispo de Cumaná.
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